A máquina de fingir
O radicalismo
dos chacais
O governo
julgou que a melhoria de meia dúzia de indicadores lhe permitira ufanar na
criação de uma nova narrativa capaz de fazer esquecer a destruição do país, das
pessoas e das empresas levada a cabo, de uma forma aleatória e incompetente,
pelo agrupamento de néscios que, ao longo destes dois últimos anos, foram
acompanhando esse verdadeiro saltimbanco político que dá pelo nome de Pedro
Passos Coelho.
A excitação
despertada por esta nova narrativa fez com que a turba se tenha descontrolado
numa azáfama de disparates e asneiras como há muito não se via. O ex-maoísta da
Educação e da Ciência conseguiu, de uma penada, demonstrar como a ignorância, o
rancor e a falta de senso são perigosas na política. Depois de se ter entretido
a destruir a Escola pública, desprezando os seus fundamentos e a sua
importância estratégica fez, como referiu Sobrinho Simões, o exultante
exercício de destruição maciça da investigação e da produção científica em
Portugal. Sempre bem acompanhado pelas tolices dos jotas do CDS que chegaram a
propor a regressão da escolaridade obrigatória e dessa luminária incandescente
investida de ministro da Economia cujo entendimento do que é ciência se confina
no estreito espaço de um copo de cerveja.
Há que
referir que em matéria de tolice de jotas tivemos segunda dose com a rábula de
cinismo canalha ensaiado recentemente a propósito do processo da co adoção.
Entretanto,
na saúde, tudo como dantes, a não ser que emergiram, pela primeira vez, de
forma nítida sinais de descontrolo da máquina de fingir que tão bem oleada se
tinha revelado nos últimos dois anos. Na verdade o papel do polícia bom e do
polícia mau ensaiou diversos tipos de gaffes, por todo o país começaram a
despontar os sinais cruéis de uma “política” cega, acrítica, voluntarista e
irresponsável que nos quis transmitir a ideia de que o SNS era assim uma
espécie de reino da grande farra com desperdício à tripa forra perante o qual
apenas faltaria um “mão dura” e um ar mal disposto para de um ano para o outro
transformar e resolver os problemas de uma penada.
Confundiram-se
os planos, misturou-se desperdício e fraude com subfinanciamento, destruíram-se
as organizações e as pessoas, dilacerou-se a rede pública, nomearam-se uns
quantos cavaleiros do Apocalipse para gerir os hospitais e investiu-se tudo na
sedução de uns quantos comentadores e opinion makers para irem alimentando a
ladainha.
Sempre que
apertados pela verdade ou pressionados pelo Bastonário lançavam para cima do
prime time as requentadas, repetidas e exauridas notícias de fraude entre
médicos, farmacêuticos e indústria. Se os hospitais rebentavam ou davam sinais
de crise falava-se de picos, da ignomínia dos utilizadores que em vez de
ligarem para a Linha (agora low cost e destruída) Saúde 24 e, in extremis,
repetia-se o pagamento de 1,9 mil milhões de dívidas ocultando o estado atual
do défice e da dívida certamente por vergonha do insucesso após tanto corte.
Claro que
neste contexto regressam os abutres, aliados deste governo e desta política,
pontos a servir-se a seu bel-prazer de um SNS em avançado estado de
decomposição.
Chegados ao
fim só nos resta esperar que o relógio do Porta acelere o tempo.
Carlos Silva
Etiquetas: liberais pacotilha
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home