Concentração das urgências
Sem informação nem apelo à participação, de surpresa, tipo
golpe de mão, a concentração das urgências nocturnas da Grande Lisboa parece
estar prestes a avançar pela calada da noite. O habitual comportamento de um
governo que vê os cidadãos (os doentes) como meros dados estatísticos que é
necessário agrupar (arrumar) desta ou daquela maneira, a pretexto de poupar mais
uns míseros euros (as tão propaladas gorduras), acções traduzidas, invariavelmente, na redução atabalhoada, iníqua do
acesso e da qualidade do atendimento dos doentes do SNS.
…
Urgências nocturnas na Grande Lisboa concentradas a partir
de 2 de Setembro
Faltam apenas 20 dias para a concentração das urgências
nocturnas na Grande Lisboa, mas a Administração Regional de Saúde de Lisboa e
Vale do Tejo (ARSLVT) não adianta informações concretas sobre esta
reorganização que está a ser estudada há um ano. A Urgência Metropolitana de
Lisboa concentrará no período nocturno, entre as 20:00 e as 08:00 horas, algumas
especialidades actualmente dispersas por quatro hospitais e vai começar a
funcionar, “de forma faseada”, a partir de 2 de Setembro, refere apenas a ARS
em resposta escrita. Justificando a medida com “a escassez de recursos humanos
médicos” e o número de doentes atendidos, a ARSLVT sublinha que a urgência
concentrará as especialidades sem capacidade de resposta devido à falta de
profissionais, sem esclarecer quais. Acrescenta que “dará mais informação
oportunamente”.
É “inadmissível” a escassez de informação “a pouco mais de
15 dias desta alteração discricionária que vai ser imposta e que não é reforma nenhuma”,
reagiu o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, enquanto o Bloco
de Esquerda decidiu pedir a audição, com carácter de urgência, do ministro e do
presidente da ARSLVT, Luís Cunha Ribeiro. “Uma mudança desta dimensão tem de
ser suficientemente estudada, amadurecida e participada”, reclama o BE. Já o
bastonário da OM revela que o que soube “informalmente” aponta para uma “urgência
saltitante” com especialidades a “transitar mensalmente” entre os hospitais de
Santa Maria e de São José.
Em Maio, no Parlamento, Luís Cunha Ribeiro anunciou que a
concentração avançaria no dia 1 de Julho porque, segundo alegou, no Verão as carências
são mais sentidas, mas o processo atrasou-se. Precisou então que os quatro
hospitais com urgências polivalentes (Santa Maria, São José, São Francisco
Xavier e Garcia de Orta) manteriam as urgências de Ortopedia e de Cirurgia
Geral, mas a Cirurgia Plástica e a Vascular ficariam concentradas no Centro
Hospitalar de Lisboa Norte (Santa Maria) e Centro Hospitalar de Lisboa Central (São
José), enquanto a Neurocirurgia seria assegurada à noite pelo Garcia de Orta e
pelo Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (São Francisco Xavier). Em análise estava
ainda a resposta aos casos urgentes de Psiquiatria, Gastroenterologia e
Neurologia. Admitiu que poderia haver casos onde serão equipas de especialistas
a ir ao encontro dos doentes.
A concentração segue um modelo iniciado na Área
Metropolitana do Porto já em 2005. Os doentes urgentes serão transferidos com
um aviso prévio da emergência médica.
JP 14.08.13
Etiquetas: cortes a eito, Paulo Macedo
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home