quinta-feira, julho 7

Declaração de guerra

Estávamos, os portugueses, no nosso cantinho europeu, apesar de tudo, ainda acolhedor, enleados, verdadeiramente encantados (especialmente os votantes da maioria PSD-CDS-PP e a classe de jornalistas graxistas) com as proezas do novo Governo, liderado por liberais naives. Empenhado em "ir mais além" no cumprimento do memorandum da troika, à custa, como não podia deixar de ser, da imposição de mais sacrifícios aos cidadãos contribuintes. Eis senão quando somos sobressaltados pela decisão fulminante, aparentemente descabida, da Moody''s de varrer Portugal para o lixo. link
Uma verdadeira declaração de guerra dos liberais da pesada: Moody's downgrades Portugal to Ba2 with a negative outlook from Baa1
link

Como nos parece redícula, agora, a pretensão do Governo liberal pacotilha em tentar protagonizar a figura de bom aluno neste verdadeiro labirinto de aves de rapina. Só mesmo de tó-tós .

A realidade, tantas vezes invocada, pulverizou os primeiros passos da política delineada por este Governo, ultrapassado rapidamente pelos acontecimentos. Que terá pensado, aqui há uns meses atrás, resolver a crise com folga a partir do momento em que conseguisse enxotar José Sócrates e derrubar o anterior governo.

Paulo Macedo, benemérito servidor público
Cá está. A máquina de propaganda do governo liberal pacotilha a funcionar. Com tanto jornalista a colaborar tornou-se dificil diferenciar quem é quem.
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6 Comments:

Blogger e-pá! said...

O ministro que não era um Toyota...

Se, de facto, vai perder 34.000 €/mês, e não é um Toyota, então não veio para ficar.
Os otários, nos circulos neoliberais, ou são avis raras...ou, aberrações.
O resto é paleio de chacha.

8:51 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Paulo Macedo e a sua relação dificil com o dinheiro

Paulo Macedo teve de sair do MF por causa do alto salário que auferia.
Desta vez concordou em reduzir drasticamente a sua remuneração mensal.
Como não há duas sem três da próxima vez, PM vem a custo zero. como nas transferência da bola.

10:44 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Movimento dos neo-indignados

Nasceu ontem, desde que se soube que a Moody’s nos reduziu a lixo, um novo movimento: o dos neo-indignados.

Ele é o Presidente, ele é Passos Coelho, ele são os banqueiros, eles são os comentadores da TV… São todos. Até a madrinha alemã e as suas primas da Europa fazem chegar postaizinhos de pêsames. Todos achavam ontem que as agências de rating desempenhavam uma função, ou pelo menos que faziam parte da paisagem. Pedro Guerreiro falou por todos eles, escreveu em bom português o manifesto dos neo-indignados. link

A reacção lembra a do cônjuge traído – “dei-lhe tudo e agora isto?” Pois é, eu compreendo, ela é uma megera: foram anéis, contas bancárias, casas de férias e agora que acha que não vais conseguir pagar as dívidas vai-se embora – oh mercados ingratos!

Mas agora falando a sério para os neo-indignados. Digam lá: não chega já de brincar ao bom aluno para de passagem nos fazer engolir como terapia de choque o vosso programa de abertura aos negócios do espaço da provisão pública, de destruição do direito do trabalho e dos direitos dos trabalhadores, de consolidação dos privilégios com a reconstrução das barreiras de classe no acesso aos cargos públicos e privados, à escola, aos melhores espaços na cidade, a paraísos artificiais de férias permanentes na natureza?

José Castro Caldas

10:49 da tarde  
Blogger saudepe said...

A reacção portuguesa europeia foi no entanto emocional. O que predominou foram os sentimentos de indignação e injustiça. Houve do Ministério das Finanças a procura de uma explicação mais racional, a de que haveria informação relevante ainda não incorporada da nova classificação, o que foi mais tarde clarificado pela própria agência como não sendo o caso. Voltamos a cair no terreno da emoção, a falar do que gostaríamos que a agência de rating escrevesse e não do que fez e porque fez.

O motivo principal parece estar na actuação das autoridades europeias, e com as dúvidas sobre um incumprimento “escondido” no caso grego, que poderia vir a ser uma solução para Portugal também.

O segundo passo é perceber como agir. A proposta de Vitor Bento link procura agir pela modo de actuação das autoridades europeias.

Complementarmente, deve-se também actuar pela informação. Isto é, encontrar uma forma de tornar a informação prestada pelas agências de rating tão redundante quanto possível, fornecendo directamente não uma classificação e sim os elementos essenciais para que os investidores possam realizar directamente a sua avaliação sem grandes custos. A atenção mediática dada ao país facilita essa transmissão de informação.

As avaliações das agências de rating baseiam-se em informação recolhida sobre os países e em premissas por elas assumidas. Validar, ou não, a informação de base das agências de rating é algo que tem de ser feito. Se estiverem a usar informação errada, então esta tem de ser corrigida. Mas não basta os governos anunciarem, pois serão sempre suspeitos de só estar a dar a informação que lhes convém. Tem que ser dada publicamente de uma forma ainda mais credível do que se for uma agência de rating a anunciar (o que não me parece especialmente difícil, aliás).

O segundo aspecto, as premissas assumidas pelas agência de rating, pode e deve ser também contestado, reconstruindo as análises das agências, mas tornando claros os “saltos” que estas próprias dão quando produzem as classificações. Por exemplo, e espero que me corrijam se estiver errado, a principal razão para a nova classificação atribuída a Portugal teve como base duas “hipóteses” (e não factos) da agência de rating: 1- que a solução para a crise grega envolve um incumprimento escondido, com custos para os investidores; 2- que a solução para a crise grega será aplicada com elevada probabilidade a Portugal.

E a classificação é dada como se estas hipóteses fossem factos. Ora, a pergunta que se coloca tecnicamente é, se a segunda hipótese não for verdadeira, a classificação atribuída a Portugal faz sentido? Provavelmente não. Então há que contestar esta segunda hipótese transformada em facto pela agência. Expor internacionalmente de forma técnica, para os investidores que seguem as agências de rating, que estão na realidade a basear-se não em informação, mas em “emoções” agora das agências de rating.

A crítica às agências de rating não deve ser emocional, mas racional, e metodologicamente apontada às bases das suas análises: é a informação de base correcta? Quais são as hipóteses usadas que estão assentes na “emoção” do analista?

pedro pita barros

11:17 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Para alguém que possa andar distraído (e agora eufórico)vale a pena recordar o que disse Sócrates em Fevereiro passado:

José Sócrates ataca agências de rating
Numa entrevista ao jornal francês "Liberation" publicada hoje...

http://aeiou.expresso.pt/jose-socrates-ataca-agencias-de-iratingi=f561393

Como disse o Poeta: mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.



Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/jose-socrates-ataca-agencias-de-iratingi=f561393#ixzz1RSoAiDkl

12:15 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Uma inequívoca indignação ou o aproveitamento político de um "murro no estomago"...

A massiva indignação que, no presente, varre o País acerca do iníquo comportamento das agências de rating, mereceu - durante o XVIII Governo Constitucional - uma surpreendente atitude de complacência da Direita.
Na altura, recorde-se, estava o PS no poder.
Mais, o Presidente da República desdobrava-se em contínuos alertas sobre a inconveniência de hostilizar os mercados de que, de facto, as agências de rating são a cara visível e a sua voz. Todos nos recordamos das suas afirmações no final do 4º Encontro da Rede PME Inovação COTEC, que decorreu em Lisboa [Nov. 2010]: “A retórica de ataque aos mercados internacionais não cria um único emprego, nós devemos fazer o trabalho que nos compete por forma a reduzir a nossa dependência do financiamento externo sempre com uma grande preocupação de distribuir com justiça os sacrifícios que são pedidos aos portugueses”... link

Quando em Fevereiro de 2010, José Sócrates dá uma entrevista ao “Liberation” (como cita Tonitosa) e lamenta da atitude dos mercados afirmando: "Tenho verdadeiramente o sentimento de que os mercados não se preocupam com a realidade da situação económica, mas baseiam-se em preconceitos e impressões para dar o seu veredicto"..., estaria a tentar justificar a incompetência do seu governo a enfrentar a crise. link

Ontem, Cavaco Silva aparece a congratular-se com a condenação da atitude da Moody's por parte da UE, de instituições europeias e internacionais e de vários governos europeus… link e aí, o Presidente da República, está a ter um comportamento “patriótico” [conceito que a Direita adora apropriar-se].

De facto, no meio desta balbúrdia de indignação passou despercebida uma notícia importante e que tem a ver com outro tipo de avaliação [feito pela CMA DataVision]: “Pela primeira vez, desde a adesão ao euro, o custo dos credit default swaps (cds, seguros financeiros contra a probabilidade de incumprimento) ligados à dívida soberana portuguesa ultrapassou a linha dos 1000 pontos base... link.

No seguimento desta onda de protesto e na ausência de um esclarecedor debate sobre a situação portuguesa e a dos países periféricos da Europa sob o fogo da especulação dos mercados, aguardam-se, à boa maneira do antigamente, por todo o País, vibrantes manifestações de repudio. Que nos façam esquecer as agruras das medidas de austeridade…

E deixam-se as responsabilidades da UE em toda a gestação e desenvolvimento desta crise da dívida pública que ameaça a Europa no etéreo limbo da inocência…

Do que verdadeiramente gostamos é de manobras de diversão. E estou convencido que a Moody’s sabe desta nossa picaresca preferência…

10:57 da manhã  

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