sexta-feira, julho 21

Mau Resultado


Não nos devemos esquecer que neste período sentiram-se os efeitos de várias medidas que só se podem tomar uma vez:

- O preço dos medicamentos comparticipados baixou 6%;
- Vários medicamentos foram descomparticipados;
- Acabou a majoração de 10% sobre a comparticipação dos genéricos;
- Criaram-se grupos homogéneos envolvendo moléculas muito importantes para o total de gastos (o que, mesmo que não se traduza em vendas de genéricos - graças à Ordem dos Médicos e às suas guidelines políticas -, têm um impacto significativo sobre os gastos públicos com a comparticipação dos medicamentos deste grupo).

Ou seja, neste contexto de medidas extraordinárias, uma redução de 2,7% é um mau resultado, que mascara um crescimento real dos gastos, pois esta diminuição não é sustentável (ou apenas será sustentável pela continuação da política de descomparticipação progressiva). Além do mais, seria interessante verificar quanto é que as famílias pagaram a mais para que o Estado pudesse poupar 2,7%...
E também seria curioso observar a evolução das vendas dos medicamentos comparticipados na indústria farmacêutica e nas farmácias no mesmo período...
Sem medidas efectivas do lado da prescrição, os gastos com medicamentos nunca diminuirão e viverão apenas de maquilhagens, medidas extraordinárias ou da solução-CC: as famílias que paguem os medicamentos que consomem (e não nos esqueçamos de acrescentar o enorme aumento do preço dos MNSRM, consequência directa de uma medida económica e tecnicamente errada de CC).
Em relação à prescrição, recordo dois aspectos perfeitamente absurdos da lei portuguesa:
- A existência de genéricos de marca (que apenas interessa à indústria e a quem quer cair nas suas boas graças...);
- O facto da comparticipação ser feita com base no Medicamento Genérico mais caro de um determinado grupo homogéneo (o que explica a inevitável supremacia da percentagem de PVP sobre a do número de embalagens consumidas).
Vladimiro Jorge Silva

8 Comments:

Blogger tonitosa said...

Os meus parabéns ao VJS por este excelente comentário. Mesmo que, como se antevê, outros possam ter opiniões diferentes sobre a matéria.
Há uma nota que quero deixar: por vezes somos tentados a pensar que a principal medida de contenção das despesas originadas em medicamentos tem a ver com a prescrição. Tal, em minha opinião, só em parte é verdade.
Com efeito, vivemos numa época de grande progresso tecnológico, de novas e frequentes descobertas apoiadas pela evolução das ciências biomédicas, da genética e de novas tecnologias, e a transposição desses novos recursos para a medicina não pode deixar de implicar custos acrescidos com a prestação de cuidados. A medicina, como as outras ciências, tem novas respostas para velhos problemas e defronta-se com problemas novos e isso tenm custos. Trata-se, afinal, do preço do crescimento sustentado da longevidade e das novas possibiliaddes de cura e prenção e ninguém será capaz de impedir que os médicos (prescritores) deixar de recorrer a novos recursos que a ciência disponibiliza.
Por isso se diz que a saúde não tem preço.

11:31 da tarde  
Blogger xavier said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

11:57 da tarde  
Blogger xavier said...

São necessárias medidas urgentes relativamente aos prescritores.

São necessárias medidas urgentes drelativamente ao controlo das novas substâncias e das autorizações de comparticipação.

O Estado tem que conhecer muito bem onde gasta o dnheiro dos contribuintes.
Só devem ser autorizadas comparticipações de medicamentos que representem comprovadas efectivas vantagens terapêuticas para os doentes do SNS.

Vejamos o seguinte exemplo:

ÁCIDO ALENDRÓNICO 70 mg
Existem no mercado genéricos da Jaba, Ossys, arrowblue e farmoz, cujo PVP é de 24,05 euros, embalagens de quatro unidades.

Foi autorizado a comparticipação do Fosavance (75%geral/85% especial), cuja fórmula é constituída por ácido alendrónico + Colecalciferol, cujo PVP é de 37,07 €, embalagens de quatro unidades.
A mesma "vantajem" deste "me too" pode ser obtida através da administração do medicamento genérico desta sbstância (ácido alendrónico) mais uma cápsula de cálcio que não chega a custar um euro.

Será que as vantagens desta substância (fosavance) (mais cara do que os genéricos) justifica a comparticipação do estado?

Penso que relativamente a esta matéria há necessidade de redefinir critérios, reunir peritos, fazer avaliações rigorosas, fundamentar solidamente as propostas de autorização e criar mecanismos de supervisão destas decisões.

Quanto aos precritores é necessário por à sua disposição informação adequada, rigorosa e actualizada, promover a elaboração de protocolos e o trabalho de equipa com o pessoal farmacêutico e de enfermagem.

12:12 da manhã  
Blogger Clara said...

Pelo que entendi do anterior comentário do guidobaldo a nossa entidade reguladora do medicamento, no lugar de andar tão preocupada com as lojas de MNSRM, devia dedicar-se a outras actividades mais prementes, ou seja, na área das comparticipações o Infarmed não tem feito o trabalho de casa.

Põe-se à disposição dos médicos prescritores um leque de alternativas, muitas delas perfeitamente dispensáveis para o fim em vista que é o tratamento, o melhor possível, dos doentes do SNS, segundo critérios de eficiência terapêutica portanto, tornando o controlo sobre a actividade destes profissionais muito mais difícil.

Será que CC anda enganado ?
Ou será que sabe e não consegue ou não sabe como actuar ?

Temos todos que desenvolver um esforço para tornar esta área muito mais transparente.
Necessáriamente.

12:35 da tarde  
Blogger ricardo said...

Parabéns ao VJS pelo excelente texto.

É decepcionante verificar como um ministro tão preparado, dum Governo com Maioria Absoluta,
não consegue efectuar reformas profundas, estruturais, numa área que gasta milhões e ameaça dizimar a curto prazo os orçamentos mais robustos da Saúde.

Tudo isto resultante de uma visão inquinada,unidimensional da área do medicamento.

1:27 da tarde  
Blogger saudepe said...

Parabéns ao VJS pelo excelente post e pelo êxito no Mestrado.

Relativamente à acessibilidade houve algumas medidas visando um maior rigor com que concordo e cuja eficácia poderá ter efeitos perduráveis.
Vamos ver se CC não vai borrar a pintura com as alterações anunciadas dos regime especiais.

Muito importante é o que o guidobaldo refere sobre a actuação do Infarmed relativamente à comparticipação, nem sempre muito clara a dizer "o que quer, como quer e para que quer".

Devemos estar agradecidos ao grupo de especialistas da área do medicamento do Saudesa pelo excelente trabalho que têm desenvovido.

10:36 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Parabéns ao VJS pelo texto desmistificador da notícia que fez as parangonas dos medias durnte duas semanas.
Os nossos jornalistas, cada vez mais impreparados, comem tudo o que lhes dão, incapazes de avançar o mas pequeno esboço crítico que seja.

De qualquer forma é de louvar a contenção do crescimento da despesa conseguida.
Vamos ver se CC tem arcaboiço para ir mais além.
Um abraço ao novo mestre.

1:00 da tarde  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Caros amigos: um grande abraço a todos!

9:03 da tarde  

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