terça-feira, setembro 27

OM em defesa dos genéricos?

«“Propomos que todos os genéricos, com o mesmo princípio activo e a mesma dose, sejam marcados pelo preço mais baixo e o seu preço diminuído em 10%”. E a baixa em 50% do preço dos medicamentos inovadores quando perdem a patente, “em consonância com a troika”. defende José Manuel Silva.

"João Cordeiro não percebe porque esta Ordem sugere que se pode baixar o preço dos genéricos. Já os farmacêuticos vêem agora os médicos como uma aliados na defesa dos mercado dos genéricos.
O presidente da Associação Nacional de Farmácias não percebe a proposta da Ordem dos Médicos de redução do preço dos genéricos, uma vez que esta instituição tem tanto com que se «preocupar na Saúde».
João Cordeiro não entende como a Ordem dos Médicos entra numa «área económica, quando no fundo isso não tem nada a ver» com a instituição liderada por José Manuel Silva e considera mesmo que «esse tipo de propostas são puro folclore».
«Os médicos devem preocupar-se com os seus problemas. Há um ditado popular que se aplica aqui muito bem: Cada macaco no seu galho. É isso que proponho à Ordem dos Médicos», concluiu.

Por seu lado, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos deu as «boas-vindas à Ordem dos Médicos na defesa do mercado de medicamento de genéricos» e lamentou ter estado «muito só durante muitos anos» na promoção deste mercado.
«Nunca vi a Ordem dos Médicos ao meu lado a defendê-la. Fico muito contente porque tenho também outra ordem importantíssima na defesa da promoção do mercado de genéricos», acrescentou Carlos Maurício Barbosa.
Este bastonário referiu ainda o o «aumento penoso» que se tem verificado neste mercado, que agora tem uma quota de cerca de 21 por cento, uma situação que pode mudar para melhor com esta nova atitude da Ordem dos Médicos.
«Isto é muito pouco. Portugal precisa de estar em 50 ou 60 por cento do mercado em medicamentos genéricos. Com esta predisposição da Ordem dos Médicos fico muito satisfeito e penso que podemos ir lá com maior facilidade», sublinhou."»
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Todos estamos admirados com este aparente volte face do bastonário da OM. Mesmo tendo em atenção que esta mudança surge numa altura em que as farmácias já podem mudar as receitas não bloqueadas pelos médicos.

E, se, por hipótese, admitirmos que esta mudança resulta de um acordo politico estabelecido entre a OM e o ministro da saúde, Paulo Macedo, relativamente à política de medicamentos genéricos, envolvendo, naturalmente, outras áreas e múltiplas contrapartidas. Estaríamos perante um cenário até há bem pouco insuspeito, susceptível de conduzir a profundos resultados politicos de que o SNS muito poderia beneficiar.

e-pá!

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6 Comments:

Blogger Azrael said...

Seria portanto o assumir da posição interesseira. O interesse da classe acima de tudo.

Vejo que finalmente se começam a chamar as coisas pelos nomes.

2:50 da tarde  
Blogger Clara said...

Não estou a ver...
Deixar a defesa do prescritor em prol da defesa do interesse nacional da eficiência do sistema de saúde é muita sofisticação para um bastonário que se preze.

9:57 da tarde  
Blogger Azrael said...

Precisamente Clara. A defesa do prescritor, como muito bem disse, quem tem sido praticada até agora.

Aplaudo esta atitude do bastonário, sem dúvida.

Lamento o timing e outras incoerências.

3:48 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Azrael:

Se, neste contexto, existe alguém obcecado por interesses corporativos é João Cordeiro. Este, quando afirma que quer "cada macaco no seu galho" (querendo impor uma reserva de intervenção e protagonismo) está a defender intransigentemente o status quo, ferramenta essencial para a conservação dos morgadios corporativos, ou de "classe", como lhe chama.

O circuito do medicamento (o que actualmente se designa por “mercado dos medicamentos”) diz respeito a todos os profissionais de saúde e, por maioria de razão, aos utentes do SNS que, por enquanto – pelo menos nominalmente – são o universo dos portugueses.

10:40 da tarde  
Blogger Azrael said...

Caro e-pá, já tinha saudades dos seus estratosféricos comentários.

Não comentei as declarações de joão cordeiro, mas tratando-se a ANF de uma associação patronal de farmácias, nem elas todas detidas por farmacêuticos, não me parece ser justo comparar as suas afirmações com as de um bastonário.

Não sei como pode estar a acusar o João Cordeiro de estar a defender o status quo quando foi ele, desde sempre, a face dos movimentos mais impulsionadores da comercialização de genéricos em portugal, tornados possíveis pela acção dos farmacêuticos nas farmácias.

Tem piada até dizer isso quando o "status quo" foi por tanto tempo defendido por outros ilustres como Pedro Nunes

Gostaria sim de o ouvir comentar a súbita reviravolta de opinião deste último ou compará-la com a posição já assumida desde há muitos anos pelos farmacêuticos (sejam cordeiros, bastonários ou os outros todos) relativamente aos medicamentos genéricos.

E já que falamos do "mercado dos medicamentos" que diz respeito a todos os utentes do SNS, podemos também falar do "mercado das consultas" e o "mercado dos transplantes" que também lhes diz respeito, e por analogia ao dos medicamentos, segundo o seu raciocínio, também a todos os profissionais de saúde.

1:34 da manhã  
Blogger Azrael said...

Onde se lê "este último" devia estar "actual bastonário da ordem dos médicos" peço desculpa pela gralha

11:43 da tarde  

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