sábado, março 15

Paninhos quentes


Recentemente casou grande escândalo na opinião pública o caso de uma mulher com cancro do cólon que esperou dois anos para fazer uma colonoscopia no hospital Amadora-Sintra  link
Este problema, como tantos outros nossos conhecidos, radicam nas dificuldades de acesso do SNS que requerem acções de melhoria contínua, sistematicamente esquecidas pelo ministro da saúde Paulo Macedo.
 
Devido a problemas de vária ordem, a maioria dos hospitais do  SNS não consegue responder em tempo útil a este tipo de exame, obrigando os utentes a recorrer às convenções estabelecidas com privado. As quais previam, até agora, apenas o financiamento do exame pagando os utentes (os que podiam) a sedação associada (out pocket)
Exemplo de preços de colonoscopias praticados nas unidades privadas: Hospital da Cruz Vermelha :exame - 125 euros; anestesia - 240 euros . Clinica São João de Deus: exame - 300 euros; anestesia - 200 euros. Clínica Quadrantes: exame - 164 euros; anestesia - 240 euros.

Para minorar os danos de imagem causados pelo bicudo caso,  veio agora Paulo Macedo tentar por paninhos quentes na politica de cortes a eito decidindo  que todos as colonoscopias e sedações associadas passem a ser financiadas pelo SNS a partir de 1 de Abril .
despacho n.º 3756/2014 link

Clara Gomes

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2 Comments:

Blogger Tavisto said...

Na falta de um plano coerente de reformas, tendo como preocupação central a redução de custos sem cuidar da qualidade, há que preservar a imagem respondendo de forma pontual aos escândalos vindos a lume. Foi assim com as listas de espera oftalmológicas, após um autarca algarvio ter desafiado a inoperância do sistema enviando os munícipes para serem tratados fora do País; com o tratamento da obesidade, desbloqueando os tratamentos com colocação de banda gástrica e, agora, para a realização de colonoscopias, em resultado do escândalo recente de um doente diagnosticado tarde de mais por ficar perdido em lista de espera.
A sensação que se tem é que, sem “escandaleira”, os idosos continuariam sem ver, os obesos a engordar e os pólipos a seguir o seu fatídico percurso. Da mesma forma que muitos doentes portadores de patologias várias continuam em listas de espera, algumas superiores a um ano, a aguardar a primeira consulta hospitalar. Enquanto assim for não irão faltar vítimas para dar corpo a notícias politicamente incómodas e a tomadas de decisão casuísticas.

11:53 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

A Ordem dos Médicos (OM) e a Associação de Luta contra o Cancro do Intestino (Europacolon) estão contra o tipo de sedação proposto pelo Ministério da Saúde no novo pacote de cuidados que arranca a partir do dia 1 de Abril e que visa aumentar o número de colonoscopias, exames que permitem diagnosticar o cancro colorrectal.
Um despacho divulgado na semana passada prevê que todas as colonoscopias realizadas no SNS (incluindo as que são feitas nas unidades convencionadas com o Estado) passem a ser feitas com sedação, de maneira a reduzir os receios na realização deste tipo de exame. O diploma foi divulgado dois meses depois de ser conhecido o caso de uma doente que esperou dois anos para fazer uma colonoscopia num hospital público.
Mas a Ordem dos Médicos defende que a sedação proposta, feita por gastrenterologistas em vez de anestesistas, pode pôr em risco os doentes. A realização de sedação por gastrenterologista é “desaconselhável porque o médico deve estar concentrado na realização do exame e não com a preocupação acrescida de administração de fármacos que podem desencadear complicações graves e que devem ser utilizados por outro profissional presente, com formação em anestesiologia”, justifica o colégio da especialidade de gastrenterologia da OM.
Considerando infundados estes receios, o Ministério da Saúde recorda que a sedação realizada por gastrenterologistas nas colonoscopias faz-se há anos em Portugal. “A sedação realizada por gastrenterologistas está disponível na tabela de nomenclaturas e preços do SNS desde 2007, tendo sido validada pela OM”, sublinhou a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).
O preço a praticar para a colonoscopia a partir de 1 de Abril nas unidades com convenções com o SNS contempla esta possibilidade, mas “mantém-se a possibilidade de o exame ser realizado sem sedação”, lembra a ACSS. Este preço, acrescenta, representa “um enorme esforço orçamental do ministério na resolução de uma dificuldade crónica de acesso ao exame e à detecção precoce do cancro colorrectal”. A DGS ainda vai elaborar, até ao final deste mês, as normas que orientarão a realização destes exames no Serviço Nacional de Saúde, recorda também a ACSS.
JP 18.03.13

Correr atrás do prejuízo
Para atacar o escândalo era necessário fazer qualquer coisinha.
É assim a política de saúde de Paulo Macedo: desenrascanços para salvar a imagem pública.

11:12 da tarde  

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