domingo, outubro 1

HH, plano de reformas precisa-se

Jovens médicos vão ter de pagar para trocarem SNS pelo privado

Em entrevista ao SOL, ministro da Saúde revela medida para travar saída imediata do SNS após a conclusão da especialidade.
O Governo quer avançar com um período mínimo de fidelização ao SNS para os médicos que terminam a especialidade. Em entrevista ao SOL, o ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes avança que a medida está em cima na mesa da preparação do Orçamento do Estado para 2018 e considera o modelo que existiu para os pilotos da Força Aérea “virtuoso”.
“Tem de haver um período mínimo de fidelização ao serviço público para compensar o facto de, nós todos, termos feito esse investimento. Ou então tem de haver uma compensação do Estado, porque investiu numa formação pós-graduada cara, exigente, qualificada e é justo que peça uma contrapartida”, diz o ministro da Saúde.
Adalberto Campos Fernandes adianta para já que os custos das especialidades são variados e será necessário encontrar um valor. 
Quanto ao período de vinculação em causa, aponta para três a cinco anos. “Teriam de ficar no SNS, onde naturalmente existirem vagas e isso é uma compensação que o profissional dará pelo investimento que a sociedade fez nele. E, se forçar a saída, terá de haver uma compensação.” 
A medida seria preparada ao longo de 2018, embora não entrasse logo em vigor para os especialistas que acabem a formação no próximo ano. “Tem de haver um período de preparação”, diz Adalberto Campos Fernandes, revelando que existe um entendimento político partilhado sobre esta matéria. 
“Não é uma questão de esquerda ou direita, é uma questão de bom senso. Os portugueses acham que fazem com muito gosto um investimento na formação de profissionais altamente qualificados e não é justo, não é correto, que no dia seguinte à formação estar concluída, esses mesmos profissionais abandonem o serviço público e vão para o privado.”
Neste momento há perto 10 mil médicos a fazer o internato no Serviço Nacional de Saúde, um número que tem vindo a aumentar todos os anos.
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Uma medida socialmente justa e responsabilizadora, que se impõe face à saída de profissionais do SNS para os privados, em particular dos hospitais. Espera-se é que não recaia apenas sobre os jovens médicos o ónus de compensar os desequilíbrios decorrentes de um sector privado agressivo e economicamente poderoso, deixado à rédea solta.
Se não houver mais investimento e um plano reformador do sector hospitalar que torne atrativo o trabalho no SNS, consentindo-se na contínua degradação das carreiras profissionais, não é com profissionais “obrigados” mas desmotivados, que o hospital público lá vai. 

Tavisto

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