segunda-feira, abril 21

Gestor do Doente

Centros de saúde devem passar a ter gestor do doente
Baseando-se em recomendações internacionais, os autores do estudo calculam que, em Portugal, sejam necessários pelo menos cerca de 7.500 gestores do doente, sendo que cada um pode acompanhar perto de 80 casos de doentes crónicos.
"O conceito de gestor do doente que se propõe (...) consiste numa figura que acompanha personalizadamente o doente com condições clínicas e socioeconómicas complexas ao longo de um 'continuum' de cuidados", refere o relatório do grupo de trabalho para a integração dos níveis de cuidados de saúde, a que a agência Lusa teve acesso.
Com o aumento da prevalência de doenças crónicas em Portugal, os autores do estudo consideram que há uma maior necessidade de um acompanhamento mais próximo e personalizado dos doentes.
O recurso a um gestor do doente nos cuidados de saúde primários pode ainda permitir uma redução da utilização dos cuidados hospitalares, refere o documento, que é hoje colocado em consulta pública.
Pode conseguir-se alcançar uma diminuição dos internamentos desnecessários, reduzir a demora média, a recorrência à urgência e até a necessidade de cuidados continuados.
"A intervenção destes profissionais visa o acompanhamento dos doentes mais consumidores de recursos, permitindo assim a prazo controlar o desperdício através de um melhor controlo do estado do doente", diz o documento.
Ao gestor do doente cabe assumir o processo de referenciação do doente, coordenar os cuidados de saúde, garantindo a sua continuidade, assegurar a adesão terapêutica e promover o auto cuidado do doente, capacitando-o para uma gestão autónoma da sua doença.
O relatório recomenda que este gestor se encontre nos cuidados de saúde primários (centros de saúde e unidades de saúde familiar) e faça parte da equipa de saúde nos cuidados de primeira linha.
Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde considera que esta figura permite centrar nos cuidados primários o acompanhamento dos doentes.
"Para que o utente mantenha sempre uma âncora nos seus cuidados primários, com um gestor de cuidados que faça a ligação entre os vários agentes e entre os hospitais, se for caso disso", afirmou Fernando Leal da Costa.
Questionado pela Lusa sobre quem assumirá o papel de gestor do doente, o secretário de Estado disse que terá sempre de ser um profissional de saúde, podendo a função ser dividida ou partilhada entre enfermeiros e médicos.
No documento do grupo de trabalho, os autores salientam a importância de dar formação específica a quem vier a assumir aquele papel, justificando que o gestor do doente "requer um conjunto de competências técnicas, comportamentais e científicas (...) que transcendem a formação especializada em saúde.
O estudo refere ainda que têm de ser definidos critérios para o acompanhamento de doentes por um gestor, como seja o caso de doentes crónicos e de utentes com "propensão elevada para a utilização de recursos".
Segundo as recomendações internacionais que são citadas no relatório, um gestor do doente pode acompanhar entre 50 a 80 pessoas.
Aplicando o conceito apenas a um grupo de pessoas com mais de cinco doenças crónicas, seriam necessários aproximadamente 7.500 gestores.
O grupo de trabalho recomenda ainda a criação de um sistema nacional de referenciação de doentes entre as várias unidades de saúde.
DN 17/04/2014
"Relatório do Grupo de Trabalho criado para a definição de proposta de metodologia de integração dos níveis de cuidados de saúde para Portugal Continental" link
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O MS está numa nova fase de diarreia de estudos/legislativa (no sentido literal do termo). Agora vamos ter uma espécie de escuteiros na Saúde, uns híbridos entre as ciências da economia e da saúde que vão servir de acompanhantes e conselheiros dos “doentes crónicos pesados”. Quem tem “propensão elevada para utilizar recursos” vai ter direito a um ecónomo que o vai guiar no emaranhado percurso entre Centros de Saúde e Hospitais. Estima-se que sejam precisos 7500 guias sanitários.
Perguntar-se-á, será este o papel destinado aos futuros médicos indiferenciados após compra de um master em gestão numa qualquer universidade?

Tavisto

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