SNS 35 anos
35 anos de Serviço Nacional de Saúde a cuidar dos cidadãos
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é hoje uma das instituições
mais prestigiadas da sociedade portuguesa e sobre a qual os portugueses
reconhecem a sua relevância e o seu valor acrescentado. A sua história de 35 anos
de vida confunde-se com a história do Estado social de Portugal.
O acesso de todos os cidadãos, independentemente da condição
social, a cuidados de saúde — nas vertentes da promoção, prevenção e tratamento
— constituiu um desígnio nacional, mobilizador desde sempre, das diversas correntes
de opinião e agentes políticos.
Fundado nos valores da solidariedade e justiça social,
permitiu melhorar, de forma notável, os principais indicadores de saúde
servindo de forma positiva para alavancar todos os índices de desenvolvimento
do nosso país. Mesmo no período de maior crise das últimas décadas, o SNS foi
um sector dotado dos recursos necessários de forma a poder responder com
eficácia às necessidades de saúde dos portugueses.
O SNS acompanhou, em lugar de destaque, a evolução da nossa
sociedade sabendo adaptar-se a ela num processo de renovação permanente e de
adaptação aos enormes desafios com os quais tem sabido conviver. É, pois, esta
capacidade que constitui uma das suas marcas mais relevantes. Uma capacidade
resultante, em grande parte, da qualidade dos profissionais e dirigentes que se
constituem como os principais atores da atuação do SNS.
As conquistas a nível dos cuidados de saúde
materno-infantis, na oncologia, no combate à doença crónica ou às doenças
infecciosas, na integração de cuidados, entre muitos outros, são exemplos claros
dos ganhos em saúde que só foi possível obter com o SNS.
Ao longo das décadas foi possível atenuar assimetrias
estruturais, sociais e territoriais. Nasceram cuidados primários de proximidade
e diferenciados. Desenvolveram-se e modernizaram-se os hospitais nacionais.
Compreendeu-se a relevância e a dinâmica do envelhecimento da nossa população e
implementou-se uma rede de cuidados continuados. Garantiu-se a qualidade, a
diferenciação e a inovação. O SNS proporciona hoje níveis de cobertura e de
diferenciação técnica, incluindo áreas de especialização, que cotejam com os
mais avançados padrões internacionais. Conseguiu dar mais anos de vida aos
portugueses e com mais qualidade de vida. O SNS entendeu também, desde o
início, que o seu desenvolvimento passava, além dos cuidados assistenciais, por
um forte investimento na formação e na investigação. Universidades e diferentes
instituições de ensino souberam constituir-se como parceiros ativos do SNS,
contribuindo decisivamente para o sucesso deste.
O SNS está também na linha da frente de cuidados altamente
diferenciados. Das doenças crónicas mais prevalentes às doenças raras. Da
reprodução medicamente assistida à transplantação de tecidos e órgãos. Num
combate cada vez mais mobilizador à infeção hospitalar. De uma medicina
coletiva a uma medicina personalizada. Tratam-se doenças mas, principalmente, tratam-se
pessoas.
A diferenciação da prestação de cuidados atingiu uma
dimensão nunca vista. O que antes era privilégio de alguns, passou a ser um direito,
suportado por impostos progressivos e solidários. O SNS é, pois, hoje um dos
mais relevantes exemplos de solidariedade social dos quais nos devemos
orgulhar.
Os últimos anos foram anos complexos para Portugal. A aposta
feita na sustentabilidade do sistema e na sua preparação para os desafios
futuros é hoje reconhecida por muitos.
A futura criação dos Centros de Referência e a consequente
integração nas Redes Europeias de Referência constituirá uma nova e decisiva
etapa na evolução deste SNS do século XXI. Um salto que o levará a ultrapassar
fronteiras e a ganhar uma nova dinâmica.
O SNS regista também hoje desenvolvimentos significativos
nas áreas da informação (Plataforma de Dados de Saúde, prescrição eletrónica de
medicamentos e MCDT ou cruzamento de dados para o combate à fraude) e gestão.
Na avaliação de tecnologias de saúde. Atuando em ganhos de eficiência, no combate
ao desperdício, na melhoria contínua da qualidade, na auditoria e na renovação
e inovação.
Acredito hoje que temos um SNS adulto com margem de
evolução. Capaz de responder aos anseios das gerações futuras e de proteger as
atuais, desde que o seu desenvolvimento tenha espírito reformista e o país
ultrapasse definitivamente os desequilíbrios macroeconómicos.
O desígnio do SNS é o de continuar a garantir uma resposta
eficaz e um serviço de qualidade e de excelência. O desígnio de cada um dos
portugueses é assumir um papel cada vez mais ativo e participativo na prevenção
e na defesa ativa da sua saúde. O desígnio dos seus profissionais é
contribuírem de forma ativa para a melhoria dos cuidados prestados. O desígnio
dos governantes é o de garantirem as condições necessárias para que o SNS
mantenha os níveis de cuidados, de diferenciação, de renovação, de exigência e
de sustentabilidade que permitam às pessoas aumentar a longevidade com
qualidade, possibilitando uma participação ativo no desenvolvimento do país e
dos seus níveis de bem-estar.
Paulo Macedo, expresso 13.09.14
Um artigo à Paulo Macedo. Convenientemente vago, optimista balofo. Música de
elevador. Com a ilustração bota, botilde a condizer.
Etiquetas: Paulo Macedo, s.n.s
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