António Costa
Primeiro, dizemos que o Congresso do PS será apenas sobre
Sócrates, um velório em torno de um fantasma que ensombra a consagração do novo
líder.
Não creio que Costa fique sem margem de manobra com este
fantasma que lhe caiu em cima. Toda a gente sabe que, tendo sido ministro de
Sócrates, nunca aceitou pertencer a qualquer “ismo”, que sempre se colocou no
PS com uma assinalável autonomia, mesmo quando era ainda um jovem secretário de
Estado de Guterres. Quando se viu confrontado com uma desautorização do
ministro com quem trabalhava, disse ao então ao primeiro-ministro: ou ele ou
eu. E foi ele. Saiu do Governo precisamente quando achou que tinha de se
afastar do primeiro ministro, se queria preservar a sua autonomia e acabar com a
situação de “número dois”. Quando foi agora confrontado com a prisão de
Sócrates, teve a capacidade de colocar as coisas no seu devido lugar. Tem de adaptar-se
às novas circunstâncias, mas tem capacidade para o fazer. O PS tem a sorte de
dispor neste momento de um líder forte que é uma espécie de “dois em um”.
Explico-me. Como os líderes socialistas da geração anterior à sua, tem vida
própria, pessoal e profissional, bebeu muito cedo algumas fortes convicções
sobre aquilo que é justo e o que não é, bem como a importância fundamental da
liberdade em todas as suas declinações. Tem mundo, como se costuma dizer, e tem
cultura. É mais jovem, como Passos Coelho, mas a sua vida é diferente da de
Sócrates ou do primeiro-ministro, que foram quase sempre dependentes da
política. O escândalo que hoje envolve Sócrates esbarra contra essa autonomia.
Teresa
de Sousa, JP 30.11.14
Mas desenganem-se os que esperam que este caso bastará para
remeter António Costa a posições defensivas — excepto nas que dizem respeito à
corrupção, o que não é coisa pouca. No seu discurso de ontem no Congresso,
Costa mostrou por que razão é um adversário político temível. Diz o que tem a
dizer sobre tudo — incluindo sobre o fantasma que paira no congresso —, mas
fá-lo com uma precisão e uma frieza cirúrgicas. A sua gestão da crise tem sido
exemplar e a menos que
franco-atiradores, como Mário Soares, lhe perturbem a cerebral distinção entre
a solidariedade pessoal a Sócrates e a necessidade de o PS assumir as suas
responsabilidades, pode ter possibilidade de travar um duelo ombro-a-ombro com
Passos Coelho. Já não será o passeio triunfal que muitos dos seus próximos
anteviam, mas, a julgar pelo que aconteceu esta semana, o afundamento de Costa
no caso Sócrates está ainda longe de ser provado.
Manuel Carvalho, JP 30.11.14
Assombramento: "Uma maioria, um Governo, um Presidente"
Portugal só poderá ultrapassar a profunda crise económica e
social que atravessa após saneamento dessas figuras sinistras (passos coelho e cavaco)
que sombreiam o nosso futuro.Etiquetas: bater no fundo, Politica
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home