domingo, outubro 2

O SNS está minado...

"Colapso” nos hospitais com exames de diagnóstico

«A Federação Nacional dos Prestadores de Cuidados de Saúde (FNS)
link denunciou ontem a situação de colapso nos hospitais públicos com o aumento das listas de espera para a realização de exames complementares de diagnóstico. Em causa está, segundo a federação, a entrada em vigor, há cerca de um mês, do Despacho n.º 10430/2011 que proíbe os serviços de saúde públicos de requisitarem exames aos privados. link

“Quando o despacho entrou em vigor, o Hospital de Santa Maria tinha uma lista de espera de cerca de três meses, na semana passada existiam mais de 3000 exames em lista de espera por marcar, destes mais de 2000 eram TAC, dos quais 60 por cento oncológicos”, voltou ontem a afirmar o presidente da FNS em conferência de imprensa. Ainda naquele hospital, “mais de 1000 ecografias estão em lista de espera e um mês de consultas externas gerou oito meses de espera para ecografia cardíaca”, continuou Armando Santos. O presidente do conselho de administração do hospital, Correia da Cunha, já desmentiu estes dados.»
Público 01.10.11

O lobbying dos privados junto da comunicação social é impressionante. Para levar a água ao seu moinho, o presidente da FNS vai a ponto de pretender saber mais do que se passa no HSM que Correia da Cunha, médico, Presidente do Conselho de Administração e personalidade pouco dada a vergar a cerviz.

Seria interessante saber-se como obteve Armando Santos os dados aqui expostos. Atira números para o ar ou há fuga de informação interna. Se assim é quem o faz e com que objectivos?

Tavisto

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1 Comments:

Blogger e-pá! said...

FNS: Factos, documentos & projecções…

Continuamos, em Portugal, com o mesmo problema de sempre: os números!
Então o SNS é, quanto a números, estatísticas e projecções, um "bombo de festa".

Desde 2002 que as famigeradas listas de espera foram consideradas pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde “um dos principais obstáculos ao bom funcionamento dos actuais sistemas de saúde” (2003) link.

Portanto, o problema “das listas de espera” sejam elas cirúrgicas ou de MCDT’s não é novo. A questão é sempre a mesma: os sucessivos governos (não vale a pena escalpelizar) têm abordado estes assuntos “atirando dinheiro para cima dos problemas”. Quer seja através de programas de recuperação das demoras, quer por contratualizações externas. Entretanto, como se vivia no tempo das "vacas gordas", tratavam-se (desde modo) as insuficiências dos sistemas descurando, como é hoje mais do que óbvio, o investimento e a inovação.
O dinheiro, mesmo no tempo da abundância (ou do endividamento fácil) não chega para tudo, nem dispensa a elaboração de estratégias de futuro. Foi o que o Estado – ao longo destes anos - se escusou (recusou) a fazer.

As “listas de espera”, i. e., o afunilamento das vias de acessibilidade aos sistemas, bem como a optimização da capacidade de resposta em tempo útil ( e o tempo útil, p. exº, na área oncológica pode ser determinante) questionam directamente a qualidade dos serviços.
Um tabu deste governo – precocemente detectado pelos prestadores privados - que estando afogado com cortes orçamentais e angariação de receita , sempre que tem oportunidade afirma (antes que seja questionado) que a qualidade da resposta do SNS está assegurada.
Ao que parece – a fazer fé nas declarações do presidente do CA do Hospital de Sta. Maria - a capacidade de resposta instalada (neste e noutros HH’s) estará longe do seu cabal aproveitamento. E, para já, as insinuações (serão isso na realidade) vindas do sector privado de prestadores de cuidados de saúde são prematuras e deslocadas. Não há recuo suficiente para “apressadas” conclusões e, sendo assim, estas serão – provavelmente - uma projecção (virtual).
E como projecção farão algum sentido. É que apesar de uma poderosa capacidade instalada (desconheço se está cabalmente avaliada e operacionalizada) a capacidade de resposta depende (também) da gestão dos recursos humanos capaz de agilizar as suas prestações. Isto é, dependem da competitividade dos sistemas. E aí as soluções mais recentes apontam no sentido de que, com os cortes na admissão de pessoal e nas horas extraordinárias, o problema que o sector privado antevê, relativamente a um aumento da demora na resposta, agudizar-se-á.

Ninguém refuta que os serviços públicos devem rentabilizar ao máximo a capacidade técnica instalada. Mas não será também difícil concluir que dificilmente esse aproveitamento será capaz de dar uma resposta de dimensão universal.
O que deve (e pode), desde já, ser feito, é tornar transparentes as contratualizações e enfatizar o carácter complementar das mesmas. Não cair em convenções que criam a ilusória imagem de direitos adquiridos e da indispensabilidade.

A resposta correcta é – como todos sabemos - assegurar o investimento no sector público (em capacidade técnica e recursos humanos). Na realidade, com a filosofia dos actuais governantes (dispenso-me por fastio de a qualificar) estamos nos antípodas dessa opção. Não só por causa da “troika”, mas também…
Pelo que o sector privado de prestadores de cuidados de saúde só poderá estar a ter razão antes do tempo. Mas como sabemos em política (também em politicas de saúde) essa circunstância é fatal.

As actuais posições da FNS mostram muita impaciência e desastradas imprevidências. Para evitar falar em insaciáveis apetites...

5:50 da tarde  

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