quinta-feira, novembro 3

Ministro chama Sindicatos

O Senhor Ministro chamou os Sindicatos Médicos à sua presença.
E fê-lo com a urgência da crise e a ânsia dos grandes momentos: via telefone, 3 dias antes e sem agenda conhecida.
Interessante, raro até, o facto de a reunião ter decorrido com o pleno do executivo da Saúde: Ministro, Paulo Macedo e Secretários de Estado, Fernando Leal da Costa e Manuel Teixeira.

De concreto:
1 – reunião cordialíssima, muito pragmática e muito directa – confrontar ideias, mesmo que com a animosidade de quem esgrime convicções e fazê-lo olhos nos olhos sem que se detecte jogo rasteiro é um privilégio com que os políticos raramente nos mimam.
2 – discutidos os cortes orçamentais e as suas possíveis implicações nos cuidados assistenciais – assumido que o corte global de 10% é muita vezes entendido de forma literal quando, em muitos casos, a despesa terá que aumentar e, em muitos outros, diminuir seriamente.
3 – debatido o rasgar da contratação colectiva – a alteração unilateral da remuneração e do cálculo da hora extra foi assumido como uma medida transversal, supra Ministério da Saúde. Contraposto a possibilidade de danos colaterais que inviabilizem muitas Urgências.
4 – Aceite que a previsto para descansos compensatórios na Proposta OE 2012 não se adequa à especificidade do trabalho médico, causando risco de aumento de potenciais danos aos doentes.
5 – Não há qualquer intenção de mexer em suplementos da dedicação exclusiva nem da dedicação permanente.
6 – A Proposta de OE 2012 aponta erradamente para redução salarial imposta aos médicos em cit nos EPE. Não é essa a intenção do Governo e dificilmente o poderia ser no âmbito do Código do Trabalho. Foi definido supremo interesse em iniciar negociação de grelha salarial para 40 h, inexistente até ao momento. SE Manuel Teixeira mandatado para o efeito.
7 – Foi assumido que vai terminar, no imediato próximo, o veto de gaveta para publicação dos textos de ACT aprovados, negociados e assinados ainda com o anterior Governo – possibilidade de o BTE e o DR verem a cor dos textos nos próximos 15 dias.
SIM, 02-11-2011

No dia seguinte à posição de força (27.10.11) da Ordem dos Médicos e dos Sindicatos Médicos SIM e FNAM
link sobre a política de saúde deste governo, o Ministro da Saúde, Paulo Macedo reuniu com os Sindicatos, convocados três dias antes por telefone.
Diz o povo sábio:
- homem prevenido vale por dois;
- O que não tem solução, solucionado está;
- Quem quer vai, quem não quer manda;
- Quem tem cu tem medo.

claragomes

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3 Comments:

Blogger e-pá! said...

E não se falou da "mobilidade especial" para médicos e enfermeiros que ontem (na TV) foi elegantemente defendida pelo SE F Leal Costa?

11:52 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Sindicatos ganharam peanuts: «Ministério da Saúde assegura que ajustamentos nos salários só se aplicam a médicos contratados a partir de Janeiro.» linkeste ministro anda a tentar adormecer-nos até Janeiro.
- Novas Taxas moderadoras (copagamentos;
- Encerramento de hospitais e urgências;

Paulo Macedo tem razão. Até Janeiro é muito tempo nos tempos que correm. E nunca se sabe o que acontecerá até lá!

12:15 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

«Ninguém é líder antes de o ser. Um líder só se mostra quando a dificuldade é suficientemente grande para deixar ver a diferença que faz o valor. O PS está agora numa posição suficientemente difícil para precisar de um líder. Os cidadãos em geral não saberemos hoje se o PS tem líder ou não, mas os membros da cúpula desse partido saberão: bastará ver o que Seguro tem para propor. Hoje, para Seguro, não bastarão as palavrinhas mansas com que costuma passar por entre as gotas da chuva.
A meu ver, que estou na cómoda posição de não me caber propor nem decidir, o PS tem um caminho estreito. Por um lado, o PS não pode agora ter o comportamento irresponsável que teve o PSD quando na oposição: fazer que sim e que não com a cabeça em dias alternativos, para queimar o governo sem perceber que ao mesmo tempo queimava o país. É que o Memorando de Entendimento, por muito mau que seja, não pode ser para os nossos credores o meio de prova de que somos incapazes de honrar a palavra dada. Nem, por outro lado, pode o PS partilhar a responsabilidade pelo feroz ataque ideológico que este PSD, nisso mais radical que o CDS, quer fazer a suportes básicos da nossa vida em comum, aproveitando a desculpa do Memorando para impor uma agenda que, de outro modo, seria simplesmente vista como pornográfica.
O ponto é que esta equação não se pode resolver apenas pelas etiquetas "abstenção" ou "contra", como sentido de voto do PS no Orçamento. Parece-me essencial que o PS faça compreender que a sua posição vai realmente depender do conteúdo do Orçamento e da capacidade da maioria para descartar os seus planos mais tenebrosos. O PS tem de definir muito bem quem e o quê quer defender nesta batalha e, em consequência, colocar na mesa propostas alternativas, compreensíveis pelas pessoas comuns como capazes de atingir os mesmos (ou melhores) objectivos por outros meios. Deve, concomitantemente, fixar os critérios que definirão o sentido de voto dos socialistas e ganhar a batalha da credibilidade das suas propostas. A porta é estreita, mas a única possível para os socialistas. Se Seguro já tiver desistido do insane projecto de fazer de conta que nunca conheceu José Sócrates, esta porta estreita permitirá ao PS avançar sem renegar o passado, mas também sem ficar cativo da herança.
Estamos quase a saber se Seguro é um líder. Só o será se mostrar, neste momento difícil, que não confunde política com politiquice - e que não tenta arredondar os cantos com mansidão que ninguém percebe o que quer dizer.»

Machina spculatrix

12:19 da manhã  

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