Decisão certa ...(2)
Mais uma excepcional intervenção do Brites. link Pela oportunidade, pela argúcia, pela capacidade de distinguir o trigo do joio.
Pondo de lado acordos ou desacordos derivados de alinhamentos partidários, será forçoso identificar dois ciclos, na política de saúde e não só, delimitados pela mini-remodelação do governo. O primeiro caracterizou-se, a meu ver, pelo primado das razões da razão, ainda que a leitura dessas razões nem sempre fosse suficientemente fácil num primeiro contacto. Era o tempo de o que tem de ser tem muita força; o que sobrelevava era a aptidão das medidas para os resultados pretendidos – embora a sua coordenação nem sempre tenha sido optimizada –. O segundo leva ainda escasso tempo de desenvolvimento; os grandes objectivos não terão sido substituídos, pelo menos nas declarações públicas, mas, pelo já decorrido, não só na área da saúde – vide acordo com sindicatos dos professores, o processo de negociação e as cedências que o tornaram possível – parece acolher e conceder outra relevância às considerações de oportunidade. Não nego a importância destas, já que boas medidas fora de tempo ou de contexto deixam de o ser; limito-me a identificar uma diferença que parece já visível e que de resto foi mesmo anunciada.
A decisão certa anunciada por JS na AR – não fazer outros HH-PPP abrangendo a gestão do estabelecimento, pelo que o AS fica de fora – insere-se, claramente, no segundo ciclo. Como já tinha afirmado, não a contesto pelo seu conteúdo, mas pela sua fundamentação. Como diz LCC, “a decisão certa pelas piores razões: o reconhecimento da incapacidade e da debilidade do Estado. … E não estamos a falar tanto de capacidade técnica, mas antes da capacidade do Estado para enfrentar interesses num ambiente de incerteza”.
Pelo que respeita a capacidade técnica, a existente parece não ser muita, mas certamente, não será impossível reforçá-la, assim sejam tomadas as medidas adequadas a esse propósito. No privado e no sector público as pessoas são idênticas, só o contexto e as oportunidades são diferentes. Não há pecado original; o Estado é que não pode ignorar um objectivo que lhe é imprescindível.
Quanto à inexistência de “capacidade do Estado para enfrentar interesses num ambiente de incerteza”, meu Deus, onde estamos nós? Como pode assistir-se e deixar passar silenciosamente uma afirmação destas? Que hão-de esperar os cidadãos contribuintes e eleitores se os eleitos aceitam resignadamente que seja declarada a sua incapacidade para enfrentar interesses que não o interesse geral?
Como muito bem refere o Brites “São afirmações muito fortes mas que não podemos classificar de levianas, atendendo ao perfil de quem as produziu”. Tão fortes que, se as não tivesse lido, eu nem acreditaria que LCC as tivesse produzido.
Aidenós
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3 Comments:
AS DECISÕES POLUÍDAS QUE TEMOS ENGOLIDO...
A decisão de Sócrates JS anunciada na AR excluindo os próximos HH-PPP da gestão clinica e daministativa do estabelecimento, além de certa contém outros privilégios que não costumam dar à estampa em contratos (p-p) público privados.
Quando Luís Campos Cunha escreve: “A avaliar pela sua história, o contrato do Amadora- Sintra é o exemplo dum contrato com lacunas, insuficientemente acompanhado pelo Estado, que teve necessidade da intervenção dum tribunal arbitral para dirimir uma situação de conflito”.
Este arrazoado de indefinições ao contrário do que seria de esperar pretende definir, moldar, situações que, muito embora, não sejam exclusiva para as PPP, padecem de idênticos vícios:
1. excede largamente às capacidades de fiscalização do Estado
2. não se acomoda aos parâmetros de acompanhamento em funcionamento para empreendimentos estatais;
3. apropria-se das competências do Tribunal de Contas (substituindo-as por um
Tribunal Arbitral glosado – na sua independência - pelo Prof. Luís Campos.)
4. sujeitasse às mais desencontradas opiniões acerca da transparência destes parcerias, que sejamos claros, o cidadão classifica como “negócios” (tout court – sem qualquer qualificativo).
No artigo do Prof. L C Cunha analisam-se várias situações:
“Um contrato de gestão (apenas gestão) de uma grande infra-estrutura pública tem de ser um contrato de longo prazo. Pensar, delinear e negociar um contrato destes é muito difícil e o Estado não tem essa capacidade.”
A avaliação do Senhor Professor é, em termos de conhecimentos e da capacidade de aplicar esses saberes da Administração do Estado, i. e., dos seus agentes e funcionários no mínimo avara.
Foi a exagerada e selectiva propagação desta noção, nomeadamente no sector privado da economia (empresarial), que levou à contratação de um exército de assessores cujos custos não estão contabilizados (nem interessa que o sejam).
Por outro lado, técnicos abalizados como o Prof. PKM, aproveitam a onda e surfam como se tivessem rigorosamente contabilizado e analisado os desaires (só os desaires) das gestões das EPE’s….
É NECESSÁRIO UM ESTADO INVULNERÁVEL A INTERESSES. O NOSSO NÃO O É.
Caro Professor esta límpida verdade, cristalina, para além das sua objectividade, da sua matriz contundente, é a grande inferência do seu artigo.
O problema é imentemente ético.
Só que alguns pretendem substituir a ética pela opostunidade.
Infelizmente, vamos conhecendo os resultados à mistura com ameaças.
E, o caminho já percorrido, sugere-me uma inquietante pergunta:
- Sabendo das insuficiências como as conhecemos actualmente, como têm sido os negócios efectuados – entre o sector público-privado – ao longo do tempo?
Caro Xavier:
Mesmo num País vulnerável ao todos os interesses, legítimos e Ilegítimos, claros ou obscuros, na véspera - nesta especial véspera - encontro (vou remexer no baú das minhas recordações) a "minha" decisão certa - cantar a Liberdade.
"Viemos com o peso do passado e da semente
esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se ataca na torrente
e a sede de uma espera só se ataca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
só se pode querer tudo quanto não se teve nada
só se quer a vida cheia quem teve vida parada
só se quer a vida cheia quem teve vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
a paz o pão
habitação
saúde educação
só há liberdade a sério quando houver
liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir."
(Sérgio Godinho)
VIVA O 25 DE ABRIL!
E
A LIBERDADE DE MUDAR E DECIDIR!
A bronca mantida em segredo:
I can confirm that we issued a letter of formal notice to the Portuguese authorities, (the first step of an infringement procedure) in January this year. A reply from the Portuguese government has been received (10.04.2008). The reply is currently under examination by the Commission services. At this moment in time, no decision has been reached, one way or the other, about any possible future action. There is no further comment on this matter for the time being.
Catherine Bunyan
European Commission
DG Communication
Press Officer Enterprise and Industry: Internal Market and Services
Berl. 3/295 - ( tel. 02-299.65.12 - mobile - 04989 96512 - Ê fax 02-295.14.13
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