Privados e preconceitos
No seu artigo “Os Privados na Saúde” link, PKM brinda-nos, uma vez mais, com algumas ideias boas e outras originais. Pena é que as originais não sejam boas e as boas não sejam originais. No seu afã de defender os privados a todo o custo, PKM, nalgumas das suas crónicas, põe a nu o seu desígnio indo ao ponto de se contradizer.
Atente-se numa dessas ideias:
PKM >>Ainda assim, importa referir que não há evidência de que as PPP sejam uma mais valia para o Estado do ponto de vista da gestão de cuidados de Saúde. Pelo contrário. O sector privado tem enormes dificuldades em gerir e rentabilizar, como é seu objectivo natural, hospitais generalistas. Assim, recomenda-se a concentração do seu papel nas estruturas e nas tecnologias de diagnóstico no sentido de libertar recursos no lado do Estado. Este é um caminho para a sustentabilidade.<<
Atente-se numa dessas ideias:
PKM >>Ainda assim, importa referir que não há evidência de que as PPP sejam uma mais valia para o Estado do ponto de vista da gestão de cuidados de Saúde. Pelo contrário. O sector privado tem enormes dificuldades em gerir e rentabilizar, como é seu objectivo natural, hospitais generalistas. Assim, recomenda-se a concentração do seu papel nas estruturas e nas tecnologias de diagnóstico no sentido de libertar recursos no lado do Estado. Este é um caminho para a sustentabilidade.<<
O que PKM nos vem dizer é que em Saúde os Privados não têm vocação para gerir o que dá despesa sendo exímios administradores do que dá lucro - La Palice não diria melhor. Dito de outra forma, deixem-se os hospitais generalistas, com os seus doentes idosos, crónicos, com patologias pesadas, ao cuidado da gestão pública e entregue-se aos privados a “carne limpa da saúde” que são as especialidades médicas e cirúrgicas com forte componente de técnicas de imagem.
É, que se queira quer não, esta a filosofia do Sector Privado no nosso País, sempre mais preocupado em investir no que é rentável que em dar resposta às necessidades de Saúde Pública. Tal não significa porém que não tenham um papel a desempenhar particularmente na área do ambulatório, onde é preciso aproveitar a sua vocação para tratar patologias simples que exigem procedimentos de fácil reprodução, numa perspectiva de complementaridade ao SNS.
É, que se queira quer não, esta a filosofia do Sector Privado no nosso País, sempre mais preocupado em investir no que é rentável que em dar resposta às necessidades de Saúde Pública. Tal não significa porém que não tenham um papel a desempenhar particularmente na área do ambulatório, onde é preciso aproveitar a sua vocação para tratar patologias simples que exigem procedimentos de fácil reprodução, numa perspectiva de complementaridade ao SNS.
Não se trata pois de uma questão de preconceitos em relação aos Privados, é o próprio PKM a reconhecer que não lhes está na massa do sangue gerir e rentabilizar hospitais generalistas, que é o que são a grande maioria das unidades do SNS. Parece-me pois que mais importante que invocar em defesa dos privados modelos de saúde de outros países é atentar na realidade do País que somos e discutir medidas para melhorar o SNS que temos.
Tá visto
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11 Comments:
O professor esqueceu-se do que já havia dito antes.
O certo é que o tom das crónicas de PKM têm vindo a crescer de tom. A denotar um grau crescente de impaciência, agressividade.
A consistência é a do costume.
Estamos num momento chave da nossa política onde muitos julgam ter chegado o momento de jogar forte na concretização das suas ambições pessoais.
Não se sabe bem porquê, nem com que méritos, ultimamente têm sido lançados alguns nomes na praça pública como eventuais candidatos ao MS: Adalberto Campos Fernandes pela área do PS e PKM da área do PSD.
Talvez isto explique o recente crepitar de agressividade destas últimas crónitas, bem, como referiu o e-pá, o facto de agora PKM sair à liça de peito feito.
A Manela e os seus assessores, por certo, estarão atentos às gracinhas de tão ilustre candidato.
A proposta para o debate colocada pelo Prof. Paulo Moreira é no sentido de não cairmos na demagogia dominante, mais concretamente por efeito da estratégia de reeleição de Sócrates que passa por piscar o olho aos eleitores do Bloco (e simpatizantes futuros protenciais eleitores) através de um extremar de posições negativas em relação ao sector privado na saúde. Em todos os países europeus há um papel importante para o sector privado na saúde que não coloca em causa o sector público. Para Portugal é importante que se discuta um papel para os privados na saúde. Um papel equilibrado, pensado com estratégia e sobretudo que promova o melhor interesse do país e dos seus cidadãos. Um sector privado devidamente integrado no SNS é melhor que um sector privado a entrar furtivamente nos 'negócios' do SNS. Essa é a mensagem que está nas entrelinhas destes artigos recentes de Paulo Moreira. As conversas que temos tido pessoalmente sobre este assunto, e a sua experiência internacional, permitiu-me compreender que é importante e urgente termos este debate em Portugal.
Na medida em que as finanças públicas têm e terão pouco espaço para investimentos sérios, estratégicos e estruturantes para a criação de novas respostas sociais, e uma vez que Sócrates está a gastar parte substantiva do QREN para a sua campanha de reeleição, corremos o risco de ficar impossibilitados de garantir espaço orçamental para investimentos públicos nas novas tecnologias da saúde. Essa alternativa deverá vir de outras fontes e todos nós economistas sabemos que as alternativas de financiamento dos privados são muito mais diversificadas e flexiveis que as do Estado.
Não vejo incoerência nenhuma nas reticências que Paulo Moreira tem em relação ao modelo das PPP de que colocaram um extracto antigo num dos comentários anónimos. É que, precisamente o modelo das PPP que estamos a implementar é que é uma forma furtiva para o privado entrar no SNS sem garantias do melhor interesse público! Paulo Moreira alterou a tempo para essa situação. O que não impede que haja uma papel para o sector privado no SNS. MAs não o que lhe está a ser permitido com as PPP...
Relativamente às ideias de Manuel Delgado, o ídolo da Clara, são do mais óbvio e básico da literatura da gestão e política de saúde. E deixa-nos, como habitualmente no seu discursos redondo, sem corgame e sem norte, sem resposta: como vamos melhorar o SNS aproveitando as mais-valias que o privado oferece conforme vemos no resto da Europa acontecer?
Não há nada escondido no pensamento de Paulo Moreira. Há apenas a capacidade de ver um pouco mais além que a maioria dos comentadores deste blogue.
Epá, tomara Ferreira Leite que Paulo Moreira aceitasse ajudá-la nas questões da saúde. Seria a garantia de que teríamos consciência social e seriedade nas propostas e política de saúde do PSD. Mas parece que não vai ser assim. A V. teoria da conspiração cai sempre que nem um baralho de cartas.
Mas voltando ao assunto que interessa, como sugeriu xavier, é pena que não estejamos a ver o assunto com mais profundidade e para além do julgamento preconceituoso e fulanizado.
Meu caro daniel,
Não é a primeira vez que da parte dos advogados (digamos assim) de PKM se invoca o facto de quem escreve neste blogue e crítica o seu pensamento, o fazer a coberto do anonimato. Pretende-se desta forma lançar a suspeição de falta de coragem ou de irresponsabilidade, de quem critica utilizando, porém, a mesma regra do anonimato. Quero dizer-lhe que da minha parte há total disponibilidade em partilhar consigo o e-mail, com dados biográficos e fotografia se assim o desejar.
Como bem reconhece no seu comentário, o extracto em análise é da autoria de PKM. Diz que é antigo. Bem, a filosofia de PPP é, na história do nosso SNS, um facto recente. Provavelmente, da mesma maneira que considera que há em PKM a capacidade de ver um pouco mais além que a maioria dos comentadores deste blogue, admite que a ideação do Professor seja tão célere que o referencial de tempo do cidadão comum não se lhe aplica.
A este propósito deixe-me dizer-lhe que tivemos em tempos como Ministro das Finanças um académico que pela excentricidade do seu pensamento e pela forma como estava desligado da realidade, foi alcunhado de “adiantado mental”. Como saberá, nestas coisas o Povo é lixado e não perdoa. Hoje poucos se lembrarão do seu nome e muito menos da sua obra.
Discordando de muitas das ideias de PKM, não o tenho na conta de irresponsável e muito menos de incapaz. Seria bom que os seus heterónimos o não estragassem, idolatrando-o, para não vermos reproduzida na área da Saúde o exemplo que acima citei, caso o Professor venha um dia a ter responsabilidades governativas.
A proposta para o debate colocada pelo Prof. Paulo Moreira é no sentido de não cairmos na demagogia dominante, mais concretamente por efeito da estratégia de reeleição de Sócrates que passa por piscar o olho aos eleitores do Bloco (e simpatizantes futuros protenciais eleitores) através de um extremar de posições negativas em relação ao sector privado na saúde. Em todos os países europeus há um papel importante para o sector privado na saúde que não coloca em causa o sector público. Para Portugal é importante que se discuta um papel para os privados na saúde. Um papel equilibrado, pensado com estratégia e sobretudo que promova o melhor interesse do país e dos seus cidadãos. Um sector privado devidamente integrado no SNS é melhor que um sector privado a entrar furtivamente nos 'negócios' do SNS. Essa é a mensagem que está nas entrelinhas destes artigos recentes de Paulo Moreira. As conversas que temos tido pessoalmente sobre este assunto, e a sua experiência internacional, permitiu-me compreender que é importante e urgente termos este debate em Portugal.
Joapedro está a promover um equívoco. É evidente que nem Adalberto C. Fernandes nem Paulo Moreira têm quaisquer méritos para serem candidatos a MS. No que diz respeito ao Prof. PM, que conheço bem mas não sou heterónimo, nem vejo como seria possível. Na João Crisóstomo precisa-se de gente capaz de se submeter aos lobbies e aceite as regras dos interesses instalados. Não é o caso. Manuel Delgado, Ana Escoval, Jorge Simões, António Teixeira, Manuel Pizarro entre mais alguns são os nomes de um possível MS do PS em 2009. Caia na real joapedro e discuta os assuntos sérios que interessam ao melhor Futuro do SNS e da sua relação com os privados neste caso.
Aliás, a praça pública é o que está acontecer na quinta da fonte aí para os lados de Lisboa.
Na medida em que as finanças públicas têm e terão pouco espaço para investimentos sérios, estratégicos e estruturantes para a criação de novas respostas sociais, e uma vez que Sócrates está a gastar parte substantiva do QREN para a sua campanha de reeleição, corremos o risco de ficar impossibilitados de garantir espaço orçamental para investimentos públicos nas novas tecnologias da saúde. Essa alternativa deverá vir de outras fontes e todos nós economistas sabemos que as alternativas de financiamento dos privados são muito mais diversificadas e flexiveis que as do Estado.
Não vejo incoerência nenhuma nas reticências que Paulo Moreira tem em relação ao modelo das PPP de que colocaram um extracto antigo num dos comentários anónimos. É que, precisamente o modelo das PPP que estamos a implementar é que é uma forma furtiva para o privado entrar no SNS sem garantias do melhor interesse público! Paulo Moreira alterou a tempo para essa situação. O que não impede que haja uma papel para o sector privado no SNS. MAs não o que lhe está a ser permitido com as PPP...
Relativamente às ideias de Manuel Delgado, o ídolo da Clara, são do mais óbvio e básico da literatura da gestão e política de saúde. E deixa-nos, como habitualmente no seu discurso redondo, sem coragem, sem norte, sem resposta: como vamos melhorar o SNS aproveitando as mais-valias que o privado oferece conforme vemos no resto da Europa acontecer?
Não há nada escondido no pensamento de Paulo Moreira. Há apenas a capacidade de ver um pouco mais além que a maioria dos comentadores deste blogue.
Epá, tomara Ferreira Leite que Paulo Moreira aceitasse ajudá-la nas questões da saúde. Seria a garantia de que teríamos consciência social e seriedade nas propostas e política de saúde do PSD. Mas parece que não vai ser assim. A V. teoria da conspiração cai sempre que nem um baralho de cartas.
Mas voltando ao assunto que interessa, como sugeriu xavier, é pena que não estejamos a ver o assunto com mais profundidade e para além do julgamento preconceituoso e fulanizado.
Tá visto, o extracto de PM que refere está no seu livro 'Políticas de Saúde' e num dos textos sobre as PPP que vale a pena ler, sim senhor.
Caro daniel:
Não sei se aquela referência do "Epá" (no penúltimo parágrafo) era-me dirigida...
De qualquer maneira, aproveito a deixa para levantar uma questão que, nos últimos tempos, intriga-me.
São problemas de acompanhamento de um Partido que, num ano, vai no 3º. líder.
Alguém sabe quem é o actual respnsável do PSD ou o conselheiro da Profª Manuela, para a área da Saúde?
Não o vejo como assessor ou colaborador do Dr. Jorge Varanda (que também não sabemos se cessou as anteriores funções). Ou será a Regina Bastos?
Intrigante. Ou melhor, nada me intriga desde que não seja a Zita Seabra.
Mas o Prof. PKM, pela virulência do actual discurso, tem outros projectos, outros alvos (está a "atirar" na corrente privatizante..., enfim, está a expôr-se) muito embora o seu admirador "Daniel", acha que a Senhora não lhe merece essa distinção.
É só esperar.
Em Portugal, estes segredos de polichinelo, duram pouco tempo...
É curioso o "Daniel" não deixar nenhum palpite sobre o texto do Contra Corrente. Era uma análise destas, idependentemente do ponto de vista a defender, que eu gostava de ver o PKM deitat cá para fora.
Por outro lado, o "Daniel" ainda não conseguiu justificar a contradição doutrinária de PKM, ilustrada através do excerto trazido pelo Tá visto.
Que tal trecho tenha sido escrito só a pensar nas PPPs não cola.
Afinal qual é o papel reservado ao sector privado, segundo o pensamento do professor? Admirador confesso da gestão do grupo Mello do Hospital Amadora Sintra (o tal da qualidade totat),afinal, uma PPP (que o PKM diz ser uma solução a rejeitar).
São contradições a mais, convenhamos, para que a gente se possa entender.
daniel diz:
Na medida em que as finanças públicas têm e terão pouco espaço para investimentos sérios, estratégicos e estruturantes para a criação de novas respostas sociais, e uma vez que Sócrates está a gastar parte substantiva do QREN para a sua campanha de reeleição, corremos o risco de ficar impossibilitados de garantir espaço orçamental para investimentos públicos nas novas tecnologias da saúde. Essa alternativa deverá vir de outras fontes e todos nós economistas sabemos que as alternativas de financiamento dos privados são muito mais diversificadas e flexiveis que as do Estado.
Não sou economista, mas penso que a ideia que aqui expõe é a do cartão de crédito. Ou seja, O Estado não tem dinheiro, endivida-se aos privados e paga mais tarde com juros. Neste caso agravados pois à valorização do dinheiro há a somar as mais-valias inerentes ao negócio. Não estamos a falar de auto-estradas ou de barragens, onde se pode aplicar o princípio do utilizador pagador, mas de tecnologias de saúde onde o investimento praticamente não é reembolsável. Admito que as fontes de financiamento dos privados sejam mais flexíveis mas os juros a pagar pelo Estado serão muito superiores aos contraídos por divida pública.
Caso não tenha tido oportunidade, recomendo-lhe que ouça o que tem dito Medina Carreira sobra a situação da divida externa do País. É assustador sabermos que a mesma atingirá rapidamente o valor do PIB e, a perpetuar-se esta mentalidade do cartão de crédito, das duas uma, ou ferramos o calote ou condenamo-nos como Nação.
Quando CC era MS, parecia haver em relação ao pensamento de PKM um certo constangimento. Depois da saída de Correia de Campos o professor libertou-se. Passou a dizer mais o que lhe vai na alma.
Não tenho dúvidas que o profesor reflecte sobre policies, mas a sua intervenção no DE tem um objectivo claro de intervenção no plano da politics da nossa Saúde.
É mais esta componente que faz com que, a cada nova crónica, se estabeleça prá aqui esta habitual animação.
Encerram as urgências em Trás-os-Montes e no Alentejo com promessas de meios aérios. Afinal, onde estão os helicopteros ? Oiça aqui a entrevista do presidente do INEM à Antena 1:
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=94&visual=26
Faço votos para que os helicopteros não sejam utilizados para passeios turisticos como aconteceu, aqui há anos atrás, com o hélio de combate aos fogos florestais.
Só mesmo CC se havia de lembrar de dar este presente caro e desnecessário às boas gentes do interior.
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