quinta-feira, agosto 30

Escândalo na ARS-Norte (5)

As nomeações da ARS Norte para Diretores Executivos dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) continuam a surpreender: 
ACES Vale do Sousa Norte, Camilo Alves Mota , 60 anos, licenciado em Medicina (FMUP) – 1979.  
Súmula curricular que acompanha o Despacho de Nomeação: link Através deste resumo identifica-se como médico não inserido em carreira, nem possuidor de qualquer especialidade. Refere um Internato da Especialidade de Cirurgia Geral que terá frequentado no Hospital Distrital de São Pedro de Vila Real mas que decorreu apenas entre 1985 e 1986 (!?), quando deveria ter durado 6 anos. Afirma Competências que não são mais do que disciplinas do curso de licenciatura em Medicina. Afirma-se Médico Especialista em Medicina Termal (Especialização de Hidrologia Clínica; Hospital de São João — Porto), sendo que a Ordem dos Médicos não reconhece esta área como especialidade ou sub-especialidade, mas como competência. Um curriculum médico incompatível com qualquer tipo de concurso (graduação ou provimento) dentro do Serviço Nacional de Saúde. 
Actividade profissional: Feita quase exclusivamente através de trabalho à tarefa desenvolvido em atendimento permanente / serviço de urgência (Santa Casa da Misericórdia de Paredes, Hospital Padre Américo — Vale do Sousa e Tâmega, Hospital Privado da Arrábida, …). Experiência exigida (alinea a) do ponto 2 do Art.º 19 do DL 28/2008 de 22 de Fevereiro): NÃO POSSUI Formação exigida (alinea b) do ponto 2 do Art.º 19 do DL 28/2008 de 22 de Fevereiro): NÃO POSSUI Actividade na área da saúde: POSSUI (exterior ao SNS). 
Acrescentamos: Não vem mencionado, certamente pelo facto de não ter qualquer influência na nomeação, mas nós acrescentamos:
• Delegado de Secção ao XXXIV Congresso do PSD (Março 2012) link 
• Assina regularmente uma coluna de opinião no Jornal Progresso de Paredes, através da qual podemos ter acesso a alguns fragmentos do seu pensamento relativamente a questões de natureza social e política. Dois exemplos : - São as políticas das “interrupções voluntárias de gravidez ou os casamentos de lésbicas e homossexuais”, que resultam na baixa de natalidade, com consequências e prejuízos á vista, que empobrecem o país e a todos nos atinge; - Também as contas bancárias dos anteriores governantes eram passadas a pente fino descobrindo-se apenas 150 contos no homem que governou o País durante 50 anos do Estado Novo, chamado Oliveira Salazar, Presidente do Conselho de Ministros acusado de fascista tenebroso mas que jaz em campa rasa na sua terra natal em St.ª Comba Dão, com a humildade que raramente os grandes Estadistas reconhecem. link 
Resumindo, um currículo e um perfil que alguém considerou ser o mais adequado para dirigir uma instituição do Serviço Nacional de Saúde com quase 400 profissionais e que serve cerca de 170.000 utentes.
SIMEDICO

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2 Comments:

Blogger e-pá! said...

Galos (e galinhas) de Barcelos...

As indecorosas e acintosas nomeações para ACE’s da ARS Norte são uma longa e labiríntica trama. O que transparece para fora, o que 'escorre', é tudo começar e acabar na Câmara Municipal de Barcelos. E pelo meio, tudo gira à volta de antigos mandatos do executivo municipal liderados pelo Dr. Fernando Reis, médico de formação, empresário de convicção, um ‘dinossáurico’ edil (2 décadas de mandato), um dirigente histórico do PSD de Braga e um deputado (em Portugal e no Parlamento Europeu).
A nomeação do médico Camilo Alves Mota, continua a ter em relação aos ‘obtusos critérios’ que têm vindo a ser denunciados por diversas organizações de profissionais de saúde, organizações partidárias, absoluta congruência partidária (PSD), mas esmiuçando o CV publicado no DR link o espantoso é não existir nenhuma referência (próxima ou remota) à Câmara de Barcelos.
Já o mesmo não podemos dizer, do Dr. Castanheira Nunes, actual presidente da ARS Norte...

12:12 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) fez chegar à troika um dossier detalhado sobre as polémicas nomeações dos novos directores executivos dos Agrupamentos dos Centros de Saúde, afirmando que as escolhas feitas pela ARS-Norte (Administração Regional de Saúde) recaem em pessoas "sem experiência e sem qualificações". As denúncias são também extensivas a nível hospitalar. Segundo a FNAM, "o que tem prevalecido é a nomeação de pessoas por critérios relacionados exclusivamente pelas suas ligações partidárias ao PSD e ao CDS-PP".

Na informação que fez chegar a Albert Jaeger, membro do FMI, que chefia a missão permanente da troika em Portugal, a federação dos médicos dá conta das "flagrantes contradições e incumprimentos relacionados com algumas das medidas fixadas no Memorando de Entendimento (ME) firmado entre a troika e o Estado português e que colocam em risco justamente a coerência e a qualidade e sustentabilidade do sistema".

"Vimos participar alguns dos factos que nos merecem fundadas preocupações e contestação", diz a FNAM, que escreve preto no branco aquilo que foi estabelecido no ME e "o que aconteceu e está a acontecer" no sentido de se "garantir em 2012 uma redução da despesa em termos brutos dos salários no sector público, equivalente a, pelo menos, 3000 milhões de euros", mas também em relação aos recursos humanos, "limitando as admissões de pessoal na administração pública".

A FNAM não esquece "os objectivos a nível dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), onde estão contemplados o aumento do número de Unidades de Saúde Familiar (USF) e a melhoria dos critérios de selecção a adoptar para assegurar uma selecção mais transparente dos presidentes e membros das administrações hospitalares". E a este propósito escreve: "Estes deverão ser, por lei, pessoas de reconhecido mérito nas áreas da saúde, da gestão e da administração hospitalar".

Sobre os CSP, é denunciado que a ARS-N determinou em Março deste ano "uma considerável redução do funcionamento das USF aos sábados, domingos e horários 20-22h e o encerramento total nos dias feriados". Com base em quê? "A fundamentação baseia-se no facto de considerar unilateralmente e em contradição com o ponto 3.62 do memorando, que a actividade das USF não deve nestes períodos estar preferencialmente orientada para o atendimento de doença aguda não urgente, ou seja, das situações responsáveis pela maioria das "falsas urgências" que recorrem aos hospitais".

JP 31.08.12

7:46 da tarde  

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