Mau Resultado
Não nos devemos esquecer que neste período sentiram-se os efeitos de várias medidas que só se podem tomar uma vez:
- O preço dos medicamentos comparticipados baixou 6%;
- Vários medicamentos foram descomparticipados;
- Acabou a majoração de 10% sobre a comparticipação dos genéricos;
- Criaram-se grupos homogéneos envolvendo moléculas muito importantes para o total de gastos (o que, mesmo que não se traduza em vendas de genéricos - graças à Ordem dos Médicos e às suas guidelines políticas -, têm um impacto significativo sobre os gastos públicos com a comparticipação dos medicamentos deste grupo).
Ou seja, neste contexto de medidas extraordinárias, uma redução de 2,7% é um mau resultado, que mascara um crescimento real dos gastos, pois esta diminuição não é sustentável (ou apenas será sustentável pela continuação da política de descomparticipação progressiva). Além do mais, seria interessante verificar quanto é que as famílias pagaram a mais para que o Estado pudesse poupar 2,7%...
E também seria curioso observar a evolução das vendas dos medicamentos comparticipados na indústria farmacêutica e nas farmácias no mesmo período...
Sem medidas efectivas do lado da prescrição, os gastos com medicamentos nunca diminuirão e viverão apenas de maquilhagens, medidas extraordinárias ou da solução-CC: as famílias que paguem os medicamentos que consomem (e não nos esqueçamos de acrescentar o enorme aumento do preço dos MNSRM, consequência directa de uma medida económica e tecnicamente errada de CC).
Em relação à prescrição, recordo dois aspectos perfeitamente absurdos da lei portuguesa:
- A existência de genéricos de marca (que apenas interessa à indústria e a quem quer cair nas suas boas graças...);
- O facto da comparticipação ser feita com base no Medicamento Genérico mais caro de um determinado grupo homogéneo (o que explica a inevitável supremacia da percentagem de PVP sobre a do número de embalagens consumidas).
- O preço dos medicamentos comparticipados baixou 6%;
- Vários medicamentos foram descomparticipados;
- Acabou a majoração de 10% sobre a comparticipação dos genéricos;
- Criaram-se grupos homogéneos envolvendo moléculas muito importantes para o total de gastos (o que, mesmo que não se traduza em vendas de genéricos - graças à Ordem dos Médicos e às suas guidelines políticas -, têm um impacto significativo sobre os gastos públicos com a comparticipação dos medicamentos deste grupo).
Ou seja, neste contexto de medidas extraordinárias, uma redução de 2,7% é um mau resultado, que mascara um crescimento real dos gastos, pois esta diminuição não é sustentável (ou apenas será sustentável pela continuação da política de descomparticipação progressiva). Além do mais, seria interessante verificar quanto é que as famílias pagaram a mais para que o Estado pudesse poupar 2,7%...
E também seria curioso observar a evolução das vendas dos medicamentos comparticipados na indústria farmacêutica e nas farmácias no mesmo período...
Sem medidas efectivas do lado da prescrição, os gastos com medicamentos nunca diminuirão e viverão apenas de maquilhagens, medidas extraordinárias ou da solução-CC: as famílias que paguem os medicamentos que consomem (e não nos esqueçamos de acrescentar o enorme aumento do preço dos MNSRM, consequência directa de uma medida económica e tecnicamente errada de CC).
Em relação à prescrição, recordo dois aspectos perfeitamente absurdos da lei portuguesa:
- A existência de genéricos de marca (que apenas interessa à indústria e a quem quer cair nas suas boas graças...);
- O facto da comparticipação ser feita com base no Medicamento Genérico mais caro de um determinado grupo homogéneo (o que explica a inevitável supremacia da percentagem de PVP sobre a do número de embalagens consumidas).
Vladimiro Jorge Silva
8 Comments:
Os meus parabéns ao VJS por este excelente comentário. Mesmo que, como se antevê, outros possam ter opiniões diferentes sobre a matéria.
Há uma nota que quero deixar: por vezes somos tentados a pensar que a principal medida de contenção das despesas originadas em medicamentos tem a ver com a prescrição. Tal, em minha opinião, só em parte é verdade.
Com efeito, vivemos numa época de grande progresso tecnológico, de novas e frequentes descobertas apoiadas pela evolução das ciências biomédicas, da genética e de novas tecnologias, e a transposição desses novos recursos para a medicina não pode deixar de implicar custos acrescidos com a prestação de cuidados. A medicina, como as outras ciências, tem novas respostas para velhos problemas e defronta-se com problemas novos e isso tenm custos. Trata-se, afinal, do preço do crescimento sustentado da longevidade e das novas possibiliaddes de cura e prenção e ninguém será capaz de impedir que os médicos (prescritores) deixar de recorrer a novos recursos que a ciência disponibiliza.
Por isso se diz que a saúde não tem preço.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
São necessárias medidas urgentes relativamente aos prescritores.
São necessárias medidas urgentes drelativamente ao controlo das novas substâncias e das autorizações de comparticipação.
O Estado tem que conhecer muito bem onde gasta o dnheiro dos contribuintes.
Só devem ser autorizadas comparticipações de medicamentos que representem comprovadas efectivas vantagens terapêuticas para os doentes do SNS.
Vejamos o seguinte exemplo:
ÁCIDO ALENDRÓNICO 70 mg
Existem no mercado genéricos da Jaba, Ossys, arrowblue e farmoz, cujo PVP é de 24,05 euros, embalagens de quatro unidades.
Foi autorizado a comparticipação do Fosavance (75%geral/85% especial), cuja fórmula é constituída por ácido alendrónico + Colecalciferol, cujo PVP é de 37,07 €, embalagens de quatro unidades.
A mesma "vantajem" deste "me too" pode ser obtida através da administração do medicamento genérico desta sbstância (ácido alendrónico) mais uma cápsula de cálcio que não chega a custar um euro.
Será que as vantagens desta substância (fosavance) (mais cara do que os genéricos) justifica a comparticipação do estado?
Penso que relativamente a esta matéria há necessidade de redefinir critérios, reunir peritos, fazer avaliações rigorosas, fundamentar solidamente as propostas de autorização e criar mecanismos de supervisão destas decisões.
Quanto aos precritores é necessário por à sua disposição informação adequada, rigorosa e actualizada, promover a elaboração de protocolos e o trabalho de equipa com o pessoal farmacêutico e de enfermagem.
Pelo que entendi do anterior comentário do guidobaldo a nossa entidade reguladora do medicamento, no lugar de andar tão preocupada com as lojas de MNSRM, devia dedicar-se a outras actividades mais prementes, ou seja, na área das comparticipações o Infarmed não tem feito o trabalho de casa.
Põe-se à disposição dos médicos prescritores um leque de alternativas, muitas delas perfeitamente dispensáveis para o fim em vista que é o tratamento, o melhor possível, dos doentes do SNS, segundo critérios de eficiência terapêutica portanto, tornando o controlo sobre a actividade destes profissionais muito mais difícil.
Será que CC anda enganado ?
Ou será que sabe e não consegue ou não sabe como actuar ?
Temos todos que desenvolver um esforço para tornar esta área muito mais transparente.
Necessáriamente.
Parabéns ao VJS pelo excelente texto.
É decepcionante verificar como um ministro tão preparado, dum Governo com Maioria Absoluta,
não consegue efectuar reformas profundas, estruturais, numa área que gasta milhões e ameaça dizimar a curto prazo os orçamentos mais robustos da Saúde.
Tudo isto resultante de uma visão inquinada,unidimensional da área do medicamento.
Parabéns ao VJS pelo excelente post e pelo êxito no Mestrado.
Relativamente à acessibilidade houve algumas medidas visando um maior rigor com que concordo e cuja eficácia poderá ter efeitos perduráveis.
Vamos ver se CC não vai borrar a pintura com as alterações anunciadas dos regime especiais.
Muito importante é o que o guidobaldo refere sobre a actuação do Infarmed relativamente à comparticipação, nem sempre muito clara a dizer "o que quer, como quer e para que quer".
Devemos estar agradecidos ao grupo de especialistas da área do medicamento do Saudesa pelo excelente trabalho que têm desenvovido.
Parabéns ao VJS pelo texto desmistificador da notícia que fez as parangonas dos medias durnte duas semanas.
Os nossos jornalistas, cada vez mais impreparados, comem tudo o que lhes dão, incapazes de avançar o mas pequeno esboço crítico que seja.
De qualquer forma é de louvar a contenção do crescimento da despesa conseguida.
Vamos ver se CC tem arcaboiço para ir mais além.
Um abraço ao novo mestre.
Caros amigos: um grande abraço a todos!
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