segunda-feira, agosto 17

SNS para inglês ver?…

A ‘silly season’ não pára de nos surpreender pelas suas leviandades. O último acidente de percurso que aborda as margens do fantasioso é exactamente um assunto de férias.
David Cameron chegou de vilegiatura ao nosso País. Trata-se de uma opção pessoal e recorrente (há 3 anos que o faz).
Desta vez o ‘espectáculo’ mereceu os encómios de uma singular encenação mediática sofisticada e, provavelmente, ‘cozinhada’.
O primeiro-ministro inglês chegou a Faro em voo ‘low cost’ link o que, também, é uma opção recorrente link.
Encontramos aí um esgar de uma classe política muito poupadinha, (medianamente) ‘remediada’, que passa férias como o comum dos mortais, isto é, fazendo contas à vida. Para os políticos esta postura é tanto mais necessária quando mais próxima está a imposição de medidas de austeridade a soldo do poder financeiro, sob pretextos de equilíbrios orçamentais e de combate ao endividamento público.
Todavia, as férias não são tão restritivas, ou ‘neutras’ – para o erário público - como se quer fazer crer. Paralelamente, terá sido necessário deslocar toda uma parafernália de segurança, com homens, veículos, comunicações, etc.
As férias que são períodos de relax e de divertimento encorparam, por vezes, acidentes, dissabores e imprevistos. Nem tudo na vida é um mar de rosas. E quando se procura denodadamente o mar, ou se frequenta swimming pools, percalços do tipo das otites do ouvido externo são comuns. São as ‘otites dos nadadores’ (“swimmer’s ear” na língua do Sr. Cameron). Esta a história banal e natural.
Existirá, todavia, uma outra estória. Idílica e com laivos de carochinha. Trata-se da ida do primeiro-ministro inglês ao Centro de Saúde de Monchique.
Todos conhecemos os défices de cobertura nacional em termos de cuidados primários onde até o responsável pela pasta da Saúde (apesar dos sucessivos expurgos de utentes) reconhece que mais de 1 milhão de portugueses não tem médico de família link.
É sabido que, no período estival, a região do Algarve triplica a população à custa de uma grande afluência de elementos flutuantes: - os chamados ‘veraneantes’ link. Não é, portanto, difícil imaginar a sobrecarga das unidades de cuidados primários durante o Verão.
Mas ao contrário do previsível David Cameron foi atendido de modo expedito. Apesar de ter recorrido a um Centro de Saúde no dia em que decorria uma greve de enfermeiros conseguiu disfrutar de um atempado atendimento. Ficamos sem saber se, na qualidade de turista, lhe terá sido cobrada alguma taxa moderadora.
À saída teve tempo e disposição (apesar do incómodo da situação clínica) para elogiar o SNS link que o seu companheiro no Partido Popular Europeu – Passos Coelho – segundo a propaganda eleiçoeira terá sido um ‘exímio salvador’.
Estão aqui reunidos todos os ingredientes de uma estória mal contada. Escamoteou-se numa veraneante pincelada as difíceis e morosas condições de acessibilidade reinantes, no dia-a-dia dos cidadãos, aos cuidados primários de saúde.
Ou a encenação algarvia terá sido um daqueles episódios … ‘para inglês ver’?

E-Pá!

Etiquetas: ,

3 Comments:

Blogger Tavisto said...

Nas declarações elogiosas sobre o SNS, Cameron quis ser simpático com os correligionários políticos nacionais. Apenas isso. Se assim não fosse teria procurado entender porque há tantas reclamações de utentes e profissionais sobre a situação dos cuidados de saúde na região. Para tal bastaria ter pedido a um dos muitos assessores que se informasse junto de fontes oficiais da real situação da Saúde.

Actividade dos Hospitais do Algarve - Dados oficiais publicados nos relatórios de actividade da ARS Algarve e CHAlgarve.

CENTRO HOSPITALAR DO ALGARVE

2010 2011 2012 2013 2014 Var% 2014/2010

Consultas Externas 336.941 361.238 334.536 317.873 307.817 -9%
Cirurgia Connvecional 6.678 6.824 7.220 7.345 5.779 -13%
Cirurgia Ambulatória 8.542 8.319 7.688 8.385 7.662 -10%
Cirurgia Urgente 4.755 5.381 4.635 4.030 3.846 -19%


Uma baixa de produtividade desta monta no Centro Hospitalar do Algarve é caso para ter consequências. Ou não!

9:54 da manhã  
Blogger xavier said...

Para turista ver
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve divulga que, em colaboração com a Cruz Vermelha Portuguesa, no âmbito do Plano de Verão 2015, foram registados 3.524 atendimentos nos 32 postos de saúde de praia disponibilizados ao longo da costa algarvia.

Os postos de saúde de praia, com horário de atendimento entre as 10h30 e as 19h30, têm por objetivo assegurar cuidados de saúde de enfermagem e dar resposta a situações clínicas que possam ser tratadas no local, ou, em caso de necessidade, encaminhar o utente para uma unidade de saúde mais adequada. Vão manter-se em funcionamento até ao dia 30 agosto, sendo que sete mantêm portas abertas até ao dia 13 de setembro de 2015.

Do total dos atendimentos registados no mês de julho, foram realizados:
1.905 tratamentos;
670 medições de pressão arterial;
546 atendimentos devido a picadas de peixe-aranha e insetos;
115 para realizar testes de glicemia;
237 para administrar injeções;
51 encaminhamentos para outras unidades de saúde.

... POSTOS de PRAIA linklink

4:17 da tarde  
Blogger xavier said...

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) acaba de anunciar esta terça-feira que cinco enfermeiros e dois assistentes operacionais têm tuberculose latente. O sindicato acusa ainda o secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, de desvalorizar a situação.
O problema foi tornado público no início de fevereiro, quando se soube que 28 profissionais de saúde estiveram expostos durante um mês (em setembro/outubro de 2014) a um doente com tuberculose no Hospital de Portimão, tendo aguardado vários meses pelos resultados dos exames de despiste. O caso veio a lume numa altura em que se soube, também, que na unidade de Faro um enfermeiro contraiu tuberculose no serviço de cirurgia. Seis meses depois, os resultados confirmam que cinco enfermeiros e dois assistentes têm tuberculose latente.
O sindicato lembra que, ainda em fevereiro, o secretário de Estado Leal da Costa disse na Comissão Parlamentar de Saúde que “o Hospital de Faro sabe o que tem de fazer e que nos resta esperar que faça aquilo que tem de fazer em contextos deste género [de acordo com as normas estabelecidas pela DGS].”
Porém, o SEP alega que “o hospital não fez o que indicam as normas da DGS”. “Tendo o CHA tido conhecimento a 31 outubro 2014 da situação de exposição não protegida dos profissionais de Portimão, só meio ano depois concluiu a avaliação de risco”, lamenta o coordenador do sindicato no Algarve, Nuno Manjua.
“Perante uma situação desta gravidade, o secretário de Estado deveria ter tomado as devidas diligências para averiguar o que foi feito nesta situação e noutras semelhantes, uma vez que está em risco não só a saúde dos profissionais (que só agora iniciarão a medicação com a duração de seis meses), mas um possível contágio às suas famílias e aos doentes”, protesta o sindicalista.
“Os enfermeiros cuidam das pessoas, mas ninguém cuida deles”
O sindicato lembra ainda que a falta de profissionais de saúde e materiais nas instituições e a falta de consultas e exames periódicos, levam a que os acidentes profissionais e doenças de trabalho aumentem.
“Os profissionais de saúde, no concreto os enfermeiros, cuidam das pessoas, mas ninguém cuida deles. Nem o salário que auferem compensa o risco que correm, e o Ministério da Saúde teima em não corrigir esta realidade”, realça Nuno Majua.
Entretanto, a Inspeção Geral de Atividades em Saúde já se encontra a investigar a situação.
Jornal do Algarve link
Aqui temos mais um exemplo que o SNS rompe pelas costura em consequência do desvio de financiamento. È igualmente prova da incompetência de Paulo Macedo e Leal da Costa apenas preocupados com os rococós da propaganda

6:41 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home