Recados...
foto site PR, cerimónia da AR, 25.04.09
Alguns sectores da opinião, publicada, bem como alguns lídimos representantes desta nova casta, da intelectualidade opinativa, que são os politólogos têm vindo a referir-se, com refinado apuro, ao novo exercício presidencial na arte de “mandar recados”. Não sabemos se estamos perante uma nova leitura dos velhos princípios enunciados, na década de oitenta, por Mário Soares relativamente à “magistratura de influência”.
Todos sabemos que o actual PR vive refém de uma grande rigidez intelectual. Talvez por isso estejamos apenas perante uma simples variação da “cooperação estratégica”. Só que desta vez a cooperação não será com Sócrates mas sim com Manuela Ferreira Leite.
Mas o que pretenderá, afinal, o senhor Presidente da República?
Num momento de tão grande preocupação esperaríamos dele uma palavra de motivação, de segurança, de conforto, de incentivo à auto-estima colectiva. Esperaríamos visão estratégica, confiança e certeza no rumo. Esperaríamos que reconhecesse que o monstro financeiro especulativo que nasceu, em Portugal, na década em que partilhou responsabilidades governativas com MFL foi um logro desastroso. Esperaríamos que reconhecesse que lamenta ter contribuído para dar protagonismo a personalidades como Dias Loureiro que, em si mesmo, representa o “yuppismo pacóvio” e oportunista que emergiu nessa já longínqua década. Esperaríamos que não se limitasse às “tags” “endividamento” e “obras públicas” e nos preenchesse a alma com uma reflexão, ainda que filosófica, sobre o modo como podemos sair da crise. Esperaríamos que nos ensinasse a pensar, a reflectir e a mudar…
Estamos certos de que o senhor Presidente da República compreenderá que é normal que todos nós, de um Presidente da República, esperemos qualquer coisa de diferente, até mesmo de transcendente.
Afinal não será esse o desiderato do mais alto magistrado da Nação…
Todos sabemos que o actual PR vive refém de uma grande rigidez intelectual. Talvez por isso estejamos apenas perante uma simples variação da “cooperação estratégica”. Só que desta vez a cooperação não será com Sócrates mas sim com Manuela Ferreira Leite.
Mas o que pretenderá, afinal, o senhor Presidente da República?
Num momento de tão grande preocupação esperaríamos dele uma palavra de motivação, de segurança, de conforto, de incentivo à auto-estima colectiva. Esperaríamos visão estratégica, confiança e certeza no rumo. Esperaríamos que reconhecesse que o monstro financeiro especulativo que nasceu, em Portugal, na década em que partilhou responsabilidades governativas com MFL foi um logro desastroso. Esperaríamos que reconhecesse que lamenta ter contribuído para dar protagonismo a personalidades como Dias Loureiro que, em si mesmo, representa o “yuppismo pacóvio” e oportunista que emergiu nessa já longínqua década. Esperaríamos que não se limitasse às “tags” “endividamento” e “obras públicas” e nos preenchesse a alma com uma reflexão, ainda que filosófica, sobre o modo como podemos sair da crise. Esperaríamos que nos ensinasse a pensar, a reflectir e a mudar…
Estamos certos de que o senhor Presidente da República compreenderá que é normal que todos nós, de um Presidente da República, esperemos qualquer coisa de diferente, até mesmo de transcendente.
Afinal não será esse o desiderato do mais alto magistrado da Nação…
olho vivo
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3 Comments:
Este 25 de Abril o PR até deu um ar da sua graça ao afirmar na AR: «Gestores financeiros imprudentes ou incompetentes, e outros pouco escrupulosos ou dominados pela avidez do lucro a curto prazo, abusaram da liberdade do mercado e da confiança dos cidadãos, com gravíssimas consequências para as condições de vida de milhões de pessoas.
Só poderemos estar seguros de que uma tal situação não se repetirá se a dimensão ética e a responsabilidade social ocuparem um lugar central no desenho das novas regras de controlo e supervisão das instituições e dos mercados financeiros." »
ILUSÕES & SONHOSO discurso proferido pelo PR no 25 de Abril foi uma prédica sobre as ilusões.
Como é seu timbre de Cavaco baralhou tudo, voltou a dar cartas, não detrunfou e o jogo continuou empatado.
Quando se teoriza sobre as ilusões, trazemos à luz do dia algo que pertence ao mundo do sonho.
Distanciamo-nos da realidade e aparecemos com ar de obrigação, nitidamente, a fazer um frete, cravo escondido no bolso de um fato acabadinho de estrear e, o futuro, prega-nos a partida, manchando-nos o forro de cetim...
Por isso, prefiro, a mil léguas, a reflexão de Fernando Pessoa, quando não tinha ocorrido qualquer 25 de Abril, o País mantinha-se expectante, os políticos periclitantes e os cidadãos ansiosos e inquietos.
Transferindo-se do reino da utopia para a república da autenticidade.
Sonhos sem Ilusões
Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos.
Atingirás assim o ponto supremo da abstenção sonhadora, onde os sentimentos se mesclam, os sentimentos se extravasam, as ideias se interpenetram.
Assim como as cores e os sons sabem uns a outros, os ódios sabem a amores, e as coisas concretas a abstractas, e as abstractas a concretas.
Quebram-se os laços que, ao mesmo tempo que ligavam tudo, separavam tudo, isolando cada elemento.
Tudo se funde e confunde.
in 'O Livro do Desassossego'
Embora sem opção partidária, perante as opções que se ofereciam fui votante, ainda não arrependido, de Cavaco Silva na eleição como PR. Além disso, ponho algum esforço em não ter a memória curta. Todos se recordarão de que o argumento em que mais se insistiu durante a campanha que precedeu a eleição, foi o de que CS, pelos seus antecedentes e pelo que se conhece do seu perfil, teria sérias dificuldades para não por em risco o respeito pelo texto constitucional. Não podemos, pois, surpreender-nos, antes deveríamos esperar, que desse particular atenção à delimitação de poderes, tal como a Constituição os define. Ora, o que se verificou foi que foram os partidos – inicialmente todos, no caso do Estatuto da RA dos Açores e, depois o PS – que se desviaram da Constituição. Foi isto que disseram os mais reputados constitucionalistas, mesmo os que não podem ser conotados de alinhamento político com CS, como suponho ser o caso de VM, citado a título de exemplo. Mais ainda, mesmo nas medidas escolhidas para tentar impedir o desvio à CRP, a leitura que faço é a de que CS procurou que o afrontamento fosse mínimo, dando à AR a oportunidade de ser ela própria, e não o TC, a rectificar o desvio. Foi ingénuo? Talvez, mas o que concluo é que retirou razão a quem pretenda acusá-lo de quebra de colaboração estratégica e institucional.
A maior parte das vezes aprecio e estou de acordo com as intervenções do olho vivo, mas não agora. Na senda do comentário do tambemquero, considero que, na AR e na comemoração do 25.04.74, CS disse o que devia ter dito e omitiu o que, no momento, ficaria descabido. Noutras oportunidades, e tendo em vista a grave situação de crise, não deixou de produzir “a reflexão, ainda que filosófica, sobre o modo como podemos sair da crise” pedida pelo olho vivo. Ensinar “a pensar, a reflectir e a mudar…”? Mas, não é isso o que, sem grande sucesso, CS tem tentado? Acontece que qualquer mensagem (recado lhe chama o olho vivo, mas não JS) precisa de um emissor e de um receptor. Nunca haverá mensagem se apenas ouvirmos o que queremos ouvir.
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