segunda-feira, maio 18

Paulo Macedo, maior fracasso

A notícia da redução a 50% do ritmo de criação de unidades de saúde familiar (USF) pelo actual Governo e o facto de no corrente ano apenas uma ter sido criada, levantam dúvidas sobre toda a política da saúde que tão elogiada foi no início do ciclo. Certamente, reduzir em 1% do PIB a despesa farmacêutica não foi coisa pouca. Já reduzir a despesa hospitalar à boleia dos cortes de subsídios, horas extra e ordenados escasso mérito revela e além do mais é reversível. Forçar a contribuição das famílias para a saúde, em quatro anos, de 25 para 32% da despesa total, pública e privada, poderia ser tolerável, se a diferença não fosse toda, direitinha, para o sector privado e muito pouco, taxas moderadoras apenas, para o orçamento público. A prova dos nove sobre capacidade da gestão do SNS será tirada pelo próximo governo quando apurar a dimensão do que o actual governo ficou a dever a fornecedores de medicamentos e dispositivos médicos. A comparação do que se gastou em aquisição de serviços a empresas fornecedoras de mão-de-obra e a suposta poupança em pessoal do SNS serão outro elemento demonstrativo da distorção de valores praticada. Tal como o saber como estamos em matéria de compra de serviços de diagnóstico ao privado revelará, infelizmente as falhas toleradas ou aumentadas na gestão do SNS. O que fica sem explicação é a desistência na política dos cuidados primários. Todos reconhecem nas USF uma medida de grande alcance: aumento de cobertura, maior ligação entre doente e médico, atendimento personalizado na hora, prevenção do pânico da acorrência às urgências quando não temos médico de família ou ele não está acessível, economias na prescrição de medicamentos e meios de diagnóstico, melhoria da qualidade por trabalho em equipa de médicos, enfermeiros e outros. Bem andou a Troika quando recomendou, convincente, a conclusão do programa de USF. Parece que o governo pensa que as USF são caras, gastam mais em pessoal que o modelo convencional. Pudera, a qualidade tem preço e mesmo que os custos directos sejam superiores, haverá que contabilizar tudo o que é ganho: poupanças de medicamentos, meios de diagnóstico, de horas extra, de excesso de acorrências a hospitais e o valor do tempo, conforto e segurança para utentes. E, já agora, os ganhos de satisfação dos profissionais, intangíveis, mas não impossíveis de monetarizar. Onde estão os estudos em que o governo se baseia? Quando elas se constituíram foram apoiadas em projecções convincentes, só assim tendo sido possível a sua aprovação pelas Finanças, cujo padrão sempre foi mais imutável que as maiorias. Deve haver agora estudos de conclusão contrária, por favor, divulguem-nos! Se o não fizerem, restam duas explicações, já que a ideológica não parece aqui aplicar-se, tamanho foi o consenso: ou o governo é canhestro, pouco arguto, lerdo, ou então revela mesquinha inveja face a uma medida dos socialistas que todos apreciavam. Nenhuma destas explicações é satisfatória. Ajudem a encontrar outra.
Correia de Campos, JP 18.05.15
Que melhor prova de incompetência e do fracasso da política de Saúde do ministro da saúde Paulo Macedo!

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