“Caos nos serviços de radiologia”
Uma reportagem da Visão nº 1052 dá-nos conta do “Caos nos
serviços de radiologia.”
Numa decisão racional o Ministro Paulo Macedo quis
aproveitar toda a capacidade instalada no sector público, antes do recurso ao
sector privado. Decisão essa dificilmente exequível, sem uma prévia modificação
do regime de trabalho Médico. link
Como era previsível, verificou-se o aumento das listas de
espera, tendo os hospitais continuado a recorrer ao sector privado. Os cortes
no financiamento determinaram uma guerra de preços entre privados, situação que
favorece a multiplicação de actos e a falta de qualidade. A reportagem refere
mesmo que alguns hospitais, “impõem preços de dumping” nos concursos públicos.
O Presidente da Associação Nacional de Unidades de
Diagnóstico pela Imagem alerta para o perigo do actual caminho poder conduzir à
concentração empresarial, com a formação de grandes grupos, situação em que o
Estado deixará de ter capacidade para impor preços.
Na raiz deste problema está o não cumprimento, por parte do
Estado, da obrigação de “Garantir uma racional e eficiente cobertura de todo o
país em recursos humanos e unidades de saúde” (alínea b, número 3 do artigo 64
da Constituição Portuguesa)
Como, em saúde, o aumento da oferta é, só por si,
determinante do aumento da procura, a instalação de meios pesados, seja de
diagnóstico ou de tratamento, públicos ou privados, deveria ser objecto de
autorização prévia duma instância de planeamento do Ministério da Saúde.
O que acontece com a Imagiologia poderá repetir-se noutras áreas,
com consequências ainda mais graves. Por exemplo, a proliferação de camas
hospitalares, nas grandes áreas metropolitanas, não prognostica nada de bom.
Brites
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