domingo, outubro 28

Dois médicos

Duas opiniões sobre o Ministro da Saúde, António Correia de Campos
«O ministro não dialoga, toma decisões», diz, para acrescentar que a sua principal preocupação é «não esgotar o orçamento», algo que, a acontecer, e nos actuais moldes, significa apenas que o sistema não funciona. «Para ser bom [o Serviço Nacional de Saúde], tem de dar prejuízo, ou seja, tem de dar resposta. E dar resposta às necessidades pode significar um custo cada vez maior.»
Nuno Grande

«Podem achar que é graxa ao dr Correia de Campos, mas gosto de trabalhar com este ministro porque entende da Saúde. É muito difícil trabalhar com pessoas exteriores ao sistema, porque não sabem de Saúde e muitas das decisões que tomam são casuísticas. Este ministro e os secretários de Estado são pessoas do sistema e entendem o que estamos a dizer. Discuti muito com pessoas que não faziam a mínima ideia do que estavam a fazer e tomavam decisões que eram casuísticas.»
Sollari Allegro, TM n.º 1262 22.10.07

2 Comments:

Blogger e-pá! said...

Caro Xavier:

Duas opiniões que, necessariamente, tinham de divergir e, quanto a mim, no aspecto comparativo, não são particularmente felizes.
A não ser que o intuito seja mostrar a diversidade humana.

O Prof. Nuno Grande é vulto da Medicina Portuguesa a par de Abel Salazar e Corino de Andrade. Fundou (ajudou a erguer) o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. É professor da Faculdade de Medicina e foi distinguido com o título da Professor emérito da Universidade do Porto.
É, portanto, um pouco mais do que médico. É um insigne universitário no sentido nobre do termo.
Para além da sua actividade docente e de investigação que tem sido extremamente profícua, dedicou (e dedica apesar de problemas de saúde) parte substancial da sua vida a uma enérgica intervenção cívica e cultural na sociedade portuguesa.
Portanto, é um professor de Medicina brilhante e uma referência cívica.
É um homem que incorporou e tem vivido a máxima de Abel Salazar: "QUEM SÓ SABE MEDICINA, NEM MEDICINA SABE".

O Dr. Fernando Sollari Allegro é médico e especialista em Gastrenterologia.
Efectuou uma pós-graduação em Gestão e Economia da Saúde na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Foi director do Centro de Endoscopia Digestiva do Serviço de Gastrenterologia do HGSA e foi membro do Programa de Transplantação Hepático e prestou colaboração docente no ICBAS.
Em 1999 é eleito (tempos dos Eng. Guterrres...) Director Clínico do HGSA.
Desde 2002, até hoje que exerce por nomeação o cargo de presidente do Conselho de Administração do mesmo hospital. Há 8 anos que se embrenhou pelos caminhos da gestão. Embora parecendo que não um médico dificilmente resiste a um interregno tão longo. Torna-se um licenciado em Medicina o que, parecendo o mesmo, é diferente.

Quando o Prof. Nuno Grande publicamente se manifesta é uma das referências humanas e intelectuais deste País que fala.
Mais um estudioso das condições sociais, que se interroga. Não admira que a sua opinião incida essencialmente sobre o SNS.

Quando o Dr. Sollari Allegro fala é dificil distinguir o médico, que deverá carregar preocupações sociais, ou o graduado em Economia e Gestão da Saúde, embrenhado em preocupações orçamentais.
Aliás, gostos não se discutem e ninguém reprova que o Dr. Sollari Allegro goste de trabalhar com CC. Na verdade, para além da preferência actual, tem conseguido trabalhar com vários de várias cores. Neste aspecto é um homem eclético.

Portanto, dois médicos, dois destinos, dois tipo de mérito.

10:56 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Como diz o é-pá, são duas opiniões que necessariamente tinham que divergir.
Um, o Professor Nuno Grande, é um homem cujas carreias médica e académica falam por si. E sempre foi um homem independente do Poder. Mas a quem os detentores do Poder sempre respeitaram. E não deixou de manifestar simpatia pelo PS (tanto quanto me lembro).
Hoje o Professor Nuno Grande n~eo deve nada a ninguém.
O outro, o Dr. Sollari Allegro desempenha um cargo para o qual foi nomeado pelo Poder. E ele sabe que a sua continuação no cargo depende do Poder.
Aliás, ele próprio tem consciência disso quando começa por dizer "podem achar que é graxa" procurando com isso "vender" a neutralidade da sua opinião!
E, como se viu, S. Allegro também gostou de trabalhar com L.F.Pereira (ou esteve contra? Se esteve nunca o disse!).
Mas veja-se ainda, para que não restem dúvidas: Sollari Allegro não perdeu a oportunidade para abranger na sua apreciação os secretários de Estado (os dois, note-se!).
Está tudo dito.

7:50 da tarde  

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