quinta-feira, agosto 18

Isabel Vaz, figura incontornável

O DE publica hoje (18.08.11) nova entrevista da inginheira Isabel Vaz. Mais publicidade à borla para a ESS. link
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Como se inverte a situação?
Não é fácil. É uma evolução que vários países da Europa estão a fazer. Ainda não chegou cá. Aqui, tal como em todos os países da Europa, são sectores muito sujeitos à pressão política, mas não tenho dúvidas que vamos ter de evoluir para um modelo de financiamento muito mais coerente do que aquele que temos hoje - em que as pessoas têm liberdade de escolha sobre o seu médico e o sítio onde querem ser tratados, de forma diferente que as pessoas que não têm. Isso vai ter de ser alterado quer queiramos quer não. Mas enquanto a discussão for muito fundamentalista, muito politizada e, muito emocional não permite ver os novos ventos e modelos que estão a acontecer por essa Europa fora. Vamos chegar mais tarde. DE 18.08.11

Uma inginheira cada vez mais “glamourosa”, "figura incontornável da Saúde em Portugal", segundo os nossos meios de comunicação reverentes aos encantos da intrépida gestora.

Solicitada a falar pouco, como de costume, do seu negócio, Iabel Vaz, prefere exibir aos olhos da opinião pública a sua preocupação com o financiamento do serviço público. Sem conseguir demonstrar, no entanto, como é que a livre escolha dos utentes e outros blás blás semelhantes podem promover o equilíbrio, equidade e acesso universal do sistema.

Para espicaçar o sentimento de inferioridade dos portugueses, perante tudo o que é estrangeiro, Isabel Vaz refere o nosso atraso face a ventos e modelos que acontecerão, segundo refere, todos os dias, por essa Europa fora. Talvez a pensar no que está a acontecer ao NHS, a braços com a política de extermínio da maioria liberal liderada pelo senhor Cameron.
Não falta a esta entrevista o seu momento comovente. Pensar que não vamos conseguir manter a saúde para todos mexe com a inginheira porque, segundo diz, já viu miséria (Eventualmente nalgum cruzeiro de férias por terras africanas).

Nota: Sinceramente, gostava de ver a inginheira Isabel Vaz à frente de um hospital público. É evidente que se trata de uma maldade. Porque gerir uma unidade de saúde num ambiente de eu quero, posso e mando é canja. Comparativamente com o que acontece nos hospitais públicos, sujeitos a um processo de negociação permanente (determinado pelo respeito efectivo da autonomia técnica dos profissionais de saúde). Para não falar das dificuldades de relacionamento com o investidor Estado (principalmente quando paga a produção contratualizada com longos meses de atraso).

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7 Comments:

Blogger Sasseti said...

Luta de Galos

DE: …”Isabel Vaz é presidente da comissão executiva da Espírito Santo Saúde. A engenheira é, aos 45 anos, um nome incontornável no sector da Saúde em Portugal e assume as suas responsabilidades. "Nós que estamos à frente das empresas, temos mais responsabilidades e obrigações para ajudar o país a sair da crise", disse em entrevista ao programa "Conversas com Vida" do Etv. Isabel Vaz - a primeira escolha de Pedro Passos Coelho para ministra da Saúde, convite que declinou - reconhece que o sector da Saúde é altamente politizado, mas isso não deve impedir a evolução do actual modelo de financiamento, sob pena de "não se conseguir manter a saúde para todos"…
LUSA...” Governo não aprovará novas PPP na Saúde
O Executivo de Pedro Passos Coelho não deve aprovar a realização de novas parcerias público-privadas (PPP) no sector da Saúde, afirmou Paulo Macedo, ministro da Saúde.
Paulo Macedo disse, em declarações à Lusa, que o Governo não ia avançar com novas PPP na área da Saúde e que pretende "reavaliar" as que já existem.
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Começa a ser deliciosa a luta de bastidores entre os poderes e os interesses que gravitam à volta do orçamento da saúde. Conhecidas as aflições porque passam os diferentes “empreendedores” privados vamos assistindo a uma luta desesperada, sem quartel, entre os diferentes protagonistas da situação.
De um lado a Eng. Isabel Vaz desdobrando-se em entrevistas por tudo quanto é lado. Ele é o Expresso, o DE e sabe-se lá que mais. Se necessário aparecerá na Maria, na TV Mais ou até mesmo na Gazeta de Setúbal. O desespero impõe que se marque o território. Não vá o diabo tecê-las vai repetida e acintosamente, lembrando que foi a primeira escolha para a saúde avivando a memória de Passos Coelho relativamente aos compromissos assumidos e, de caminho, tentando manter Paulo Macedo na sua devida condição de segunda escolha.
O pior é que a engenheira parece ainda não ter percebido que Paulo Macedo tem uma auto-estima de betão que o leva a correr pelos seus próprios trilhos e não abdica de marcar o seu território e a sua agenda.
Quanto mais a engenheira o espicaçar através de erráticas e repetidas intervenções mediáticas mais Paulo Macedo reagirá na afirmação da sua autonomia. O exemplo da intervenção sobre as PPP’s deve ter feito espumar de raiva muita gente e, certamente, levará a que a engenheira com outro penteado e uma nova fatiota venha a dar uma nova entrevista.
Nesta senda repetida e interminável de entrevistas a senhora engenheira vai repetindo as banalidades habituais confundindo ciência, investigação, conhecimento e rigor com politiquice. Na verdade considera-se uma espécie de catedrática da esperteza sabendo tudo sobre tudo num exercício de flutuação descontrolada sobre os factos e a evidência.
Faz lembrar aqueles miúdos mimados a quem o pai (ou o tio) deram dinheiro para comprar um brinquedo caro e que de repente se convencem de que são donos do mundo e do saber.
Numa próxima entrevista seria bom conhecer como vão as contas da sua organização e o que pensam e dizem (em surdina e a medo) muitos dos seus colaboradores.
De facto seria uma prova de vida extraordinária se a senhora engenheira se disponibilizasse para ser ministra, secretária de estado ou mesmo presidente de um hospital público com as mesmas condições que têm de enfrentar os gestores públicos.
E já agora ler mais alguma coisa para além da informação fast-food das consultoras.

6:32 da tarde  
Blogger Tavisto said...

A reorganização da actual rede de hospitais é um imperativo, diz Isabel Vaz.
Quatro maternidades a dez minutos de distância, três centros de cirurgia cardíaca pediátrica em Lisboa. Estes são apenas alguns dos exemplos dos excessos de concentração de unidades hospitalares que existem nas grandes zonas urbanas apontados por Isabel Vaz. A engenheira, que não aceitou o convite do actual Governo para ministra da Saúde, defende que é necessário fechar hospitais em Portugal.


Tem graça, é preciso fechar hospitais nas grandes zonas urbanas! Ou seja, os privados instalam-se ao lado dos públicos e depois exigem que aqueles encerrem.
Isabel Vaz questiona, justamente, estes exemplos de pletora de oferta pública. Porém, por que não faz o mesmo em relação aos privados? Não a incomoda que Hospital dos Lusíadas e da CUF tenham surgido porta com porta e bem próximo do Santa Maria? Só para citar este exemplo.
O que os grupos económicos procuram fazer na área da Saúde, tentar subverter pelo poder financeiro e influência política, o modelo em que assenta o SNS só é possível num País que consentiu a subordinação do poder político ao económico. Só assim se entende que enquanto os hospitais do SNS se queixam de não receber as verbas contratualizadas pelos serviços que prestam, os privados tenham uma vida financeira folgada sabendo nós que a grande fatia do seu financiamento vem dos subsistemas públicos.
Eng. Isabel Vaz, o nosso atraso não está no modelo de Saúde que temos, está sim no facto de poderem ser os grupos económicos a querer ditar qual o modelo que melhor serve os Portugueses.

9:30 da tarde  
Blogger Saturnino said...

Felizmente temos o Álvaro...

Consumo das famílias sofre em Julho maior queda em mais de 30 anos

O consumo privado em Portugal sofreu uma queda de 3,4% em Julho. Desde pelo menos 1978 que não se assistia a uma queda tão intensa, que ilustra o impacto das medidas de austeridade no rendimento disponível das famílias portuguesas

2:07 da tarde  
Blogger saudepe said...

Já imaginaram esta senhora ministra da Saúde? Havia de ser bom e divertido.
Apesar de tudo Paulo Macedo tem outra preparação.

Em Portugal qualquer cidadão de formação mediana corre o risco de ser nomeado ministro de uma coisa qualquer.Basta investir no ciclo certo.
É o caso do Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas, Assunção Cristas. Pedro Mota Soares, Paula Teixeira da Cruzetc, etc.

6:12 da tarde  
Blogger Ricardo said...

http://www.publico.pt/Sociedade/cortes-na-saude-visam-poupancas-de-85-milhoes-no-primeiro-ano_1508408

Mais cortes no pagamento dos exames clínicos, hemodiálise e muito mais...

11:18 da manhã  
Blogger Clara said...

O jornalista do DE, o experiente Pedro Baptista, esforça-se nesta entrevista em tentar dar a conheer o passado/origens da inginheira Isabel Vaz. Tarefa vâ. Porque Isabel Vaz, neste sentido (profissional/investigadora/conhecedora/gestora da saúde), não tem passado. É mera invenção de Ricardo Salgado.
E, no dia em que rejeitou o convite de PPC para ser Ministra da Saúde, não vai ter, certamente, futuro. É um filão esgotado. Que acabará, mais tarde ou mais cedo, por ser substituída por um qualquer gestor que sirva no momento melhor os interesses do grupo ESS.
Só a Isabel Vaz ainda não compreendeu isso.

4:29 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Qualquer tentativa de explicar o que aconteceu no Reino Unido esbarra com a condenação de se tentar justificar o injustificável. Como se a defesa de valores éticos fosse o contrário da inteligência. Já aqui falei, há uns meses, de um livro de dois investigadores britânicos que usa dados estatísticos para mostrar como, em sociedades economicamente desenvolvidas, os índices sociais e de saúde têm maior relação com a igualdade do que com a riqueza das nações. Socorro-me, mais uma vez, de “O espírito da igualdade” (Editorial Presença) para fazer um brevíssimo retrato do Reino Unido. Apesar de ter um rendimento per capita muitíssimo confortável, o fosso entre os rendimentos dos dez por cento mais ricos e dos dez por cento mais pobres é dos maiores da Europa — entre os países europeus estudados, só Portugal é pior. E por isso tem dos piores índices sociais e de saúde. Tem os piores indicadores de bem-estar das crianças. É o pior em doenças mentais, no consumo de droga e na gravidez adolescente. Tem o maior índice de conflitos entre jovens. Tem a maior percentagem de presos. E tem dado fundamental para aquilo a que estamos a assistir, das mais baixas taxas de mobilidade social. O fosso entre ricos e pobres acentuou-se muito na década de 80, durante o mandato de Margaret Thatcher, atingiu o ponto mais alto em 1992 e ficou 40 por cento mais alto do que em 1970.
O que digo não é que os pobres, irritados com as suas carências numa sociedade de abundância, não resistem a roubar o que não é seu. Não se enganem. Tenho um julgamento moral a fazer. O que digo é que a desigualdade não exclui apenas na distribuição de rendimentos e na qualidade de vida. Exclui da comunidade. E é nessa comunidade que se constroem e absorvem valores morais. Os que tomaram as ruas das cidades britânicas não assaltam as lojas dos ricos. Assaltam as lojas dos vizinhos. Não procuram justiça. Apenas desconhecem esse conceito. Porque são valores que dependem da empatia com o nosso semelhante que só fazem sentido quando se está integrado numa comunidade. A lei da selva, que alimenta a desigualdade, é a mesma que leva ao roubo e à violência. E isso não é exclusivo dos pobres.

Voltemos então ao nosso cantinho. Aquele onde o fosso entre ricos e pobres é ainda maior do que no Reino Unido. Imaginem que um gangue conseguia a proeza de roubar a cada português metade do seu ordenado mensal. Seguramente muitíssimo mais do que a turba em fúria em Londres ou Manchester. Que comportamento teríamos perante os que, de alguma forma, colaboraram com a quadrilha? Pois isso aconteceu a Portugal. O que nos vai ser tirado no Natal servirá para pagar o buraco deixado pelo bando do BPN. O que aconteceu aos envolvidos? Dias Loureiro passeia-se por Cabo Verde e vai dando conselhos discretos a quem governa. O presidente do conselho superior da SLN foi nomeado vice-presidente da Assembleia Geral do banco do Estado. Também aqui tenho um julgamento moral a fazer. Mas também aqui ele não dispensa uma explicação. A mesma: uma sociedade desigual rege-se por um quadro moral frágil. Numa sociedade desigual, a elite política e económica não sente ter obrigações para com a comunidade. E, por isso, nada lhe está interdito. No Reino Unido a impunidade toma conta das ruas. Em Portugal, toma conta do poder. Qual das selvas é pior?

daniel oliveira, expresso 20.08.11

5:29 da tarde  

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