Liberal de Pacotilha
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Nota: Que me perdoe o MVC. A "doença infantil" do PPC, que refere, é apenas manifestação da corrente serôdia nacional denominada por neoliberalismo de pacotilha à portuguesa. Um misto de falta de cultura e impreparação, próprio de um produto feito à pressa. Tipo pudim "Boca Doce". Concebido para enganar a saloiada do costume.
A “doença infantil” de Passos Coelho
O radicalismo anarquista de Passos Coelho está para a ortodoxia neoliberal como outrora o “esquerdismo”, para a ortodoxia leninista. É uma “doença infantil”: diagnóstico que o próprio Cavaco Silva, decerto, subscreveria de bom grado.
No momento em que as duas maiores economias do mundo, os Estados Unidos e a China, são aquelas em que o Estado tem um papel importante na economia, só mesmo por pueril aventureirismo é que alguém se lembra de terçar armas tão furiosamente contra a despesa pública e fazê-lo como quem descobriu uma solução milagrosa. Nenhuma economia do mundo sobreviveria à receita, muito menos a economia portuguesa. E convém que falemos somente de economia, e de economia de mercado, e de ordem neoliberal — os únicos valores a que o autor da receita dá valor, sem perceber que também está do mesmo passo a liquidá-los.
Qual seria o modelo dessa receita milagrosa? Excluída a China, por ser uma economia “demasiado” estatizada (continuamos a abstrair dos valores), restam os Estados Unidos, como modelo da economia de mercado.
Mas os Estados Unidos têm o maior orçamento militar do mundo. A fatia da despesa pública norte-americana com a máquina de guerra é quase metade do orçamento da defesa de todos os Estados do mundo juntos. Corresponde sensivelmente a um quarto do orçamento federal e não anda longe dos 5% do PIB.
Será que esse dinheiro cobrado aos contribuintes é bem empregue em armamento, portas-aviões, submarinos atómicos, pesquisa militar espacial, etc., etc., já para não falar dos milhões de militares e do quase milhão de civis ao serviço das Forças Armadas norte-americanas?
Falar de defesa nacional, defesa da civilização ocidental, de mundo livre, democracia, direitos humanos, segurança — não vale. É fazer batota. Nos passos bem jogados deste jogo radical só vale o que for traduzível em valor económico — sobretudo valor económico para os negócios privados.
Que observamos então? Que a capacidade de indústria pesada, de indústria de armamento, de investigação de ponta e de know how tecnológico avançado nos mais diversos sectores se encontra nos próprios Estados Unidos. Logo, o investimento público no complexo militar-industrial é investimento multiplicador para a economia, para o PIB no seu todo. Quantas empresas nos Estados Unidos, desde as de informática às agro-industriais ou que fabricam sapatos, vivem da manutenção diária somente de “um” porta-aviões? Quanto não deve a prosperidade de empresas farmacêuticas e clínicas privadas às solicitações do Exército norte-americano? Não é a própria Internet o produto indirecto do investimento público na pesquisa militar? Haverá, em suma, algum sector da economia norte-americana que não seja directa ou indirectamente estimulado pelo efeito multiplicador do investimento na Defesa?
O monstro da despesa pública com a Defesa nos Estados Unidos contraria, só por si, a crença nas virtudes milagreiras da total ou quase total privatização da economia. É, dir-se-ia — os economistas que me perdoem—, a grande reserva keynesiana do arranque da economia norte-americana desde a Segunda Guerra Mundial.
Não faz sentido atacar a despesa pública, mesmo quando se é radicalmente neoliberal. O que faz sentido é analisar a estrutura da despesa pública e avaliar, em cada ministério, nas condições concretas do país, qual despesa tem um efeito multiplicador na economia, e qual o não tem. Isto, é claro, continuando a marcar passo no grau zero dos valores — aquele em que só se enxerga o cifrão.
O radicalismo anarquista de Passos Coelho está para a ortodoxia neoliberal como outrora o “esquerdismo”, para a ortodoxia leninista. É uma “doença infantil”: diagnóstico que o próprio Cavaco Silva, decerto, subscreveria de bom grado.
No momento em que as duas maiores economias do mundo, os Estados Unidos e a China, são aquelas em que o Estado tem um papel importante na economia, só mesmo por pueril aventureirismo é que alguém se lembra de terçar armas tão furiosamente contra a despesa pública e fazê-lo como quem descobriu uma solução milagrosa. Nenhuma economia do mundo sobreviveria à receita, muito menos a economia portuguesa. E convém que falemos somente de economia, e de economia de mercado, e de ordem neoliberal — os únicos valores a que o autor da receita dá valor, sem perceber que também está do mesmo passo a liquidá-los.
Qual seria o modelo dessa receita milagrosa? Excluída a China, por ser uma economia “demasiado” estatizada (continuamos a abstrair dos valores), restam os Estados Unidos, como modelo da economia de mercado.
Mas os Estados Unidos têm o maior orçamento militar do mundo. A fatia da despesa pública norte-americana com a máquina de guerra é quase metade do orçamento da defesa de todos os Estados do mundo juntos. Corresponde sensivelmente a um quarto do orçamento federal e não anda longe dos 5% do PIB.
Será que esse dinheiro cobrado aos contribuintes é bem empregue em armamento, portas-aviões, submarinos atómicos, pesquisa militar espacial, etc., etc., já para não falar dos milhões de militares e do quase milhão de civis ao serviço das Forças Armadas norte-americanas?
Falar de defesa nacional, defesa da civilização ocidental, de mundo livre, democracia, direitos humanos, segurança — não vale. É fazer batota. Nos passos bem jogados deste jogo radical só vale o que for traduzível em valor económico — sobretudo valor económico para os negócios privados.
Que observamos então? Que a capacidade de indústria pesada, de indústria de armamento, de investigação de ponta e de know how tecnológico avançado nos mais diversos sectores se encontra nos próprios Estados Unidos. Logo, o investimento público no complexo militar-industrial é investimento multiplicador para a economia, para o PIB no seu todo. Quantas empresas nos Estados Unidos, desde as de informática às agro-industriais ou que fabricam sapatos, vivem da manutenção diária somente de “um” porta-aviões? Quanto não deve a prosperidade de empresas farmacêuticas e clínicas privadas às solicitações do Exército norte-americano? Não é a própria Internet o produto indirecto do investimento público na pesquisa militar? Haverá, em suma, algum sector da economia norte-americana que não seja directa ou indirectamente estimulado pelo efeito multiplicador do investimento na Defesa?
O monstro da despesa pública com a Defesa nos Estados Unidos contraria, só por si, a crença nas virtudes milagreiras da total ou quase total privatização da economia. É, dir-se-ia — os economistas que me perdoem—, a grande reserva keynesiana do arranque da economia norte-americana desde a Segunda Guerra Mundial.
Não faz sentido atacar a despesa pública, mesmo quando se é radicalmente neoliberal. O que faz sentido é analisar a estrutura da despesa pública e avaliar, em cada ministério, nas condições concretas do país, qual despesa tem um efeito multiplicador na economia, e qual o não tem. Isto, é claro, continuando a marcar passo no grau zero dos valores — aquele em que só se enxerga o cifrão.
Mário Vieira de Carvalho JP 23.08.10
Nota: Que me perdoe o MVC. A "doença infantil" do PPC, que refere, é apenas manifestação da corrente serôdia nacional denominada por neoliberalismo de pacotilha à portuguesa. Um misto de falta de cultura e impreparação, próprio de um produto feito à pressa. Tipo pudim "Boca Doce". Concebido para enganar a saloiada do costume.
drfeelgood
Etiquetas: Passos Coelho, Politica
2 Comments:
Uma das nossas desgraças é não haver no nosso país uma oposição capaz.
O PSD com esta liderança de PPC, também não vai longe, pois, como já deu para ver, uma vez mais, o rei vai nu.
Não chega aparecer em quase todas as revistas em pose de primeiro ministro. PPC, tal como o teste do algodão, não engana. Como se viu em relação à recente proposta de revisão constitucional, as suas ideias (?) claras, coladas à pressa, não resistem ao mais ligeiro abanico.
Os portugueses já perceberam estarem perante mais um embuste político. Fabricado à pressa com o que se pôde arranjar entre quinquilharia e destroços do porão do maior partido da oposição. À caça dos votos dos cidadãos mais distraídos.
Nunca gostei de gente que não se consegue olhar nos olhos.
PPC, não é capaz de enfrentar um olhar. Semicerra, pisca-pisca os olhinhos, embaraçado. Porque é timido, dizem os cronistas de serviço do marketing contratado. Ou falta de tomates, digo eu.
Faits diverts à parte, o importante é que esta nova liderança do PSD não traz nada de novo. O vazio de ideias, descontadas as bizarrias ultraliberais, é confragedor.
Quanto aos prometidos ataques ao SNS, como de costume, cá os esperamos.
Os "Pisca-piscas" nunca nos impressionaram.
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