sábado, março 29

Jogo cínico

De facto, a ‘estratégia’ governamental mais parece um 'gozo', escasso em comicidade e prenhe de cinismo.
Há 3 anos, apresentaram como solução 'cortar nas gorduras do Estado' mas, uma vez assaltado o pote, reconheceram que desconheciam o 'estado' do País, pelo que 'resolveram' aplicar o seu oculto e elaborado projecto, isto é, enveredar por um brutal e descontrolado 'empobrecimento' (a que chamaram 'ajustamento'), com os resultados que estão à vista (nas contas públicas, na economia e na coesão social).
Passados 3 anos declaram-se à porta de um putativo 'fim do resgate' (esquecem-se de dizer que se trata da 1ª. parte do ‘dito’), mas só nas vésperas da saída vão decidir como (com ou sem 'cautelar'). O caminho de saída (a porta ou a janela) será o que, no dia anterior à ilusória ‘saída’, os mercados acharem por bem e ‘conveniente’. Uma outra alternativa será bater contra a parede... . Um exemplo acabado de subserviência e de ‘navegação à vista’.
Para 2015 (ano de eleições legislativas) a estratégia está a ser 'cozinhada' em lume brando. Decerto que vão aparecer muitas discriminações (elas são parte integrante do modus faciendi deste Governo). A primeira (discriminação) será não mexer no ritmo e no volume de transferências do bolso dos portugueses para os insondáveis credores. Esse fluxo é intocável e ‘irrestruturável’. Aqui não haverá hesitações, deferimentos ou cortes.
Quanto ao resto – incluindo na Saúde – todas as ‘manobras’ são possíveis e deverão passar por um táctico intervalo na austeridade ou a sua camuflagem. Foi isso que Paulo Macedo, ontem, anunciou no Parlamento mais uma vez tratando os cidadãos como ‘incautos’.
O fio da 'estratégia orçamental' deste Governo é muito previsível e não depende de resultados momentâneos ou circunstanciais ou de projecções. A motivação é puramente ideológica e está gizada desde há muito. A deixa do momento é criar a ilusão que as coisas estão a melhorar e que tais resultados se devem às reformas. As reformas, apelidadas de ‘estruturais’, são uma receita velha e pouco inovadora. Assentam num enorme e brutal empobrecimento. E as melhorias não passam de engenharias estatísticas continuando a vida insuportável ('insustentável'), para um cada vez maior número de portugueses.
Sendo assim, os cortes para 2015 poderão assemelhar-se a um separador de continuidade (como acontecia nos velhos tempos da televisão) em que se anunciava que o 'programa', seguiria dentro de momentos… e que a sua suspensão se devia a ‘razões técnicas’ ou ‘estranhas à vontade’ (do operador). Na verdade, hoje sabemos que estes ‘intermezzos televisivos’ ocultavam insuficiências várias e erros de programação.
E um anunciado e ilusório ‘interregno’ das políticas de austeridade, para 2015, já ‘festejado’ pelo líder parlamentar da maioria link, deve-se, de facto, a ‘motivos de força maior’, vulgo, eleições à vista!

 E-Pá!

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