Racionamento de medicamentos
«O proprietário de uma farmácia de Cascais decidiu queixar-se
do “racionamento” no abastecimento de alguns medicamentos e fê-lo de uma forma
singular: divulgou no Facebook uma lista com 200 referências de produtos de um
grande fornecedor que apenas o autoriza a encomendar 50, no próximo mês. Entre
os medicamentos “rateados” consta uma insulina, vários antidepressivos e
remédios para o colesterol muito vendidos em Portugal e até fármacos para a
disfunção eréctil, como o Viagra e o Cialis. link
“Além de ter que encomendar com um mês de antecedência, para
escolher uns tenho que desistir de outros. E mesmo assim não tenho a garantia
de que me fornecerão todos”, lamenta ao PÚBLICO Eduardo Faustino, que é
co-proprietário da Farmácia Alvide (Cascais).
“Este racionamento, próprio de um país em guerra, é
inaceitável e intolerável, sobretudo quando não há razões objectivas de falta
de matérias-primas no fabricante”, defende o farmacêutico na sua página no
Facebook, notando que a sua farmácia até é cumpridora. “Por que está a
acontecer esta desigualdade inaceitável entre as farmácias que conseguem
algumas embalagens desta espécie de ‘mercado negro’ de medicamentos”, pergunta
Faustino que na semana passada se queixou, também no Facebook, de dificuldades
na obtenção de um remédio para a doença de Parkinson. “É o jogo do empurra: os
laboratórios não abastecem as quantidades necessárias, os medicamentos aparecem
a conta-gotas, nós vamos mendigando para conseguirmos umas embalagens”,
sintetiza.
O problema da falta de medicamentos nas farmácias já é
antigo. Mas foi- se agravando devido às sucessivas descidas de preços dos
fármacos em Portugal, que tornaram cada vez mais lucrativa a exportação
paralela para outros países (onde são mais caros) e devido à débil situação
financeira de algumas farmácias, que se viram obrigadas a limitar os stocks
disponíveis.
Em Junho passado, o presidente da Autoridade Nacional do
Medicamento ( Infarmed), Eurico Castro Alves, reconheceu no Parlamento a
existência de falhas no abastecimento e anunciou várias medidas para combater o
problema da exportação paralela ilegal (a exportação apenas é ilegal quando
provoca problemas de abastecimento no mercado nacional).
A criação de uma lista com 150 medicamentos “essenciais” —
para os quais vai passar a ser necessária a notificação prévia, pelos
distribuidores, antes da exportação — é uma das medidas. Ainda não está em
vigor porque foi necessário alterar o Estatuto do Medicamento, o que já foi
aprovado em Conselho de Ministros e aguarda agora promulgação e publicação em
Diário da República, explica o Infarmed. Os medicamentos com dificuldades de
abastecimento identificados nas denúncias e nas 254 inspecções efectuadas desde
2011 (que já deram origem a 74 processos de contra-ordenação) são para doenças
do sistema nervoso central, dos aparelhos respiratório, digestivo,
cardiovascular e genitourinário e hormonas sexuais.»
JP 22.08.13
Estes liberais de pacotilha estão a fazer deste triste país uma república das bananas.
Etiquetas: liberais pacotilha
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