sábado, novembro 25

Avaliação Centralizada (2)


Em comentário recente, a Clara criticava a
Avaliação Centralizada(link) , decidida por este Governo, relativamente à avaliação dos novos medicamentos hospitalares:

«Esta questão da centralização da avaliação económica dos novos medicamentos fez-me lembrar o que se passou na minha região em relação à política do território.
Numa zona ribeirinha foram mandadas demolir há uns anos atrás meia dúzia de vivendas de excelente traça arquitectónica (coisa rara).
A justificação dada pelas entidades competentes foi que a construção não se enquadrava no plano x de ordenamento do territóio.
Meia dúzia de anos passados, na mesma zona foi autorizado e construído um hotel. A área das referidas vivendas é agora ocupada por um extenso parque automóvel de alcatrão.
Ao retirar às Comissões de Farmácia e aos Conselhos de Administração dos hospitais a competência de avaliar os novos medicamentos, centralizando-a numa entidade cuja prática nesta matéria tem deixado muito a desejar (além do exemplo referido no post, muitos outros poderão ser dados), não estaremos a contribuir para facilitar à Indústria Farmacêutica o controlo sobre este processo, num futuro muito próximo.
Veremos o que acontecerá nos próximos tempos com o mercado dos DIMs para ver se eu tenho ou não razão.
Clara

Nota:
O caderno de economia do semanário Expresso (25.11.06) noticia que “uma onda de rescisões está a varrer os delegados de informação médica” (DIMs).
A Pfizer, Glaco Farmacêutica, Sanofi Aventis, Solvay Farma, Wyeth Lederle, Merck Sharp & Dohme, Bristol Myers Squibb e Serono estarão a negociar a rescisão dos contratos de trabalho de centena e meia de DIMs.

A Indústria Farmacêutica demonstra, uma vez mais, como é lesta a reagir às medidas do Governo e a adaptar-se ligeira aos novos tempos.
Uma vez retirado aos HHs a competência (responsabilidade) de avaliar os novos medicamentos, a intervenção dos DIMs junto das Comissões de Farmácia, Direcções Clínicas e dos médicos hospitalares, decresceu, naturalmente, de importância. Face ao novo cenário (avaliação centralizada), a Indústria achou necessidade de definir uma nova estratégia, através da reconverção de recursos, de forma a assegurar a continuidade da sua reconhecida agressividade de intervenção no mercado.

Eu entendo que a avaliação de novos medicamentos hospitalares deve ser efectuada centralizadamente por uma entidade competente, provida com os meios indispensáveis para levar à cabo tão difícil tarefa (não necessàriamente o Infarmed). Esta decisão envolve, naturalmente, novos riscos e desafios. À partida é necessário criar mecanismos de regulação adequados que salvaguardem a independência da entidade avaliadora.

Etiquetas:

3 Comments:

Blogger Clara said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

2:07 da tarde  
Blogger Clara said...

Não é por acaso que Portugal é o país da UE com mais DIMs por m2.

A referida notícia do Expresso refere a existência de 7887 DIMs (informação do Infarmed).

O que é que estes profissionais andavam a fazer?
Todos nós conhecemos mais ou menos situação.

Não são conhecidas quaisquer medidas de organização relativamente à nova entidade avaliadora.

Entretanto têm corrido notícias que está em organização uma nova entidade para a área do medicamento, tendo sido já endereçados convites a alguns peritos(?)da nossa praça.

Será que vai haver Nice?

2:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Recordam-se de que os DIMs chamavam-se anteriormente “Delegados de Propaganda Médica”, designação bem adequada à forma como exerciam as suas funções. E entravam às dúzias, hospital adentro, com liberdade total. A mudança não foi mais que amenização da designação porque a reconhecida agressividade de intervenção no mercado da Indústria Farmacêutica permaneceu, “está-lhe no sangue”, e não podemos estranhar ou reprovar que assim seja. Podemos é condenar os processos de que muitas vezes tem lançado mão. E, sobre os processos usados, não é preciso dizer nada, porque todos nos lembramos do que, recentemente, andou na ribalta.

Concordo com o Xavier, quando defende que “a avaliação de novos medicamentos hospitalares deve ser efectuada centralizadamente por uma entidade competente, provida com os meios indispensáveis para levar a cabo tão difícil tarefa (não necessariamente o Infarmed)…” Por que não concordaria, se até já temos um Formulário Nacional de Medicamentos? Seria a avaliação que possibilitaria a entrada no Formulário. Mas parece-me que esta medida deveria ser complementada com outra: até agora, tem havido, principalmente, Formulários aditivos (para os medicamentos extra-formulário). A partir da avaliação centralizada, o que se entenderá será que as entidades prestadoras elaborem, elas mesmas, o seu Formulário, de carácter restritivo, isto é, eliminando medicamentos ou submetendo a sua prescrição a justificação concreta, em função do perfil de cada entidade prestadora. Neste contexto, o papel e a responsabilidade das Comissões de Farmácia e Terapêutica dos HH não sairia fragilizado mas sim significativamente reforçado.

Compreendo os receios da Clara, mas parece-me que tudo se resume a haver ou não avaliação (aqui, do desempenho e não dos medicamentos). Se não houver, tudo ficará bem: em vez de uma medida, haverá mais um equívoco.

Aidenos

10:57 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home