sexta-feira, setembro 3

Gato escondido com o rabo de fora (2)…

O Dr. Paulo Teixeira Pinto foi à SIC, ao programa "Quadratura do Círculo" tentar explicar o projecto de revisão constitucional do PSD. Nada mais adequado num programa cuja designação descreve na perfeição o dilema de PTP e do PSD: desfazer a quadratura do círculo.

Começou por dizer que defendia para a saúde e para a educação os princípios de universalidade e de acesso (??) da Justiça. Ou seja, basicamente, uma prestação de cuidados de saúde e um ensino oficioso para os pobrezinhos e (entusiasticamente secundado por Lobo Xavier) plena liberdade de escolha para os portugueses que “podem pagar mais”.

Criticou o peso da carga fiscal no sustento aos sistemas públicos de saúde e de educação, defendendo o fim das redes públicas, ao mesmo tempo que insistiu nos co-pagamentos (na prática um aumento de impostos encapotado sob a forma de pagamento na hora).

Reconheceu (embora contrariado) que os ricos já pagam mais e que cerca de 46% dos agregados familiares estão isentos de IRS. Desconhece a utilidade dos princípios de solidariedade insistindo na discriminação dos cidadãos no momento da utilização do sistema (mesmo que inesperada e involuntária).

Insistiu (com o apoio entusiástico de Lobo Xavier) na liberdade de escolha (naturalmente para os ricos) defendendo a manutenção das (inéditas e inauditas em termos europeus) deduções fiscais de efeito socialmente regressivo. Percebe-se porquê: os co-pagamentos impostos à classe média e média-alta (para financiar o sistema privado e destruir de vez o sistema público) seriam, naturalmente, reembolsados com o dinheiro de todos aos mais ricos por via das anacrónicas e injustas deduções fiscais.

Finalmente alguém que leia este blogue e conheça o Dr. Lobo Xavier lhe explique por favor que há muitos anos que o sector privado participa no sistema de saúde chegando, nalguns casos, a representar quase quarenta por cento da prestação. Por conseguinte a conversa sobre o Estado dominador e monopolista só pode ser tida por desconhecimento ou má-fé. Já agora como pessoa viajada que deve ser recomendar-lhe uma volta pelos países nórdicos, de matriz social-democrata, e no entanto tão dominantemente estatizantes na saúde e na educação. Porque será?

Pensador

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2 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

Passos em Falso

Detesto comícios. Mas leio com gosto o que a seu respeito escrevem os jornais. No último comício do Pontal, Passos Coelho exigiu ao Governo duas condições para viabilizar o próximo orçamento: travar a despesa e não aumentar os impostos. E, à cautela, precisou a linguagem: cortar nas deduções fiscais é aumentar impostos. Achei pouco. Então o PSD aceita despedir funcionários, baixar salários e diminuir pensões? Se for assim…
Já fiz aqui as contas. Para que o défice de 7,3% do PIB em 2010 caia para 4,6% do PIB em 2011 são necessários cerca de três mil milhões de euros. E os salários, as prestações sociais e os juros da dívida “comem” só por si 75% das despesas totais. Manda o bom senso que sejamos realistas. O cumprimento daquele défice em2011, hoje um imperativo nacional, tem de passar por uma de duas vias: aumento de impostos e/ou diminuição do Estado social.
Do estrito ponto de vista do orçamento, aumentar receitas ou diminuir despesas é indiferente. Mas não é indiferente a forma como cada uma dessas medidas afecta a vida das pessoas. Se os partidos políticos fossem responsáveis, e quisessem como dizem apenas o bem do país, teriam aqui uma excelente oportunidade para o demonstrar. Em vez de se porem aos gritos exigindo utopias, fariam cedências mútuas em busca de uma solução consensual.
A responsabilidade maior neste caso vai para o PSD. Não que ele seja diferente dos outros, mas porque é a única oposição que aspira a ser governo. Mas o PSD de Passos continua a dar passos em falso. Vai ao bornal da demagogia e atira para o ar as bocas de que os papalvos gostam: “exigimos cortar na despesa!”. E que tal uma proposta concreta sobre as rubricas e os montantes onde aqueles três mil milhões devem ser cortados?
Em artigo anterior sobre o tema, pressupondo um mínimo de coerência política, admiti nesta coluna que o país poderia estar à beira de uma tragédia, já que o próximo orçamento iria ser chumbado. Mudei de ideias. Hoje admito que, na hora da verdade, o PSD vai fazer um discurso inflamado, vai dizer que este é o pior Governo que já tivemos, vai chamar a Sócrates todos os nomes feios de que se lembrar – e depois abstém-se, para que o orçamento passe.
Os fracos são assim.

Daniel Amaral, DE 03.09.10

O rapazinho é fraquito. Tem vindo a ser usado como cabeça de cartaz de campanha da trupe pacotilha para enternecer corações das velhotas e moçoilas solteironas.
Aliás, esta malta prima toda pela incompetência, vê-se à distância.
Perante tanta bacorada já há quem nas hostes PSD apele ao silêncio link
E até o chefe do stand de carros usados (Miguel Relvas)anda mais reservado.
Vamos ter saudades desta trupe pacotilha que pensava que o assalto ao poder era, assim, como preparar meia dúzia de pudins "Boca Doce".

2:27 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Um pintor desencantado...

É preciso reconhecer que PPC meteu o PSD numa vereda que acaba num precipício.
Não sabe como [nem quando] recuar, embora sinta que o tem de fazer.
Enquanto não recebe os doutos conselhos de Angelo manda para a ribalta Paulo Teixeira Pinto, que apresenta tão nobres requisitos, ilustres pergaminhos e boas referências...

Um homem que ao ser compelido a abandonar a sua carreira profissional, foi principescamente ressarcido e causa incómodo [indignação] a quase 1 milhão de portugueses [desempregados ou sub-empregados] que vivem o dia a dia no limiar da sobrevivência e temporalmente [o futuro] na corda-bamba do desespero.

Quando Paulo Teixeira Pinto deixou o mundo da finança [BCP] tivemos a percepção de que iria pintar para um atelier em Alfama... Provavelmente, aguarelas da urbe.
Não foi. Quando estava à janela do seu novissimo atelier, à procura de inspiração, já metido nos seus jeans, resolveu estrear as suas All Star e deambulou pela cidade até dar de caras com a Rua de S. Caetano. Aí, ofereceu-se para pintar a manta.

Um manta de retalhos, desconchavada, que não aquece [nem arrefece] os portugueses... Mas que continua a tentar vender nas feiras, nos mercados, etc. à boa maneira de um enfant terrible da Direita...[muito Popular!]

Continuará por aí até que lhe retirem o tapete. Mas parece-me que, quando isso acontecer, será tarde.
Em vez da quadratura do circulo estará metido num circulo de giz [caucasiano]... e, como sucede na história épica, o vale fértil terá sido ocupado.

Adiante. Acabaram-se as telas e as patelas...
É o desencanto!

7:40 da tarde  

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