Maternidade Alfredo da Costa
«Centro Hospitalar abre inquérito e critica “más práticas” da
equipa de obstetrícia. Médicos devolvem acusações
A poucos dias de se conhecer a decisão do Tribunal
Administrativo de Lisboa sobre a providência cautelar interposta contra o fecho
da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), reacendeu-se o desentendimento entre os
médicos e a administração do Centro Hospitalar Lisboa Central, a que pertence a
instituição.
Na semana passada, a administração abriu um inquérito à
equipa de obstetrícia da MAC para apurar porque decidiu “internar parturientes
acima da capacidade instalada, optando por recorrer a instalações já
desativadas, afetando as suas condições de conforto e privacidade”, o que diz
ser uma “má prática”.
Como o Expresso noticiou, um pico no número de partos levou
os médicos da maternidade a internar mães em salas que já tinham sido
encerradas e de onde tinham sido retiradas as cortinas de separação entre
camas, obrigando os profissionais de saúde a examinar as parturientes sem
privacidade.
Para a administração do Centro Hospitalar, “a decisão mais
correta teria passado por outras opções existentes na MAC ou pela transferência
destas utentes para outras unidades, que garantissem a privacidade das mulheres
durante a observação”.
A diretora do serviço de obstetrícia, Ana Campos, garante,
no entanto, que não havia outra solução. “Não íamos retirar mães e bebés do
serviço de obstetrícia para o serviço de ginecologia, onde estão mulheres doentes,
nem enviar senhoras em trabalho de parto para outro hospital, correndo o risco
de terem o bebé na ambulância”, responde.
A responsável desmente que o fecho de três das cinco salas
existentes no piso 2 da maternidade tenha contado com o seu acordo, como
referiu a administração na semana passada. “Não houve consenso. O número que eu
propunha era inferior, exatamente porque previa que as camas iam ser
necessárias em picos de procura”, diz.
Ana Campos, que afirma não ter tido conhecimento oficial de
qualquer inquérito, assegura que, em dezembro, quando foi decidido o
encerramento das salas, os médicos da maternidade pediram orientações à
administração sobre como proceder em caso de um pico de procura, não tendo
recebido resposta. “Não foi estabelecido qualquer protocolo com outro hospital
para transferir parturientes. Sem indicações, não vamos, a meio dos partos,
andar a ligar para outros hospitais a saber se têm vaga para receber as
mulheres.” O Expresso contactou a administração do Centro Hospitalar Lisboa
Central (CHLC), mas não obteve resposta até ao fecho da edição. O
desentendimento entre as duas partes não é de agora. O CHLC apoia a decisão do
Governo de fechar a maternidade e transferir os partos para a Estefânia até à
construção do futuro Hospital Oriental de Lisboa, ainda sem data prevista. Os
médicos opõem-se.
A decisão sobre o encerramento está iminente, garante
Ricardo Sá Fernandes, advogado que interpôs em janeiro uma providência cautelar
contra o fecho, juntamente com um grupo de 30 cidadãos, entre os quais o
ex-ministro da Saúde Correia de Campos ou o bastonário da Ordem dos Médicos
José Manuel Silva.»
expresso 22.06.13
Etiquetas: s.n.s
1 Comments:
A história recente da MAC transformou-se numa 'novela' Kafkiana...
Daqui para a frente é de esperar tudo.
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