quarta-feira, setembro 29

A matriz genética do PSD neo-liberal

…”O economista António Nogueira Leite considerou hoje como "absolutamente inaceitáveis" as palavras do secretário-geral da OCDE na segunda-feira em Lisboa, considerando que Angel Gurria "fez um péssimo serviço" à organização. "São palavras absolutamente inaceitáveis de um senhor que fez parte de um Governo que durante 70 anos teve o México sob mão de ferro, naquilo a que muita gente apelidou da ditadura perfeita, esse senhor de facto não tem nível para estar no lugar que está", afirmou António Nogueira Leite, à margem da reunião de Pedro Passos Coelho com 20 economistas, que decorreu hoje em Lisboa. Nogueira Leite acusou mesmo Angel Gurria de "vilipendiar" a reputação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) ao realizar "números políticos", criticando fortemente o secretário geral da organização.

A notícia da LUSA nem relata tudo. Nas televisões tivemos oportunidade de ver, com clareza, a pesporrência deste empertigado neo-liberal insultando o mais alto responsável da OCDE apenas e só porque a intervenção deste técnico não foi de encontro aos seus desígnios. Aliás, nos últimos dias, as crises de insuflada má educação já tinham sido notadas a propósito de um outro descabelado ataque ao Ministro da Presidência. O empertigado em causa vociferava a sua distinta condição de iluminado lente em economia.

Nada de novo na matriz genética do PSD neo-liberal. Hoje reuniram um conclave onde pontificava esse grande farol da esperança que dá pelo nome de Medina Carreira. O traço de união entre estas personalidades é o profundo desprezo pelo Estado Social e, ao mesmo tempo, a gula gananciosa por, rapidamente, tomarem de assalto tudo o que é serviço público dependente do financiamento público e privatizável. Essa é uma das razões que tanto deve contribuir para a frenética excitação desta exultante figura que divide o seu tempo entre a política e os negócios (que precisam da política).

saloio

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2 Comments:

Blogger e-pá! said...

Embora completamente distante das doutrinas que informam o "negociador de orçamentos do PSD" - António Nogueira Leite - seria bom não deixar de fora o "espírito" que campeia na OCDE...
Não será também neo-liberal?

Melhor: no seio da UE, do FMI, Banco Mundial, etc., qual o substracto doutrinário dominante?
Qual a matriz genética?

A análise da OCDE é admissível [pode ser até necessária] no quadro de cooperação do Estado com organismos internacionais, mas a oportunidade da sua apresentação[em vésperas de um novo Orçamento], feita em conferência pública, tornou-se intolerável, por mais que vá ao encontro do pensamento oficial [governamental].
Já basta o "visto prévio" de Bruxelas...

Isto, sem qualquer motivação nacionalista ou, como está na moda, por questões identitárias.

Cooperação sim, mas - nesta imensa e perigosa confusão pré-orçamental - salvaguardemos um resquício de autonomia...

12:41 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O Prof Avelino de Jesus entendeu seleccionar-me como exemplo da "esquerda convertida" às virtudes disciplina orçamental.
Erra, porém, o alvo. Em matéria de disciplina orçamental e de controlo da despesa pública não sou propriamente um recém-converso. Em 2001 fiz parte da ECORDEP, nomeada pelo então ministro das finanças J. Pina Moura, que apresentou um pacote estruturado de disciplina da despesa pública. Em 2003, governando a coligação PSD-CDS e estando em descontrolo as finanças públicas, apoiei uma iniciativa que propunha um pacto entre o Governo e o PS para a consolidação orçamental. Há muito que me venho batendo pela sustentabilidade financeira do Estado social. Nunca condenei o PEC da UE nem defendi o seu incumprimento, pelo contrário. Tenho proposto ao longo dos anos uma série de medidas concretas para redução estrutural da despesa pública.
Dito isto, o que também sempre sustentei e continuo a sustentar é que não há apenas a cartilha da direita para a disciplina orçamental, que a consolidação orçamental não pode ser instrumentalizada para justificar a manutenção dos privilegios fiscais dos ricos, muito menos para impor a asfixia financeira do Estado social.
Ao contrário do que pensa a direita liberal, não existe uma receita única para a consolidação orçamental, baseada exclusivamente no corte da despesa, especialmente na despesa social, e na desarticulação dos serviços públicos. Foi isso que mais uma vez disse aqui.

vital moreira, causa nossa

10:04 da tarde  

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