Packages Alert...
A entrevista link para além dar uma visão da total degradação
dos serviços públicos de saúde na Grécia, coloca quando o entrevistado
questiona "…penso que precisamos de trabalhar num pacote de serviços
mínimos para garantir que os mais pobres têm acesso ao essencial…" uma
recomendação que foi pasmada no relatório 'Rethinking the State' encomendado
pelo Governo português ao FMI.
No referido relatório link
(pág. 74) recomenda-se:
“…Options
for further reform could include, for example, defining more clearly the scope
and priorities of publicly funded health benefit packages (i.e., setting clear
supply constraints that take into account fiscal affordability); and broadening
the role of the private sector, including in health care provision and
insurance (including for meeting demands that go beyond the health care
benefits provided by the public sector)…”.
Ora, estes ‘pacotes básicos de cuidados’ (travestidos ou não
de preocupações com ‘justiça’ fiscal) têm estado fora das discussões públicas
sobre o futuro ou a pretendida reforma do SNS. Aliás existe uma ‘algaraviada’ à
volta do seu financiamento que vão das taxas ‘moderadoras’, aos co-pagamentos,
políticas de ‘cut-off’ orçamentais e pretensões em realizar progressivas e
sistemáticas transferências para o sector privado (PSD) e, na versão light
(CDS), para o sector social.
A entrevista em destaque vem mostrar a premência de
centralizar a discussão nos reais problemas de sustentabilidade fugindo da
obsessiva tendência deste Governo para o ‘empobrecimento’ (das pessoas e do
Estado), que poderá passar pela criação de criativos (evolutivos, progressivos,
etc.) ‘pacotes básicos de cuidados’, assim do tipo do ‘bodo aos pobres’, que –
como é apanágio do actual Executivo - deverá ser apresentado aos portugueses
como ‘sem alternativas’!.
Convinha, portanto, começar a trabalhar (re-orientar a
discussão)para alternativas reais e para preservar um SNS inclusivo, i. e.,
prestador equitativo de cuidados ao universo social (deixando de fora todo o
tipo de empacotamentos ou de 'empalamentos').
e-pá!
Etiquetas: bater no fundo, E-Pá
1 Comments:
À medida que a situação económica se degrada e um número crescente de cidadãos deixa de aceder a cuidados de saúde, por taxas moderadoras dissuasoras e pela menor proximidade das unidades prestadoras, emerge, sob uma capa humanitária, a solução vexatória e anti-democrática da “sopa dos pobres” em Saúde. É pois preocupante a ideia aqui transmitida por Yfantopoulos de que a criação de pacotes mínimos de cuidados possa constituir alternativa para os excluídos pela crise económica na Grécia.
Embora este tipo de medidas não esteja abertamente em discussão entre nós, a verdade é que começam a ser consideradas por alguns e, não nos iludamos, estão na agenda política do governo. Quando se reclama um maior envolvimento do designado sector privado sem fins lucrativos na Saúde e se confunde, propositadamente, racionamento com racionalização de cuidados, está-se a abrir portas a soluções daquele tipo.
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