HH, plano de reformas precisa-se
Jovens médicos vão ter de pagar para trocarem SNS pelo privado
Em entrevista ao SOL, ministro da Saúde revela
medida para travar saída imediata do SNS após a conclusão da especialidade.
O Governo quer avançar com um período mínimo de
fidelização ao SNS para os médicos que terminam a especialidade. Em entrevista
ao SOL, o ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes avança que a medida está
em cima na mesa da preparação do Orçamento do Estado para 2018 e considera o
modelo que existiu para os pilotos da Força Aérea “virtuoso”.
“Tem de
haver um período mínimo de fidelização ao serviço público para compensar o
facto de, nós todos, termos feito esse investimento. Ou então tem de haver uma
compensação do Estado, porque investiu numa formação pós-graduada cara,
exigente, qualificada e é justo que peça uma contrapartida”, diz o ministro da
Saúde.
Adalberto
Campos Fernandes adianta para já que os custos das especialidades são variados
e será necessário encontrar um valor.
Quanto ao
período de vinculação em causa, aponta para três a cinco anos. “Teriam de ficar
no SNS, onde naturalmente existirem vagas e isso é uma compensação que o
profissional dará pelo investimento que a sociedade fez nele. E, se forçar a
saída, terá de haver uma compensação.”
A medida
seria preparada ao longo de 2018, embora não entrasse logo em vigor para os
especialistas que acabem a formação no próximo ano. “Tem de haver um período de
preparação”, diz Adalberto Campos Fernandes, revelando que existe um
entendimento político partilhado sobre esta matéria.
“Não é
uma questão de esquerda ou direita, é uma questão de bom senso. Os portugueses
acham que fazem com muito gosto um investimento na formação de profissionais
altamente qualificados e não é justo, não é correto, que no dia seguinte à
formação estar concluída, esses mesmos profissionais abandonem o serviço
público e vão para o privado.”
Neste
momento há perto 10 mil médicos a fazer o internato no Serviço Nacional de
Saúde, um número que tem vindo a aumentar todos os anos.
……………………..
Uma
medida socialmente justa e responsabilizadora, que se impõe face à saída de
profissionais do SNS para os privados, em particular dos hospitais. Espera-se é
que não recaia apenas sobre os jovens médicos o ónus de compensar os
desequilíbrios decorrentes de um sector privado agressivo e economicamente
poderoso, deixado à rédea solta.
Se não houver
mais investimento e um plano reformador do sector hospitalar que torne atrativo
o trabalho no SNS, consentindo-se na contínua degradação das carreiras
profissionais, não é com profissionais “obrigados” mas desmotivados, que o
hospital público lá vai.
Tavisto
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