quarta-feira, setembro 21

Futuro dos Genéricos


A situação é confrangedora, pois denota sobretudo falta de capacidade de reacção à ANF. Esta tem naturalmente empenho em divulgar os números que lhe interessa e da forma que lhe interessa.
Esperaria que o Ministério da Saúde conseguisse desmontar rapidamente, de forma clara, tecnicamente correcta e sobretudo perceptível o que se passa com o preço dos genéricos.

Não custa muito explicar que para uma fase inicial se deu uma comparticipação adicional de 10%, que se pretendeu sempre que fosse transitória, para que se desenvolvesse o hábito de comprar genéricos, para que a prática dessa compra desse a garantia necessária aos utentes. Tendo terminado o que se pode chamar de período de experimentação, essa majoração na comparticipação termina.

Os preços aumentam 4% (+10%-6%)? Pode ser que sim, pode ser que não. A eliminação da vantagem em termos de comparticipação significa que para os genéricos manterem a vantagem de preço terão que acompanhar a descida dos preços. E a principal vantagem apontada aos genéricos é precisamente o terem preço mais baixo.
Provavelmente as pessoas que mais consomem genéricos são aquelas que mais atentas estão aos preços, e que são sensíveis a flutuações destes nas suas aquisições. (embora não tenha visto ainda qualquer confirmação desta pressuposição)

Se assim suceder, a pressão será para que os produtores de genéricos aceitem ou decidam voluntariamente baixar o seu preço. Poderá não ser hoje ou amanhã, mas poderá suceder, digamos, até ao final do ano.
É precipitado tirar conclusões desde já, sem perceber qual vai ser o ajustamento de comportamento dos utentes (irão continuar a comprar da mesma forma?) e das companhias que colocam os principais genéricos no mercado.
lisboaearredores

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5 Comments:

Blogger helena said...

Nós próximos meses quando consultarmos os dados sobre a evolução do mercado de medicamentos, naturalmente, não vamos ter surpresas.
A estagnação nos 11% será paradurar.
A não ser que os laboratórios fornecedores resolvam baixar significativamente os preços.

12:01 da tarde  
Blogger xavier said...

O PSD e o CDS/PP querem discutir no Parlamento a "política de medicamentos" na sequência das alterações apresentadas pelo Executivo. "Estamos perante uma situação gravíssima. O Governo anunciou que ia baixar os preços dos medicamentos 6%, mas agora há genéricos que sobem para preços acima dos medicamentos de marca", afirmou à Lusa a vice-presidente do grupo parlamentar do PSD Zita Seabra. Considerando, por isso, que deixa de fazer sentido optar pelos genéricos. O CDS/PP, por sua vez, considera um "erro" tirar aos genéricos a majoração dos 10%. Sobre as alterações às comparticipações do Estado nos medicamentos, a deputada do CDS/PP Teresa Caeiro afirmou que a redução de 100 para 95% afecta "a população mais vulnerável" que precisa de os comprar todos os meses, doentes crónicos e dependentes de "reformas miseráveis". O PSD critica também esta medida, que vai prejudicar "os mais carenciados e os idosos". Os dois partidos consideram que ainda é cedo para retirar a majoração de 10% dos genéricos, uma vez que ainda não atingiram uma quota de mercado idêntica à dos restantes países europeus, que é de cerca de 20 a 30%, quando em Portugal se fica pelos 13%. A CGTP também já manifestou o seu desacordo pelas alterações introduzidas na política de medicamentos. De acordo com a central sindical a eliminação da majoração de 10% dos genéricos "poderá fazer estancar a evolução favorável" dos medicamentos de marca branca, "em prejuízo dos cidadãos e da despesa pública". Acrescentam que o "controle da despesa pública não pode justificar uma política antisocial".

12:11 da tarde  
Blogger ricardo said...

Todos concordam com as medidas de reforma enquanto não implicaremos seus próprios interesses.
Os partidos da oposição apostam na redução do défice mas exploram o descontentamento causado pelas medidas necessárias parao seu reequilíbrio.
Assim vai o nosso pátio das cantigas.

12:15 da tarde  
Blogger tonitosa said...

O meu comentário a alguns destes comentários é só este: leiam ou oiçam as intervenções do PS nas críticas aos governos PSD.
E assim se compreendera´melhor o "pátio das cantigas".

3:47 da tarde  
Blogger xavier said...

Comentário enviado por mail:

Genéricos: 1. Para retirar a majoração dos genéricos o ministro invocou (ontem, no Algarve) o estudo encomendado pelo Infarmed a uma empresa inglesa. Mas o estudo o que recomenda é a retirada da majoração quando a quota de mercado for superior a 20% (está nos 13%); 2. Os 6% de baixa anunciados são sobre os preços. Os 10% da majoração são sobre a comparticipação. Não se pode calcular 10 – 6 = 4, porque estamos a falar de coisas diferentes; 3. Todas as medidas tomadas pelo Ministro da Saúde, neste pacote, destinam-se a penalizar os mais pobres – os que consomem genéricos (porque são mais baratos) e os que estavam no escalão dos 100% (passou para 95%).
Luís Oriente

4:41 da tarde  

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