sábado, agosto 23

OPA da Saúde

O impacto da Oferta Pública de Aquisição (OPA), lançada pelo grupo mexicano Ángeles sobre a Espírito Santo Saúde (ESS) tem sido seguida com enorme entusiasmo pelos órgãos de informação.
Segundo os habituais comentadores de serviço, parece estarmos perante um bom negócio para o BES/ESS e para o primeiro ministro Passos Coelho, para quem o único critério de relevo é o preço, ou seja, apurar quem dá mais link
O editorialista do DE (12.08.14), alinhando pelo mesmo diapasão, considera os mexicanos da Ángeles, um grupo de bons rapazes: «Há ainda aspectos a perceber nesta oferta – nomeadamente porque a Espírito Santo Saúde tem uma parceria público privada em Loures - mas a experiência do grupo Ángeles na área é uma mais-valia nesta oferta. E, no final do dia, garantidas as exigências de idoneidade, o que releva é o preço, de portugueses, chineses ou mexicanos.»
Paulo Macedo também já referiu que não tem nada contra a entrada de estrangeiros na Espírito Santo Saúde. link
Por sua vez, a presidente da APAH, Marta Temido, também não vê nenhum inconveniente em Hospital de Loures ir parar às mãos de um grupo mexicano : “Não me repugna que seja uma entidade estrangeira [a gerir um hospital do SNS]. Não tenho nada contra, desde que as cláusulas do contrato e os compromissos sejam cumpridos, para isso existe um gestor do contrato que representa o Estado”. link
A Câmara de Loures, aparece neste processo como uma das raras entidades a  manifestar preocupação com o futuro do hospital Beatriz Ângelo, na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) link.
Muita água correrá certamente debaixo das pontes até ao desfecho deste negócio. Certos estamos que a pulverização de operadores privados estrangeiros da Saúde, com responsabilidade na gestão de hospitais públicos, não augura nada de bom quanto ao futuro do nosso SNS.
Notas: 1.- O que diríamos (pensaríamos) se algum dos gestores da saúde de topo da nossa praça aparecesse em pose semelhante (foto acima) nos órgãos de informação; 
2.- Frequentemente interrogo-me porque razão a generalidade dos órgãos de informação, ao longo dos tempos, tem solicitado a opinião dos presidentes da APAH sobre as mais diversas matérias da Saúde.

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1 Comments:

Blogger e-pá! said...

Sobre a foto é notório que o 'boss' do GE Angeles prepara-se para levantar voo em direcção a algo de estratégico. A 'imparidade' (de interesses) entre estes voos internacionais e o sistema de saúde doméstico parece ser a principal razão para vermos defendida a todo o transe a máxima de Xiaoping "...não interessa se é um gato preto ou um gato branco – desde que cace ratos, é um bom gato", muito reveladora de uma pragmática e volátil 'ambivalência' que se apossou dos analistas e poderá esconder danos para o sistema público (SNS).

Por outro lado, parece que o embarque eminente do senhor da foto sugere a porta do cavalo aberta por abstrusas 'oportunidades' e sucederá sem passar por qualquer posto de controlo aeroportuário onde se verificam os objectos contundentes, os frascos acima dos 100 ml, os cinturões, etc. Este pode ser também o sinal sobre a robustez e a transparência da supervisão do MS facto que tem sido apresentado sob o manto de uma irrepreensível 'neutralidade' (incompatível com decisões políticas.

Quem tem funções técnicas sobre a OPA é a CMVM e quando o MS se 'desloca' para essa área (cingindo-se à verificação dos termos contratuais) está a enveredar por 'caminhos de resolução contratual e contabilística' a cavalo da permissividade e eventual hipoteca de (re)soluções âmbito social que, inegavelmente, são do domínio político.

Aliás, o H poderá ser de Heliporto ou de Hipoteca. Isto é, voltamos à ambiguidade do gato preto ou branco.
A única coisa que parece inquestionável são os 'ratos' (os objectos da caçada).

8:09 da manhã  

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