O “negocismo” ao rubro…
Ordem dos Médicos alerta para riscos de novo site que dá uma segunda opinião aos doentes link
Portal Segunda Opinião Médica nasce hoje e conta com mais de 150 especialistas. Mas a Ordem coloca em causa a legalidade do que diz ser um negócio. A partir de hoje um grupo de mais de 150 médicos vai estar disponível para dar uma segunda opinião médica através da Internet, em apenas 72 horas. O portal segunda opinião medica link, pioneiro no país, não é, contudo visto com bons olhos pela Ordem dos Médicos. O bastonário, Pedro Nunes, disse ao PÚBLICO que não foi informado na existência do site e deixou claro "que isto não é medicina, nem pode ser visto como um acto médico".
O portal permite que o utilizador, mediante o pagamento de 60 euros, enderece perguntas a um dos médicos disponíveis dentro de 78 especialidades. Poderá ainda digitalizar os exames médicos que tenha na sua posse ou enviá-los por correio para que o clínico complete a sua análise.
Para Pedro Nunes "este tipo de negócio não é reconhecido pela Ordem dos Médicos pois não pode haver uma opinião médica sem uma observação do doente, nem que seja através de um interface como são as videoconferências". O bastonário lamenta "que esta má prática" tenha agora chegado a Portugal e alerta para o problema da "responsabilidade criminal quando algum doente abandonar um tratamento". Pedro Nunes deu como exemplo o caso da Oncologia "onde as decisões são tomadas em consultas de grupo" pelo que não se coadunam com uma "opinião virtual individual". Fonte do Ministério da Saúde confirmou ao PÚBLICO que também não sabia do projecto, assim como a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde que, por sua vez, tenciona contactar a Ordem após o lançamento oficial do site.
Apesar de o bastonário não conhecer o projecto, um dos pioneiros a aderir foi o presidente do conselho regional de Imunoalergologia da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos. José Pedro Moreira da Silva destacou que "o portal não substitui as consultas" e lembrou será emitida "uma opinião baseada naquilo a que têm acesso", podendo não formular nenhuma posição. Já Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, que está entre os 150 nomes, explicou que vai "imperar o bom senso", mas lamentou que não se tenha esperado por uma posição da Ordem.
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Portal Segunda Opinião Médica nasce hoje e conta com mais de 150 especialistas. Mas a Ordem coloca em causa a legalidade do que diz ser um negócio. A partir de hoje um grupo de mais de 150 médicos vai estar disponível para dar uma segunda opinião médica através da Internet, em apenas 72 horas. O portal segunda opinião medica link, pioneiro no país, não é, contudo visto com bons olhos pela Ordem dos Médicos. O bastonário, Pedro Nunes, disse ao PÚBLICO que não foi informado na existência do site e deixou claro "que isto não é medicina, nem pode ser visto como um acto médico".
O portal permite que o utilizador, mediante o pagamento de 60 euros, enderece perguntas a um dos médicos disponíveis dentro de 78 especialidades. Poderá ainda digitalizar os exames médicos que tenha na sua posse ou enviá-los por correio para que o clínico complete a sua análise.
Para Pedro Nunes "este tipo de negócio não é reconhecido pela Ordem dos Médicos pois não pode haver uma opinião médica sem uma observação do doente, nem que seja através de um interface como são as videoconferências". O bastonário lamenta "que esta má prática" tenha agora chegado a Portugal e alerta para o problema da "responsabilidade criminal quando algum doente abandonar um tratamento". Pedro Nunes deu como exemplo o caso da Oncologia "onde as decisões são tomadas em consultas de grupo" pelo que não se coadunam com uma "opinião virtual individual". Fonte do Ministério da Saúde confirmou ao PÚBLICO que também não sabia do projecto, assim como a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde que, por sua vez, tenciona contactar a Ordem após o lançamento oficial do site.
Apesar de o bastonário não conhecer o projecto, um dos pioneiros a aderir foi o presidente do conselho regional de Imunoalergologia da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos. José Pedro Moreira da Silva destacou que "o portal não substitui as consultas" e lembrou será emitida "uma opinião baseada naquilo a que têm acesso", podendo não formular nenhuma posição. Já Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, que está entre os 150 nomes, explicou que vai "imperar o bom senso", mas lamentou que não se tenha esperado por uma posição da Ordem.
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Aí estão eles hiperactivos e ansiosos pela liberdade de escolha, pela concorrência, pelo marketing na saúde, enfim pelo “mercado”…
Ao analisarmos a lista de médicos aderentes nada nos surpreende. Para além de umas dezenas de ilustres desconhecidos surgem os habituais “empreendedores” cuja vocação médica há muito foi superada pela vocação comercial seja pelas estreitas relações com a IF seja com a atracção pela “medicina comercial” nas suas mais criativas variantes e expressões.
Depois da Clínica de Lagoa em estilo de minimercado da saúde aparece agora esta iniciativa que ilustra a avidez pelo negocismo médico e pela esperteza saloia. Tudo em nome da modernidade, da inovação e da “excelência”.
Quanto à existência de um sistema de saúde baseado no rigor e na prática de uma medicina clínica de base científica orientada pelos valores éticos e morais da profissão não vale a pena insistir porque estas tribos de comerciantes nem sequer compreendem a linguagem.
Se esta não resultar ainda fazem um acordo com a Wii para check-up’s virtuais em que se pode escolher o vestuário e a cor do cabelo do médico virtual.
É por isso que temos de resistir na defesa do SNS.
Ao analisarmos a lista de médicos aderentes nada nos surpreende. Para além de umas dezenas de ilustres desconhecidos surgem os habituais “empreendedores” cuja vocação médica há muito foi superada pela vocação comercial seja pelas estreitas relações com a IF seja com a atracção pela “medicina comercial” nas suas mais criativas variantes e expressões.
Depois da Clínica de Lagoa em estilo de minimercado da saúde aparece agora esta iniciativa que ilustra a avidez pelo negocismo médico e pela esperteza saloia. Tudo em nome da modernidade, da inovação e da “excelência”.
Quanto à existência de um sistema de saúde baseado no rigor e na prática de uma medicina clínica de base científica orientada pelos valores éticos e morais da profissão não vale a pena insistir porque estas tribos de comerciantes nem sequer compreendem a linguagem.
Se esta não resultar ainda fazem um acordo com a Wii para check-up’s virtuais em que se pode escolher o vestuário e a cor do cabelo do médico virtual.
É por isso que temos de resistir na defesa do SNS.
Saloio
Etiquetas: Público e privado
6 Comments:
Até proponho a tão inauditos pioneiros da modernidade medicinal desencadeiem o processo de constituição de um OUTLET DA SAÚDE !!!
Tudo a bem dos pacientes...claro!
Façam uma Fundação...sempre tem mais charme...
Portugal está a converter-se num país de feirantes de pechisbeques.
Por este andar ainda vamos ter a estilista Fátima Lopes ministra da cultura do governo do Passos Coelho.
Excelente post.
«Quanto à existência de um sistema de saúde baseado no rigor e na prática de uma medicina clínica de base científica orientada pelos valores éticos e morais da profissão não vale a pena insistir porque estas tribos de comerciantes nem sequer compreendem a linguagem.»
É claro que não entendem.
Estes vendilhões do templo têm vindo a ser ensinados, há décadas, pela Indústria na arte de bem cavalgar cifrões a toda a sela.
Uma insana aventura...
A "Central de vendas a retalho de opiniões médicas" - as que o "cliente" desejar ou aguentar pagar - pretende ser um arremedo de Medicina [como diriam uns consagrados humoristas: uma espécie de...].
Mas é pior. Não passa de uma insensata aventura.
Para além das questões científicas, éticas e morais, levantadas no post, para a OM existirá uma grave e incontornável questão deontológica.
E aí - no terreno deontológico - a OM tem todas as possibilidades de actuar. Não basta questionar ou vir a terreiro criticar esta insólita perversão do acto médico, da devassidão das relações interpares.
Por outro lado, e talvez o mais importante , o total entorse da personalizada e sigilosa relação médico-doente... A sua total descaracterização!
Aguardemos futuros desenvolvimentos...
Diz o Dr. Carrageta que irá imperar o bom senso nesta coisa a que deram o nome de “portal segunda opinião”. Poderá imperar a vaidade, eles apreciam-se; a cupidez, eles adoram o vil metal; a soberba, eles nem precisam de ver o doente. Poderá reinar muita coisa mas bom senso é que não existirá por certo neste portal de ilusões. É que se houvesse bom senso nem lhes passaria pela cabeça poder colaborar numa iniciativa deste tipo.
Que cegueira. Agora culpam a Indústria de tudo.
è disto que o povo gosta. caça às bruxas.
Sei que já tenho alguma idade, mas ainda estou lúciso. Qualquer iniciativa, boa ou má, dêem na indústria. É bonito.
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