A autoridade decrescente
...
«No melhor pano cai a nódoa, diz o povo com a habitual razão. Chegou a hora de Paulo Moita Macedo sujar o fato, agora manchado (talvez indelevelmente) pela força do corporativismo. Na linha do aperto financeiro a que estamos condenados, o Governo decidira, no âmbito do Orçamento do Estado, reduzir o valor das horas extraordinárias pagas a médicos e enfermeiros, tal como, de resto, aos restantes funcionários públicos. Pois bem: o Ministério da Saúde acaba de deixar cair o propósito, criando um regime especial para as horas extra no sector. Assim por alto, médicos e enfermeiros vão continuar a ganhar até mais 150% do valor normalmente pago por cada hora de trabalho. Para a restante Função Pública mantêm-se os cortes para metade. link
É provável que médicos e enfermeiros continuem a ganhar o que ganhavam. Não é isso que está em causa. O que está em causa é que esta cedência a uma classe em detrimento das outras revela a fraqueza do ministro da Saúde perante o atávico corporativismo do sector. É claro: estando os hospitais obrigados a cortar nas despesas, vão ter de abrir buracos noutras rubricas para compensar os gastos com as horas extra.
Esta é, portanto, a pequena história de um ministro que ganhou autoridade fora da política e que acaba de a malbaratar dentro da política. Acontece a muito boa gente cheia de boas intenções... »
Paulo Ferreira, JN 02.02.12
«No melhor pano cai a nódoa, diz o povo com a habitual razão. Chegou a hora de Paulo Moita Macedo sujar o fato, agora manchado (talvez indelevelmente) pela força do corporativismo. Na linha do aperto financeiro a que estamos condenados, o Governo decidira, no âmbito do Orçamento do Estado, reduzir o valor das horas extraordinárias pagas a médicos e enfermeiros, tal como, de resto, aos restantes funcionários públicos. Pois bem: o Ministério da Saúde acaba de deixar cair o propósito, criando um regime especial para as horas extra no sector. Assim por alto, médicos e enfermeiros vão continuar a ganhar até mais 150% do valor normalmente pago por cada hora de trabalho. Para a restante Função Pública mantêm-se os cortes para metade. link
É provável que médicos e enfermeiros continuem a ganhar o que ganhavam. Não é isso que está em causa. O que está em causa é que esta cedência a uma classe em detrimento das outras revela a fraqueza do ministro da Saúde perante o atávico corporativismo do sector. É claro: estando os hospitais obrigados a cortar nas despesas, vão ter de abrir buracos noutras rubricas para compensar os gastos com as horas extra.
Esta é, portanto, a pequena história de um ministro que ganhou autoridade fora da política e que acaba de a malbaratar dentro da política. Acontece a muito boa gente cheia de boas intenções... »
Paulo Ferreira, JN 02.02.12
Etiquetas: Paulo Macedo
6 Comments:
Esta análise deve ter sido feita depois da vaga de frio ter ultra-congelado uma série de neurónio.
Caríssimo, não sabe que os médicos são os únicos FP obrigados a fazer OExt?, e nesse sentido têm uma lei especial que os protege de imbecilidades, não conhece a penosidade de trabalhar numa urgencia, aos sab, domingos, natais, qd joga o grande FCP...
Este blog está a baseado no mal-dizer fácil e gratuito. É pena.
Talibã das Beiras: Sempre ao mais alto nível.
Entradas de leão, saídas de sendeiro...
Entradas de leão, saídas de sendeiro...
Síndroma Correia de Campos
Este ministro ainda acaba a disputar o lugar do Alvaro.
Como na Saúde não há pasteis de nata para exportar ainda o vamos ver a fazer mais piruetas a ver se mantém o lugar.
Entre a guerra das taxas moderadoras (utentes) e das horas extraordinárias (médicos, enfermeiros) Paulo Macedo decidiu preservar-se da ira das corporações.
Nesta história os doentes fazem de mexilhão como habitualmente.
Face à intransigência inicial em abrir excepções na questão das horas extra, por que terá agora recuado o governo? Será por receio de que a luta surda, traduzida em milhares de requerimentos de médicos hospitalares de recusa à prestação de mais horas, para além das obrigatórias por lei, desembocasse em formas de luta politicamente mais corrosivas? Ou porque nada mais tendo para oferecer em termos de actualização remuneratória e de organização de trabalho, considere o actual status um mal menor?
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