Concentração das Urgências (2)
O Governo pretende implementar uma única urgência nocturna na zona da grande
Lisboa, no período nocturno entre as 20:00 e as 08:00 horas. A partir do dia 02.09.13 as especialidades de
oftalmologia, cirurgia vascular, cirurgia plástica, neurologia,
gastroenterologia, psiquiatria e grandes traumatizados passarão a funcionar unicamente nos Hospitais de Santa Maria ou São José. Assim, um grande
número de valências passarão a funcionar
somente no Hospital de Santa Maria ou de São José, reduzindo drasticamente o
acesso dos utentes do SNS aos cuidados hospitalares.
Acresce que a urgência do Hospital Garcia de Orta (polivalente), na prática, já não dispõe da totalidade das especialidades inerentes a
uma urgência polivalente. Actualmente os
doentes com doença vascular
são reencaminhados para o Hospital
de Santa Maria ou de São José.
«A ordem acusa o Ministério da Saúde de estar a prejudicar
os doentes com esta reorganização dos Serviços de Urgência quando vai ter como
poupança, pelo fecho daquelas valências, cerca de 60 mil euros por ano.
Os médicos dizem que o adiamento do tratamento de um número
indeterminado de doentes irá causar, além de um prejuízo grave para o seu
conforto, um pior prognóstico clínico, o que irá acarretar uma acumulação de
trabalho nas consultas e atendimentos aos doentes e uma pior rentabilidade da actividade dos serviços hospitalares.
É inquietante a concentração das urgências nocturnas de
Lisboa, sem estudos a fundamentar essa decisão e sem avaliar as consequências
para os doentes. A Ordem dos Médicos é favorável a um grau adequado de
reorganização das urgências, com base em argumentos técnicos, mas estranha o
secretismo do processo. Um péssimo sinal economicista.
Alegadamente, na base desta reorganização esteve o número
insuficiente de médicos e o baixo número de urgências nesse período. Ora, estes
dados não foram divulgados, para que pudessem ser honestamente confirmados.
São, por conseguinte, de duvidar.
No que ao número de médicos diz respeito, a Ordem dos
Médicos considera a alegação falsa, pois o número de médicos que trabalham no
SNS tem aumentado. Quanto a dados estatísticos da Saúde, a Lei do Directório do
Lápis Azul impede a sua divulgação, facilitando a manipulação da informação
pelo Ministério da Saúde.» CM 15.08.13
Mais uma bagunçada do ministro da saúde para mostrar serviço
à troika. Uma acção ao jeito deste governo, onde impera a falta de informação e transparência com a ajuda da Lei do Directório do Lápis Azul (despacho n.º 9635/2013 link),
urdida nas costa dos cidadãos contribuintes e dos profissionais da saúde a pretexto da poupança de
uns escassos milhares de euros, em prejuízo do acesso dos doentes do SNS.
Clara
Etiquetas: Paulo Macedo, Urgências
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A partir do dia 2 de Setembro passará a funcionar na zona da grande Lisboa uma única urgência nocturna com todas as especialidades, uma decisão que a Ordem dos Médicos afirma ter sido "imposta" sem discussão com os parceiros.
Dentro de 20 dias estará criada a urgência Metropolitana de Lisboa, que visa "dar resposta às grandes necessidades" da região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), indicou a Administração Regional de Saúde (ARS) desta zona.
Trata-se de uma urgência que entrará em funcionamento de forma faseada e que compreenderá apenas o período nocturno.
De acordo com a informação disponibilizada pela ARSLVT, na base da organização desta nova urgência esteve o número de médicos disponíveis e o número de utentes atendidos nesse período.
A "escassez de recursos humanos médicos e envelhecimento dos respectivos quadros (a partir dos 50 anos os médicos estão dispensados de fazer urgência nocturna)" e "o número de doentes atendidos na região da grande Lisboa durante o período nocturno por especialidade" são os dois factores apresentados.
A administração regional de saúde adianta ainda que esta urgência concentrará apenas as especialidades sem capacidade de resposta em termos de número de recursos humanos disponíveis.
No entanto, questionada pela Lusa sobre quais as especialidades em causa e quais os hospitais em Lisboa que vão concentrar esta urgência metropolitana nocturna, a ARSLVT não respondeu.
A agência Lusa quis ainda saber em que moldes irá funcionar a urgência, se esta novidade se insere no âmbito da anunciada mas ainda não conhecida reforma da rede hospitalar, e se a população que reside do outro lado do rio passará a ter que se deslocar a Lisboa em algumas situações e se tal não põe em risco o tempo mínimo necessário para o socorro ao doente.
A ARSLVT não respondeu a estas questões, afirmando apenas "que dará mais informação oportunamente".
Para o bastonário da Ordem dos Médicos é "inadmissível" a escassez de informação "a pouco mais de 15 dias desta alteração discricionária que vai ser imposta e que não é reforma nenhuma".
"A Ordem não teve conhecimento do plano, não foi consultada, desconhecemos algum tipo de estudo relativamente a esta reforma, o número de pessoas envolvidas, as consequencias, os locais e a sua capacidade física para receber um número adicional de doentes", afirmou José Manuel Silva, considerando que "este secretismo não augura nada de bom" e que "a actuação da ARS significa que a razão que preside a esta modificação é financeira e não médica".
O conhecimento que o bastonário diz ter desta reforma é escasso e foi obtido "informalmente", mas dá conta de que vai passar a haver uma "urgência saltitante" com especialidades a "transitar mensalmente" entre os Hospitais de Santa Maria e São José.
José Manuel Silva considera "um erro técnico" ter duas urgências polivalentes em Lisboa, quando deveria ser uma em cada margem do Tejo, por razões demográficas e em caso de catástrofe.
O bastonário também rejeita o argumento da falta de profissionais, para justificar esta reforma, considerando que tal informação é "incoerente".
"O número de médicos tem vindo a aumentar, não há razão nenhuma para que de um momento para o outro haja falta de profissionais", afirmou.
A Ordem dos Médicos afirma-se favorável a uma modificação das urgências, o que não aceita é que esta não seja "honestamente discutida e analisada com os médicos, com as associações de doentes, com as autarquias, com todos os envolvidos".
Lusa/SOL 13.08.13
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