terça-feira, julho 15

Luís Portela


Pensou ser monge, mas escolheu seguir o caminho do avô e do pai. Assumiu a presidência da empresa com 29 anos e transformou a Bial na mais sólida e prestigiada farmacêutica nacional, a operar também no estrangeiro. link
(…) GHO que falta para o Estado olhar para a investigação não como uma despesa mas como um investimento que gera riqueza?
LP – Quando não há pão todos ralham e ninguém tem razão. É esta a situação.
Na Saúde não há dinheiro. As pessoas vivem mais e os anos que vivem, a mais, são anos de grande consumo. Superou-se tudo o que tinha sido previsto pelos teóricos que montaram os sistemas de saúde. Hoje não há dinheiro e, portanto, ou se aumentam os impostos ou diz-se à população que têm de pagar mais ou, então, corta-se o preço dos produtos dos fornecedores. O caminho mais fácil, na Europa em geral e em Portugal em particular, foi baixar os preços aos fornecedores, ou seja, fazer uma política social à custa do fornecedor. Isto pode ter custos enormes para o desenvolvimento económico e tecnológico do sector da Saúde. As empresas americanas já lideram o mercado mundial. A Europa tem menos de 30 por cento.

GHFoi por tudo isto que se viu obrigado a vender o centro de Bilbau?
LP
– Tivemos que vender mas vendemos muito bem, felizmente. Temos ali soluções tecnológicas para o futuro e é uma pena que não sejamos nós a explorá-las. É uma pena, mas não temos recursos para o fazer. Quando temos uma empresa nacional que investe em inovação, e de repente, por cortes no preço, se vê obrigada a vender um centro de tecnologia, renunciando a uma década de trabalho, é uma pena. (...)
entrevista de Marina Caldas, GH n.º 36

Etiquetas:

4 Comments:

Blogger Joaopedro said...

O que LP propõe para o SNS é do mais básico e injusto que eu já li.
Comparar o consumo de pão com cuidados de saúde para justificar o fim da gratuitidade não lembrava ao diabo.
Uma sociedade não solidária é uma sociedade sem viabilidade.
Certas elites da nossa sociedade pensam e agem completamente desfasadas do mundo em que vivemos. Não conseguem vislumbrar para além do circulo restrito dos seus negócioa.
Para que serve isolar não sei quantas moléculas se elas só servirão para tratar um número muito restrito de indivíduos da nossa sociedade. Precisamente aqueles que têm dinheiro para as comprar.
Uma sociedade sem SNS é desprovida de sentido.
Na nossa sociedade 35% dos pobres têm emprego. Acabar com o SNS tendencialmente gratuito configura uma catástrofe social inimaginável.

12:49 da tarde  
Blogger Hospitaisepe said...

Eles são loucos?



Porque é que finlandeses e alemães acreditam em nós, investindo milhões de euros na criação de centros de investigação e desenvolvimento na área das telecomunicações no nosso país ? Será que são loucos?

Vejamos. Há um ano, dois dos gigantes mundiais das telecomunicações fundiram-se, dando origem à Nokia Siemens Networks. Em Portugal, o novo conglomerado incorporou a área de telecomunicações da Siemens.

Pois bem, um ano depois do arranque, a Nokia Siemens Networks criou mais 466 postos de trabalho especializados em Portugal, resultantes: 1) do arranque em Maio de 2007 do Centro de Inovação de Aveiro, desenvolvido em parceria com a Universidade de Aveiro; 2) da criação, em Junho, de um novo Global Network Solutions Center em Lisboa, o segundo a nível mundial, como parte integrante da estratégia de serviços da NSN; 3) da criação em Setembro de um novo Centro de Inovação Global, no Taguspark, em Oeiras, como resultado da cooperação entre a NSN, a Universidade Técnica, o IST e a Tagusparque.

Mais recentemente, a NSN assinou um protocolo com a Universidade de Aveiro e a Fundação para a Ciência e Tecnologia, visando a criação de uma Cátedra NSN, com o objectivo de desenvolver projectos de investigação e desenvolvimento nas telecomunicações.

Pode dizer-se que se não fosse João Picoito, o principal responsável pela NSN em Portugal, todo este investimento não teria acontecido. Mas se Picoito não mostrasse resultados também não conseguiria convencer alemães e finlandeses a reforçar a aposta que estão a fazer em Portugal e nos nossos técnicos.

A resposta à pergunta inicial é que eles apostam e acreditam em nós porque obtemos resultados tão bons ou melhores que os outros centros da NSN. Ou seja, não, eles não são loucos.

nocolau santos, semanário expresso 12.07.08

Nunca há meios termos. Ora somos uns falhados ora somos os maiores.
Estamos a falar de casos excepcionais, embora germinados à sombra das universidades, o que não deixa de ser um excelente sinal.
Mas umas poucas andorinhas não fazem a primavera. É necessária inventar um desígnio nacional (além do pontapé na bola) capaz de lançar este país para a frente. Hernâni Lopes referiu esta semana o potencial do Alentejo e do cluster da saúde. Hotelaria e saúde em parceria para atrair os velhinhos da europa. Uma espécie de cuidados continuados para gente endinheirada.
Não me palpita.
Não há Infante Dom Henrique que nos safe!
Tenho esperança no Carlos Queirós.

1:52 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

«Quando temos uma empresa nacional que investe em inovação, e de repente, por cortes no preço, se vê obrigada a vender um centro de tecnologia, renunciando a uma década de trabalho, é uma pena»

Sem querer prejudicar o enorme mérito da gestão da Bial, sobre as queixas de LP relativamente aos apoios do Governo importa dizer o seguinte.

Na redução de preço dos medicamentos, determinada unilateralmente pelo Governo de José Sócrates, a Bial ficou isenta da obrigação de baixar o preço em seis por cento de 53 apresentações que se mantiveram assim no mercado ao preço antigo, devido ao facto de a Bial ter investido 13 milhões de euros em I&D no ano de 2004.

4:21 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Concorda com a reforma da Saúde? link
Estou de acordo com a generalidade das medidas que foram tomadas pelo Governo. Mais. Penso que a reforma tem de continuar e com alguma coragem política. Embora em relação ao medicamento me tenha custado ver o dinheiro dos portugueses utilizado para publicitar medicamentos-cópia – genéricos –, o que é a antítese do desenvolvimento que foi acarinhado no Plano Tecnológico. Isso é frustrante.
LP em entrevista ao semanário

Depois de vinte anos de patente os laboratórios estarão certamente devidamente compensados pelos investimentos da investigação.
Sendo certo que quando se fala de lucro nunca é demais.

1:05 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home