terça-feira, outubro 4

JMS, pensa que é assim

que se defende a qualidade da Medicina no nosso país!...

«Utentes dizem que Ordem deve "aligeirar" burocracia para que médicos da Costa Rica exerçam.
A comissão de utentes de saúde do Médio Tejo considera que a Ordem dos Médicos devia "aligeirar os procedimentos burocráticos" para permitir que os nove médicos costa-riquenhos que estão em Portugal desde Maio possam começar a exercer.

Contactado pela Lusa, Manuel José Soares, porta-voz daquela comissão, reconheceu que falta o documento de reciprocidade exigido pela Ordem dos Médicos (OM) para a atribuição da cédula profissional, mas defendeu ser "urgente a OM aligeirar, por exemplo por um prazo de dois meses, os procedimentos burocráticos" relativos aos médicos da Costa Rica.

Por seu lado, o bastonário da OM, José Manuel Silva, considera que a responsabilidade pelo facto de nove médicos costa-riquenhos estarem desde Maio sem exercer é "dos dois governos" - da Costa Rica e de Portugal -, garantindo "não poder fazer nada".

Para Manuel José Soares, outra solução passaria por "alguém mandatado pelo Governo [português] se deslocar à Costa Rica ou contactar o governo da Costa Rica para resolver a situação" ao mais alto nível, uma vez que não tem sido possível resolvê-la pela via normal.
"Os médicos [costa-riquenhos] já fizeram a prova de português e a prova técnica e estão aprovados. Já fizeram a integração nos próprios serviços. Falta a cédula profissional, que deveria ser passada pela OM, mas, sem esse documento de reciprocidade, a Ordem não passa a cédula", explicou Manuel José Soares.
O porta-voz da comissão de utentes de saúde do Médio Tejo adiantou ainda que estes nove médicos da Costa Rica - cinco adstritos ao Agrupamento de Centros de Saúde de Serra d'Aire e quatro ao da Lezíria - estão a receber vencimento, mas passam os dias "sentados ao lado dos médicos que estão a exercer".

Embora estudem "as situações [clínicas] e façam levantamentos estatísticos", não consultam os doentes até porque estão impedidos legalmente de o fazer, acrescentou.
Tendo em conta "os problemas que existem nas urgências dos hospitais", afirmou o responsável, "é urgente que os médicos do Médio Tejo e da Lezíria comecem a exercer, uma vez que "não é possível dar resposta" à procura crescente dos cuidados primários.»
JN 04/10/11

Somos assim! Na velha tradição burocrática, agarramo-nos à falta de um papelinho para que as coisas não funcionem.
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Que se saiba não há médicos portugueses interessados em ir exercer para a Costa Rica e, caso houvesse, provavelmente chamavam-lhes “um bife”. Por cá temos clínicos com toda a documentação legal para o exercício da medicina mas falta-lhes um papelinho. Recebem salário mas não podem exercer por causa do papelinho e, os doentes, seguramente sem dinheiro para recorrer aos privados, ficam privados de ter médico de família por causo do papelinho.

O Bastonário da minha Ordem propõe, e bem, que se acabe com o papelinho azul para justificar doenças como gripes e enxaquecas,
link não abdica porém do último dos papelinhos necessários para que oito colegas da Costa Rica possam ter autonomia para o exercício da Medicina.

O imbróglio prossegue: Governo acusa a OM:
link link

Tavisto

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3 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

"Há administrações de hospitais que estão a dar informações clínicas, contrariando o parecer da CNPD e sem consultar os médicos, o que não podem fazer", disse à agência Lusa Isabel Cruz, falando à margem do debate "Saúde: estarão os dados seguros?", que hoje decorreu em Lisboa.

A responsável salientou que, mesmo em tribunal, no decorrer de um processo-crime, um médico pode negar o acesso a dados clínicos do seu paciente.

Isabel Cruz referiu que várias entidades, como companhias de seguros, pretendem aceder a dados clínicos dos pacientes, uma situação que não tem o acordo da CNPD. "O acesso a dados de terceiros é proibido", frisou.

Trata-se da relação de confiança entre o paciente e o médico e do dever de confidencialidade do profissional de saúde, o que deve ser conjugado com a necessidade de troca de informações entre médicos.

"A quebra de confiança [do doente no médico] pode mesmo levar a um problema de saúde pública", defendeu a secretária-geral da CNPD, apontando o exemplo das doenças contagiosas, em que o paciente pede ajuda ao profissional e é tratado numa base de confidencialidade... link

JP 04.10.11

Com estas situações é que o senhor bastonário se devia preocupar e não com histórias da carochinha como a desta meia dúzia de médicos sul americanos.

2:13 da tarde  
Blogger e-pá! said...

A situação dos médicos costa-riquenhos foi em primeira mão denunciada pelo Bastonário.
Não podem ser atribuidas responsabilidades à OM sobre uma questão que ultrapassa de facto as suas competências. A questão do mútuo reconhecimento de habilitações académicas e profissionais bemo como o desbloquear das "peias burocráticas" inerentes é, como se infere, um assunto dos Negócios Estrangeiros (neste momento muito ocupados na "diplomacia económica").
O "aligeirar da burocracia" não deve ser encarado como uma "birra", nem feito de forma leviana.´
Se acaso se verificarem "disconformidades" entre o tipo de formação e as funções clínicas para que foram recrutados sobre quem recai o ónus?

Finalmente, eu não estaria tão seguro acerca da remota possibilidade de migração de médicos portugueses para África, América Latina e Europa a exemplo do que se está a passar com dentistas e enfermeiros. Para lá vamos (para o mercado de trabalho global), não é?

7:35 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

A desordem dos Médicos

Depois de ser responsável por uma política absurdamente restritiva, que levou a que milhares de jovens portugueses não seguissem a profissão dos seus sonhos; depois de durante mais de três décadas ter prosseguido essa política para defender os interesses dos que já estavam na profissão; depois de ter conseguido que governos atrás de governos se vergassem a essa orientação contrária aos interesses do país e de milhares de jovens; depois de, por causa disso, ter criado uma geração de jovens médicos de elevadíssima qualidade profissional mas, em muitos casos, com falhas na relação humana com o doente; depois de ter obrigado centenas de jovens a emigrar para a Roménia ou outros países para fazer o curso de medicina; depois de ser evidente os resultados desta política catastrófica, com o país a ter de importar médicos de várias proveniências; eis que a Ordem dos Médicos persiste na sua orientação de dificultar ao máximo a vinda de profissionais para o país, que colmatem a situação de 1,7 milhões de utentes que não dispõem de médicos de família.
Não estamos a falar de cirurgiões ou especialistas, mas sim de médicos de clínica geral. Pois mesmo assim a Ordem dos Médicos consegue inventar entraves burocráticos e fazer com que nove clínicos da Costa Rica estejam há quatro meses em Torres Vedras, a receber salário, pago pelos contribuintes, mas sem poderem exercer a profissão. O argumento é extraordinário: sem o acordo de reciprocidade, ou seja, que médicos portugueses também podem trabalhar na Costa Rica, a Ordem não aceita que aqueles nove clínicos exerçam a profissão em Portugal. Notem bem: não é por falta de habilitações, já devidamente comprovadas, nem por nada que impeça o exercício da medicina; mas sim porque ainda não há acordo de reciprocidade. Pergunta-se: quantos médicos portugueses manifestaram a intenção irresistível de ir trabalhar para a Costa Rica? A Ordem pode quantificar esta magna questão? Não, não pode. É só por uma questão de princípio. E não podem os médicos costa-riquenhos começar a trabalhar e, entretanto, os dois Governos resolverem dentro de algum tempo o assunto? Como é óbvio, a resposta é positiva para todos os portugueses — menos para a Ordem dos Médicos. De um ponto de vista burocrático, as justificações são excelentes; do ponto de vista dos interesses do país e dos utentes são absurdas. Mais vez, a Ordem dos Médicos mostra exuberantemente que defende os seus interesses mas não os do país nem os dos cidadãos. E mais uma vez o Estado se mostra impotente face à Ordem dos Médicos — como, infelizmente, perante outras corporações. Estamos fartos disto.

Nicolau Santos, expresso 08.10.11

12:30 da tarde  

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