O enviesamento dos debates …
Ontem, no programa da RTP1 Prós e Contras link os
telespectadores tiveram a oportunidade de assistir, no âmbito da discussão sobre
uma pretendida reforma do Estado, a uma prestação sobre o SNS verdadeiramente
aviltante e recheada de aleivosias.
Não é possível, nem sequer sensato, ‘reduzir’ o SNS ao
serviço de Cirurgia Cardio Torácica dos CHUC. Entrar nessa via é o ignorar que
o Rossio não cabe na Betesga.
E já agora para além da prosápia sobre eficiência de
produção dessa Unidade Funcional, quando é que falamos nos custos operacionais
desse (ímpar) CRI [*] e, mais concretamente, que tipo de contratos foram (no
tempo das vacas gordas) estabelecidos com a gestão hospitalar e ao que parece
(a avaliar pelo custo unitário da intervenção cirúrgica revelado no programa)
incólume aos cortes que têm atingido não só a vertente hospitalar, mas todo o
SNS.
É que comparar entidades completamente distintas não é uma
atitude sã. Fiquemos pela sanidade já que estamos a restringir-nos ao âmbito da
saúde.
Na verdade, quando se afirma aos 4 ventos que temos ‘vivido
acima das nossas possibilidades’ é preciso olhar ao espelho. Não vá o diabo
tecê-las.
Finalmente, foi possível entender qual foi o verdadeiro
alcance do parecer do CNECV sobre 'racionamentos' terapêuticos no SNS. Entre os
múltiplos fins que, a pouco e pouco, se vão libertando, a surpresa foi a
sensação de ‘conforto’ do Prof. Manuel Antunes (como o próprio revelou ontem)…
Adenda: Começa a ser um difícil exercício imaginativo tentar
destrinçar os convidados que são Prós dos Contra. Mas isso é uma área do ‘Dr.’
Relvas e portanto é estultícia tentar compreender esses obscuros meandros.
[*] - Sempre defendi os CRI como modelo estratégico de
descentralização da gestão hospitalar e um bom exemplo de estrutura intermédia
de governação clínica a desenvolver. Só não compreendo como se pretende
comparar uma solução única e excepcional (é esse o real ‘estatuto’ do SCC-T dos
CHUC) com a generalidade da organização hospitalar, onde a centralização tudo
absorve e esmaga…
e-pá!
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