sábado, outubro 8

"Big brother" de Paulo Macedo

mostra primeiros resultados
«Dois mil médicos prescrevem um terço de tudo o que se consome no SNS»


A monitorização mais apertada da prescrição de medicamentos e de meios complementares de diagnóstico (MCDT) já permitiu ao Ministério da Saúde chegar a algumas conclusões. «Cerca de dois mil médicos prescrevem um terço de tudo o que se consome no Serviço Nacional de Saúde (SNS)», adiantou, por exemplo, o ministro Paulo Macedo ao intervir, hoje, na 1.ª Conferência Anual da Saúde, uma iniciativa da rádio TSF.

O sistema que vigia a prescrição, uma forma de controlar também a despesa, tem vindo a ser reforçado pelo actual Governo. A tutela tem então em mãos alguns resultados iniciais relativos ao passado mês de Julho, fez saber Paulo Macedo.
«Dez mil médicos prescrevem 90% do que se consome no SNS», avançou igualmente o titular da pasta da Saúde. Para que se tenha uma ideia melhor das proporções, e conforme foi sublinhado pelo próprio ministro, está em causa um universo total de cerca de 37 mil clínicos.

De acordo com a mesma fonte, estão neste momento a ser estudados os meses de Agosto e Setembro - apanham na sua plenitude a obrigatoriedade da prescrição electrónica. A informação disponível permite, entretanto, fazer vários tipos de análises.
O ministro da Saúde destacou a possibilidade de associar o prescritor de uma determinada área a uma farmácia. Há casos em que esta correlação chega até aos 87%. Ou seja, só um médico é responsável pela referida percentagem de receitas aviadas num único balcão.
«Este caso será totalmente normal se for numa farmácia de província, onde haja apenas um ou dois prescritores. Será totalmente anormal se for em Lisboa», conjecturou Paulo Macedo.

Referindo-se às normas de orientação e actuação clínica, que estão a ser elaboradas pela Direcção-Geral da Saúde e que motivaram um protocolo de cooperação científica com a Ordem dos Médicos, o ministro revelou que 14 delas vão incidir sobre «uma percentagem muito apreciável dos medicamentos e MCDT consumidos» no SNS.
Sérgio Gouveia, TM de 04.10.11

Estas conjecturas do senhor ministro da saúde lançadas, assim, à socapa, parecem configurar meras especulações sobre a eventual existência de uma rede de corrupção instalada no circuito de distribuição de medicamentos comparticipados pelo Estado. Se o objectivo da divulgação deste tipo de informação é manter vivo uma espécie de magazine das situações aparentemente pouco claras, tudo bem. Parece-me, no entanto, que o importante será procurar informar os profissionais de saúde em primeiro lugar, os utentes e o público em geral de molde a tornar este circuito de distribuição tão transparente quanto possível. E actuar, como é evidente, nos casos confirmadamente suspeitos.

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1 Comments:

Blogger e-pá! said...

Começam a surgir as análises aos resultados (preliminares) das "prescrições electrónicas".
Habitualmente, as pessoas avisadas - como tem sido apresentado o actual MS - sabem que o "não-aprofundamento" das primeiras impressões, conduzem (preliminarmente) a "erros". Na Saúde, ainda mais fácil suceder esse tipo de desvios. Quando se lida com seres humanos é importante recenhecê-los como um repositório de inúmeras variáveis.

Posto isto, seria razoável que o Sr. Ministro explicasse qual o interesse em vazar apressadamente na praça pública toda esta informação "não-tratada"?
No mês de Julho (base temporal do estudo efectuado) qual a percentagem de médicos que já ultilizavam a prescrição electrónica?

A corrupção - ninguém defende a sua ocultação - onde e como existir virá ao de cima.
Importa que apareça despida de interesses e preconceitos políticos, credível e isenta de hipocrisias. Isto é, apareça como um acto de justiça, reprovável e punível.
Caso contrário, teremos a re-edição da fábula do cordeiro e do lobo.

1:46 da tarde  

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