quarta-feira, maio 11

Liberais de pacotilha, afundam

«O PSD continua a perder terreno para o PS. Comparando a sondagem da Intercampus para o PÚBLICO e a TVI desta segunda-feira, com a da passada sexta-feira, os sociais-democratas descem 0,8% e os socialistas sobem 0,3%.» link
E ainda não se conhecia o programa eleitoral do PSD (estes resultados referem-se ao período 04.05.11 a 08.05.11). Que eu aconselho os portugueses a ler com atenção. Um verdadeiro programa de terrorismo social, como muito bem o definiu, João Semedo.

Atentem nestas duas pérolas fruto da ânsia liberalizadora da trupe pacotilha: link «Abrir a gestão de cuidados primários a cooperativas de profissionais, entidades privadas ou sociais, aumentando a oferta deste nível de cuidados».
E em relação à concessão da gestão de hospitais públicos a entidades privadas: «É importante salientar que qualquer concessão da gestão de hospitais a operadores dos sectores privado e social não altera em nada a natureza pública e gratuita dos serviços prestados, e que se mantém intacta a capacidade de acesso aos cuidados de saúde por parte da população – trata-se apenas de uma concessão da prestação que deverá ser realizada exactamente nos mesmos moldes daquela que é realizada pelas entidades geridas directamente pelo Estado.»
Felizmente, não há nada melhor que uma boa luta, para animar a malta.
clara gomes

Etiquetas:

7 Comments:

Blogger tambemquero said...

O PSD diz que as eleições devem ser um "plebisctio à responsabilidade de Sócrates". link

Segundo fontes vem informadas, o PSD vai provar que Sócrates foi o responsável pela crise bancária nos Estados Unidos em 2008, pela crise bancária e económica na Europa em 2009, pela crise orçamental na Grécia e na Irlanda no ano passado e pela persistente crise social em Espanha!...
Decididamente, o PSD não aprende nada. Depois de ter travado a campanha de 2009 em torno da "asfixia democrática", com o resultado que se viu, quer agora insistir de novo num fantasma.
Como se concluía há pouco tempo de uma sondagem de opinião, uma grande maioria dos portugueses sabe que, nas circunstâncias, a crise teria existido qualquer que fosse o governo, e que nenhum faria melhor. Ao contrário do que supõe o PSD, os portugueses não estão muito interessados em saber como se chegou aqui, mas sim em saber como se sai daqui., sem aproveitar a crise para transformar o País num laboratório de teste de uma agenda ideológica de cariz neoliberal.

vital moreira, causa nossa

1:06 da manhã  
Blogger PF said...

Ao ler os excertos acima transcritos, leio: defesa do SNS, continuando a via da introdução de novos modelos de gestão (ou continuação da aposta nos já existentes, naqueles que têm sido seguidos na última década, talvez seja o mais correcto).

Não vejo o "terrorismo social". Será que a Clara pode explicar melhor a sua posição?

Limita-se o acesso? Cobra-se pelo acesso? Muda alguma coisa excepto questões organizativas? Ou melhor, muda alguma coisa, de todo?

1:00 da tarde  
Blogger saudepe said...

Onde está a mais valia em adjudicar a gestão de hospitais públicos a entidades privadas?
Onde estão esses modelos de gestão privada da saúde?
Apenas preconceito ideológico e protecção de interesses dos amigalhaços privados.

11:16 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

O programa eleitoral do PSD é menos uma base para um programa de governo do que um manifesto ideológico contra o Estado. Embora a retórica neoliberal mais radical tenha sido propositadamente evitada, as suas ideias e propostas não faltam. O caso mas flagrante é a aposta na privatização do serviço público de ensino.

Todo o receituário usual da ortodoxia neoliberal contra o Estado está lá: a asfixia do seu funcionamento, com a proposta de só substituir um em cada cinco dos funcionários públicos que saem, o que não pode ser sério; a privatização ou a gestão privada de serviços públicos (e não somente de empresas públicas), como a RTP ou os centros de saúde; a "liberdade de opção" entre os serviços públicos e o setor privado, com financiamento público deste. Tal é o caso da proposta relativa ao sistema público de ensino.

São três os pressupostos ideológicos desta proposta.

O primeiro tem a ver com a vulgata neoliberal de que o Estado não deve providenciar ele mesmo a prestação de serviços públicos, mesmo quando fora do mercado, como o ensino, devendo este ser fornecido por entidades privadas mediante pagamento público, seja por financiamento direto aos estabelecimentos (como hoje sucede com as escolas "associadas"), seja mediante subsídio aos próprios utentes, mediante a técnica do "cheque-ensino" (voucher, em inglês), com o qual os estabelecimentos privados seriam depois reembolsados pelo Estado.

O segundo esteio ideológico da liberdade de opção pelo ensino privado passa pelo tradicional argumento da "liberdade de ensino", tendo o Estado obrigação de financiar a opção de cada um. Como já foi dito muitas vezes, este argumento não procede. Primeiro, entre nós ninguém está impedido de optar pelo ensino que quiser, dada a liberdade de criação de escolas privadas e a equivalência da sua frequência; segundo, havendo um serviço público aberto a todos, não há nenhuma razão para que o Estado financie também o ensino privado (salvo para suprir carências do ensino público); terceiro, a liberdade individual de ensino (liberdade de ensinar e de aprender) é mais bem assegurada na escola pública, justamente por esta não ter, nem poder ter, um programa ideológico ou doutrinário, como frequentemente sucede nas escolas privadas, constrangendo a liberdade de docentes e de alunos no altar do proselitismo religioso e ideológico.

O terceiro elemento ideológico da liberdade-de-opção-pelo-ensino-privado-pago-pelo-Estado está no preconceito contra a noção republicana da escola pública ideológica a religiosamente neutra, como instituição de integração social, interclassista e interétnica. As elites conservadoras nunca compartilharam da ideia de um escola para todos, independentemente da origem e da condição social, preferindo sempre as suas escolas privativas, vinculadas aos seus valores próprios de distinção social e de doutrinação ideológica.

A par da ideologia, há os interesses. O primeiro é o interesse dos que atualmente já frequentam o ensino privado e que reivindicam ser pagos pelo Estado pelas despesas em que incorrem, colocando todos os contribuintes a financiar os seus privilégios. O segundo interesse é o do belicoso setor do ensino privado, boa parte dele ligado à Igreja Católica, o qual ambiciona aumentar a clientela, o negócio e a influência, parasitando financeiramente o Orçamento do Estado.

...

vital moreira, jp 10.05.11

11:43 da tarde  
Blogger Clara said...

Caro PF,

O teste do algodão não engana. E, aí temos o programa do PSD. Radical e cheio de ideias todas com radical comum: criação de negócios a favor dos amigos do costume à custa da partilha (extinção) do Estado Social.

Se querem um modelo de gestão dos hospitais com provas dadas porque não replicar a experiência do Hospital de Vila da Feira.

O ataque cerrado a Sócrates com todos os argumentos soezes demonstra bem o medo dos liberais de pacotilha ao adversário que todos sabemos que os podem derrotar nas próximas eleições de 05 de Junho.

10:04 da tarde  
Blogger O Reformista said...

Atentem nestas duas pérolas fruto da ânsia liberalizadora da trupe pacotilha: link «Abrir a gestão de cuidados primários a cooperativas de profissionais, entidades privadas ou sociais, aumentando a oferta deste nível de cuidados».

E não foi isto mesmo que a Ministra da Saúde Socialista hoje anunciou?

11:57 da tarde  
Blogger O Reformista said...

E o que dizer das palavras da Ministra da Saude hoje na inauguração do Hospital de Braga, feito e gerido por privados?

12:25 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home