Crime Económico
Mais surpreendentes que as palavras do Director Clínico do Hospital da Luz são as de Maria de Belém. Aqui se transcrevem como constam na notícia:
As críticas de Maria de Belém Roseira
Foram vários os “recados” que a presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, Maria de Belém Roseira, deixou na intervenção que fez no jantar-tertúlia. Apesar de a crítica mais directa ser à Entidade Reguladora da Saúde, ao dizer que este organismo “tem um problema de identidade”, pelo que “quem não sabe o que é, não sabe o que faz”, a própria Ordem dos Médicos não foi poupada. Manifestando a opinião de que “ninguém faz regulação na Saúde, nem no público, nem no privado”, a responsável afirmou que “a Ordem tem aqui um papel crucial”, no que respeita à “capacitação técnico-científica” dos profissionais. Até porque, frisou a antiga ministra da Saúde, “a OM é uma associação pública, o que quer dizer que tem poderes delegados do Estado”. E concretizou: “O que a OM faz, fá-lo porque tem competências para o fazer e tem de as exercer a par do Estado.”
Mas nem o próprio Estado escapou às críticas da deputada. E porque, na sua opinião, assistiu-se ao surgimento de uma sector privado que “cresceu à custa de recursos públicos” sem que tivessem sido negociadas contrapartidas. Esta “distracção”, acusou Maria de Belém Roseira, constitui um “crime económico”. TM 23.06.08
Se em nada surpreendem as críticas aos putativos órgãos reguladores, depois de Campos e Cunha ter posto a nu as causas da sua ineficácia pouco mais haverá a acrescentar, já etiquetar de crime económico a forma como os privados se vêm apropriando dos recursos públicos no seu afã de se substituírem ao SNS, causa um espanto de “abrir a boca”. Não porque seja uma atoarda, mas por vir de quem vem; de uma personalidade com elevadas responsabilidades políticas (militante do Partido no Governo, ex-ministra e Presidente da\Comissão Parlamentar de Saúde).
Então mas o Estado está em autogestão? Não foi precisamente durante a governação da "coisa pública" pelo PS que o sector privado mais ousou cavalgar sobre o Serviço Público de Saúde sem que uma voz de aviso à navegação (Manuel Alegre e António Arnault, à parte) se ouvisse vinda do Partido no Governo?
As críticas de Maria de Belém Roseira
Foram vários os “recados” que a presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, Maria de Belém Roseira, deixou na intervenção que fez no jantar-tertúlia. Apesar de a crítica mais directa ser à Entidade Reguladora da Saúde, ao dizer que este organismo “tem um problema de identidade”, pelo que “quem não sabe o que é, não sabe o que faz”, a própria Ordem dos Médicos não foi poupada. Manifestando a opinião de que “ninguém faz regulação na Saúde, nem no público, nem no privado”, a responsável afirmou que “a Ordem tem aqui um papel crucial”, no que respeita à “capacitação técnico-científica” dos profissionais. Até porque, frisou a antiga ministra da Saúde, “a OM é uma associação pública, o que quer dizer que tem poderes delegados do Estado”. E concretizou: “O que a OM faz, fá-lo porque tem competências para o fazer e tem de as exercer a par do Estado.”
Mas nem o próprio Estado escapou às críticas da deputada. E porque, na sua opinião, assistiu-se ao surgimento de uma sector privado que “cresceu à custa de recursos públicos” sem que tivessem sido negociadas contrapartidas. Esta “distracção”, acusou Maria de Belém Roseira, constitui um “crime económico”. TM 23.06.08
Se em nada surpreendem as críticas aos putativos órgãos reguladores, depois de Campos e Cunha ter posto a nu as causas da sua ineficácia pouco mais haverá a acrescentar, já etiquetar de crime económico a forma como os privados se vêm apropriando dos recursos públicos no seu afã de se substituírem ao SNS, causa um espanto de “abrir a boca”. Não porque seja uma atoarda, mas por vir de quem vem; de uma personalidade com elevadas responsabilidades políticas (militante do Partido no Governo, ex-ministra e Presidente da\Comissão Parlamentar de Saúde).
Então mas o Estado está em autogestão? Não foi precisamente durante a governação da "coisa pública" pelo PS que o sector privado mais ousou cavalgar sobre o Serviço Público de Saúde sem que uma voz de aviso à navegação (Manuel Alegre e António Arnault, à parte) se ouvisse vinda do Partido no Governo?
É que se há crime tem de haver vítima, essa está identificada, e criminosos; esses quem são? Quem, em nome de todos, se comprometeu com os privados a entregar-lhes fatias crescentes dos cuidados de saúde? E que contrapartidas haveria a negociar? Ressarcir o erário público por cada profissional cuja formação, paga por todos, os privados lhe subtraem? Taxar as mais valias que os privados vão arrecadando à custa da nossa saúde? Vender por bom preço a ADSE às seguradoras em vez de a ir liquidando ao permitir-se o “opting out”?
Recomendaria pois à Drª Maria de Belém que em vez de uma linguagem hiperbólica procurando, admito, mandar mensagens para o seio do seu partido, se empenhasse de forma mais aberta na defesa do SNS juntando-se ás vozes críticas que, sobre esta matéria, se vão ouvindo de forma crescente no seio do seu Partido. É que se alguém tem andado distraído quanto ao “take-over” dos privados sobre o SNS é precisamente o governo do Partido Socialista.
Tá visto
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8 Comments:
É necessário que os "mesmos" que, na administração de CC, quando o BE, Manuel Alegre, António Arnaut e outros democratas, se manifestaram por fazer uma petição em favor do SNS, se restractem das "baboseiras", que, então produziram.
Então, não era necessário defender o SNS, era crucial defender CC no carago de ministro.
Precisamos de conservar a memória.
Mas, com certeza, o mais importante, será defender o SNS da investida neo-liberal, que ganhou folego com a eleição de MFL para a direcção do PSD.
Neste momento, neste campo de batalha social, cavaram-se trincheiras.
E não é possível fichar quieto (quedo e mudo) entre as duas linhas de fogo, porque quem se posicionar aí, será inevitavelmente atingido.
A maioria sociológica de esquerda que existe - e penso que continuará a existir no futuro - necessita de ser inflexível e precaver-se contra a inevitavel proposta da Direita. A revisão constitucional...
É sempre a mesma manha... o mesmo estratagema.
Estejamos vigilantes e procuremos lançar acções de defesa e sensibilização em prol do SNS.
Com recriminações como esta, em relação a Maria de Belém Roseiro, não vamos lá!
Será que deve o Estado passar a fazer com os médicos, enfermeiros e outros técnicos de saúde o que fazem os clubes de futebol com os seus jogadores?
E devemos adoptar a mesma "filosofia" quando se trate de professores que deixem o público e ingressem no privado?
E não devem os ex-ministros que se serviram do cargo para "acumular capital intelectual" ser tratados de modo idêntico quando vão para elevados cargos no sector privado?
Parece-me que há nisto qualquer coisa de errado e uma grande obcessão contra o sector privado da saúde.
E acho que tal obcessão mais do que defender um melhor SNS visa perpectuar muitos dos privilégios permitidos no sector público da saúde.
São os interesses corporativos a remar contra a maré, quando me parece que só um sector privado forte e de qualidade poderá induzir melhorias no SNS.
E se esta ERS não serve, demitam-se os responsáveis.
Esperemos que MBR faça na AR a mesma crítica, contribuindo para que a mudança ocorra.
Concordo no essencial com as críticas de MBR.
Mas porquê agora?
O que fez esta senhora, reserva da saúde do PS, durante a governação de CC, para alterar o curso dos acontecimentos?
O que poderá ainda ser feito para o Estado ver ressarcido das mais valias que as empresas privados arrebanharam ao SNS?
Pertinente a critica de MBR.
Que lugar andará ela à procura?
O cargo de presidente da Comissão Parlamentar da Saúde é sempre enigmático:
1. ou foi arrumada na prateleira;
2. ou prepara o "salto", melhor, o "assalto" ao poder e/ou ao apetecível sector privado.
As eleições de 2009, serão determinantes para estes "arranjos".
Independentemente da existência ou não do Bloco Central no quadro parlamentar ou de acordos inter-partidários, o encontro de interesses (nesse Bloco Central) já começou. Esta concertação não pode arrefecer...
Na AR fala pouco (acerca de matérias relevantes) sobre saúde.
Gere questiunculas. Não é a Zita Seabra do PS. Mas tem aquele ar de que vai ou acabou de chegar do cabeleireiro. Parece estar sempre envolta numa nuvem de laca...
Nunca esteve à frente ou concertada com as grandes movimentação sobre as questões de princípios do SNS.
A mobilização a fazer sobre as grandes questões socoais, Saúde, Educação, Legislação Laboral, terá de ser mais vasta, não sectária, determinada.
Dificil, portanto.
Há algum tempo quando se alertava para as características politico-sociais, muitos julgavam que o SNS só precisava de ganhos de efectividade. Com certeza.
Mas nasce uma nova pergunta:
- Para os entregar a quem?
Concordo que as críticas são pertinentes!
Só não compreendo o seguinte:
Maria de Belém, ex ministra da saúde, deputada do PS, presidente da Comissão Parlamentar da Saúde, assessora da Espírito Santo Saúde uma das operadoras privadas que mais médicos tem roubado ao SNS.
Como interpretar estas críticas,tarde e más horas, vindas de quem vêm ?
Com recriminações como esta, em relação a Maria de Belém Roseiro, não vamos lá!
Meu Caro e-pa!
Tenho MB como aliada do SNS, tal não me faz porém perder o sentido crítico e deixar de manifestar a minha estupefacção pelas palavras por ela proferidas na dita reunião. Em boa verdade passou todo o consulado de Correia de Campos sem que da sua boca se ouvisse uma crítica à política privatizadora em curso e vem agora falar-nos de crime económico! Bem sei que a camaradagem partidária impõe regras e contenção, mas convenhamos que há limites. Momentos há em que é preciso tomar partido, como fizeram Arnault, Alegre e, veja lá, mesmo Manuela Arcanjo veio a terreiro denunciar a situação.
É que a acusação de crime económico é de uma enorme gravidade e surpreende que venha de alguém com as suas responsabilidades actuais e identificação com a política de Sócrates. Ou não será assim?
Caro Tá visto:
Embora não pretendesse entrar nas recriminações lá caí.
Mas o essencial penso que ficou expresso no comentário:
"Mas, com certeza, o mais importante, será defender o SNS da investida neo-liberal, que ganhou folego com a eleição de MFL para a direcção do PSD."
Se não ainda transformamos MBR, na Agatha Christie do SNS.
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