domingo, junho 26

Ao que vem Paulo Macedo?

Pelos vistos a engenheira Isabel Vaz, presidente da comissão executiva da ESS, não aceitou o convite em primeira mão dirigido por PPC para a pasta da Saúde. Por considerar que numa altura, tão complexa, não seria viável uma responsável de um grande grupo do sector assumir a tutela de uma das áreas onde vai ser preciso cortar a eito.

Perante esta contrariedade, PPC, talvez aconselhado por MFL, decidiu dirigir convite a Paulo Macedo, que, surpreendentemente (tendo em atenção as dificuldades da sua anterior passagem pelo MF), aceitou à primeira (quer dizer, à segunda) .
Que a animação era outra com a engenheira Isabel Vaz ao leme do MS, não temos dúvidas. link Mas, nesta altura, não há nada a fazer, é com o ministro nomeado que temos de nos preocupar.

Ao que vem Paulo Macedo ?
De acordo com o objectivo prioritário da política Liberal-Social, definida no programa eleitoral do PSD, Paulo Macedo vai empenhar-se na implementação do designado Pacote Universal (básico) de Benefícios. O já famoso PUB, uma mistela liberal pacotilha destinada a cercear a procura de cuidados por parte dos cidadãos contribuintes beneficiários do SNS.

Segundo o semanário expresso desta semana, Paulo Macedo numa conferência, recentemente realizada (20.06.11), sobre os desafios da gestão financeira pública em tempos de crise, defendeu a aplicação do PUB.
«Se os portugueses não estiverem dispostos a pagar mais pela assistência - o que é provável face à pressão da troika para reduzir os gastos do SNS em 550 milhões de euros – então o Estado irá definir os serviços que se quer providenciar aos seus cidadãos, ou seja, deixará de continuar a garantir o acesso de todos a tudo. Por outro lado, há mais serviços públicos, mais bem-estar a distribuir, pelo que é necessário estabelecer o equilíbrio na distribuição destes bens aos cidadãos.»

Trata-se, na prática, de desenvolver o processo de troca da universalidade do SNS pela imposição do pacote básico de cuidados. Em articulação com a maior abertura da Saúde aos privados através da concessão da gestão e contratualização de cuidados do sector público a entidades privadas, promoção da chamada livre escolha dos utentes e do “opting out” e outras trapalhadas que tais.

A partir destes enunciados, podemos concluir estarmos perante um projecto que nada tem a ver com a reforma do nosso sistema de saúde, reconhecidamente um dos melhores do mundo, através da redução da ineficiência e melhoria da qualidade e do acesso. Trata-se antes de uma verdadeira mudança de paradígma. De pôr em prática o processo de liberalização do Serviço Público de Saúde que conduzirá, inexoravelmente, se não for atalhado, à sua destruição.
O qual merecerá, estou certo, dentro em breve, o repúdio generalizado dos portugueses.

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5 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

O DE de segunda feira (28.06.11) dá como certos Adalberto Campos Fernandes e Isabel Galriço Neto como secretários de estado da Saúde.
A ser assim teremos não a Iabel Vaz mas a Isabel Neto, médica do Hospital da Luz.
Penso que não seja para cortar tudo a eito.

12:18 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Ao que vem Paulo Macedo...?

Fácil de adivinhar!
Para já, introduzir os co-pagamentos e se este primeiro passo correr bem, logo se verá até onde pode ir. Isto é, de passo a passo, a "equipa de Passos", de que P Macedo é um peão, pretende derrogar o texto constitucional à sombra das "amarras" de um PS amordaçado (subscritor do texto da troika).

Portanto, a defesa do SNS começa por afrontar - desde logo - este previsto (no memorando da troika) primeiro passo sob o eufemismo de "aumento das taxas moderadoras", cujo volume (esforço financeiro adicional dos utentes) nada se sabe, excepto que: "taxas moderadoras dos cuidados primários são inferiores aos de visitas ambulatórias a especialistas e inferiores aos atendimentos de emergência".
Um escalonamento sem tecto e sem fundo. Ad hoc como manda a cartilha…

Aliás, hoje, podemos ver como esta questão se transformou para a direita neoliberal da península numa consonante "sinfonia ibérica" link

9:46 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Adenda:

Em Espanha a fabriqueta de conteúdos políticos e sociais é a FAES [Fundación para el Análisis y los Estudios Sociales] e por cá "Mais sociedade".

Les beaux esprits se rencontrent...

2:04 da tarde  
Blogger MQ said...

Tenho grandes esperanças no Paulo Macedo e neste governo. Quando os recursos são limitados, faz todo o sentido optimizar os serviços de saúde a serem disponibilizados pelo estado e dirigir esse investimento para que mais necessita. Esta é a parte Social do Liberal-Social.
Interessa também aproveitar esta oportunidade para criar maiores eficiências na saúde, seja estimulando a liberalização da abertura de farmácias a fim de estimular a concorrência e dar maior escolha à população, seja estimulando e trazendo reais vantagens a quem pretenda optar por seguros de saúde e pela rede de saúde privada. Apesar das dificuldades que vamos enfrentar, a verdade é que este modelo Liberal-Social que aí vem é exactamente a receita que precisamos.

11:28 da tarde  
Blogger helena said...

PM, tudo o indica, é um excelente técnico, empenhado no que faz e um cidadão honrado.
O problema são as políticas.
Uma coisa é desenvolver políticas com o objectivo de conseguir a sustentabilidade do nosso sistema de saúde. Outra coisa é servirmo-nos do sector público da Saúde para dar satisfação a interesses das clientelas.

11:40 da tarde  

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