quarta-feira, agosto 13

ESS, activo de excepção

Quem acompanhe regularmente a imprensa económica portuguesa não pode deixar de notar a forma como tem vindo a ser tratada a questão da Espírito Santo Saúde. Praticamente, todos os dias são 'plantadas' notícias sobre uma imensidão de potenciais interessados na sua compra. A ânsia deste plantio de notícias vai ao ponto de incluir na lista dos potenciais compradores nacionais entidades que se encontram em sufoco financeiro.
Nem sequer a proclamada jóia da coroa - companhia de seguros Tranquilidade - merece tanto destaque. E quanta diferença vai entre um elefante e uma formiga.
Para alguma coisa as agências de comunicação hão-de valer.
Parece claro, no entanto, o intuito: isolar a ESS daquilo a que hoje a revista Fortune chama "um conglomerado de corruptos", fazendo esticar a ideia de um activo de excepção, de rentabilidade cósmica que é desejada por tudo o que é casa ou agente de investimento. Do endividamento nada se diz tal como da pirueta acrobática dos resultados num escasso tempo de um ano. Nem da dependência escravizante do dinheiro publico através da ADSE. A fúria de compra é tão grande que os investidores não vêem nisso nenhum risco mesmo que o tribunal constitucional faça extinguir a fonte de financiamento. E claro, dirão alguns, o rigor das contas e dos auditores em nada deve ficar a dever ao rigor das outras entidades do grupo ora baldeadas no chamado banco mau, tais como a entidade de tutela que dá pelo nome de Rioforte.
E, assim, em Portugal, na área económica da saúde é fácil criar mitos. Os jornalistas económicos deliciam-se com a qualidade da gestão privada face a "incompetente" gestão pública.
Os gestores públicos, têm de facto, muito menos meios para super produções ainda que fictícias.
Vamos ver no resto da semana as novas listas de potenciais compradores que aparecerão. Pois é preciso manter a chama da ilusão bem viva.

Olinda

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