Onde a semântica já vai !
... A atracção de jovens especialistas pelo interior do país, prossegue o governante, resolve-se tomando em conta um conjunto de circunstâncias: “temos de ter um número de médicos suficiente para que as escolhas que são colocadas a esses mesmos médicos possam ter em conta outras opções que não sejam apenas Lisboa, Porto e Coimbra.” Ao mesmo tempo a relação entre público e privado “tem de estar estabilizada”, pois, nos últimos anos, registou-se um crescimento “muito intenso” do sector privado, favorecido “pelo desencanto e pela desmobilização que afectou muitos médicos que prestavam serviço no sector público”, constatou o ministro.
Campos Fernandes incentiva as Unidades Locais de Saúde a desafiar médicos que estão em Lisboa “a viver de uma certa estagnação na sua carreira profissional” a virem para o interior. O caminho passa pela “criação de projectos profissionais mobilizadores e não apenas factores remuneratórios” observa o ministro, assumindo que da parte do Ministério da Saúde haverá ajudas para o investimento tecnológico nas unidades hospitalares. “Um especialista nos dias de hoje quer trabalhar num local que tenha equipamentos modernos para realizar uma medicina moderna” frisou.
“Até ao final da legislatura serão instaladas as infraestruturas necessárias no Alentejo” comprometeu-se o ministro da Saúde, advogando um princípio: “Ninguém deve sair do Alentejo para receber cuidados de saúde”. As deslocações para Lisboa, “ só por razões imperativas de natureza clínica”, sustentou Campos Fernandes, deixando uma advertência final: “Sozinho o Ministério da Saúde pouco fará” deixando um apelo ao contributo dos autarcas “para acabar com este paradigma maldito".
JP 06.12.16
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Ao sétimo parágrafo, era um vez a liberdade de escolha. Há que fazer tudo, diz o titular da pasta, para que os doentes não saiam do Alentejo. Como se alguma vez a liberdade de escolha fosse critério de melhoria do acesso e garantia de melhor tratamento. Enfim, quando a demagogia e a mistificação veste Zara a coisa vai durar pouco. Porquê? Porque se trata de uma moda, e a moda , até estatisticamente, é passageira. E do que esta tutela está a viver é de modas. Traduzidas em cedências aos privados, que praticamente não têm de se esforçar para irem ocupando o que eles designam por quotas de mercado. Onde a semântica já vai.
Cipriano Justo, in facebook
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