sábado, fevereiro 8

Debate em família

"Expresso da Meia Noite" (07.02.14), moderado por Nicolau Santos, com Paulo Macedo (ministry of Health of The Portuguese Republic),  Marta Temido (presidente da APAH), João Ferreira (presidente do CA do Hospital de São João), Pedro Pita Barros (Professor de Economia na Nova School of Business and Economics).
Proposta: Discussão do estado da saúde em Portugal.
Sem contraditório, o tempo de antena deu para o MS analisar demoradamente as últimas tendências das estatísticas da Saúde, João Ferreira debitar resmas de dados sem sentido, PPB, crónico especialista da saúde convidado, divagar sobre futurologia; Marta Temido, estreante destas andanças, tentar defender que a verdadeira reforma requer tempo.

Como era de esperar (não sei o que terá passado na cabeça de Nicolau Santos ao seleccionar semelhante painel), o debate  do estado da saúde acabou mesmo por não acontecer. link E deu, ainda, para Paulo Macedo,  na despedida, garantir com serenidade que vai continuar tudo na mesma: cortes a eito, transferência de financiamento público, cada vez mais volumoso, para o sector privado, dificuldade crescente de acesso e quebra de qualidade do serviço público de saúde.
claragomes

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3 Comments:

Blogger Olinda said...

Uma verdadeira “morna”.

Um debate com dois funcionários do MS (embora uma delas estivesse em representação de uma associação sócio-profissional) nem assim conseguiu fugir ao espartilho do discurso conveniente. Nítida a falta de à-vontade no esboço de qualquer crítica. Afinal tudo normalíssimo. Até o doente despachado pelos “eficientes” hospitais do Norte onde se inclui uma PPP (Braga) e os laureados com o delirante ranking dos hospitais propagandeado pelos jornais. Tudo normal pois são coisas que acontecem. Agora como sempre. O défice que resiste e se agrava, a dívida que cresce. Até as brutais restrições ao acesso aos cuidados e ao medicamento. Tudo normal. O académico sempre muito contido e refém do seu próprio espaço “natural” de conforto. O presidente do S. João, em gíria futebolística, igual a si próprio. Sobre as perguntas que lhe fizeram nada respondeu derivando sempre para uma divagação “cabulada” sobre uns números que aprontou e que ninguém compreendeu. Uma série de erros, imprecisões e falhas. Assim uma espécie de taliban do SNS contra tudo e contra todos. A eterna obsessão de ser mais papista que o papa. A enormidade de dizer que Portugal gasta desmesuradamente. Um problema de estudo e de fontes. O ministro receoso, defensivo e distante. Neste debate almofadado, criteriosamente, ensaiado para não beliscar a já tão evidente desconfiança e frustração nos resultados da governação, fica um conjunto de quatro monólogos convergentes numa paz de comunhão de interesses.
Depois do flop do IPO do Espírito Santo Saúde fica o flop de uma política esgotada em fim de ciclo. Demais numa única semana. Ou talvez não. A dureza dos factos sobre o axioma incontornável da quebra dos “mitos”.

10:16 da tarde  
Blogger e-pá! said...

De facto, ontem, no programa 'Expresso da meia-noite', parecia estarmos na presença de uma representação do 'monólogo do vaqueiro' representada uma trupe viciada em amadorismos e malabarismos de prestigiação.
Como se sabe Gil Vicente aproveitou a 'Auto da Visitação' para pressagiar ao futuro rei (D. João III/recém-nascido) as maiores bem-aventuranças e, ontem, por outros caminhos e com outras tecnologias, andamos lá perto.
Pondo de fora a presidente da APAH que deve ter sido vítima de uma 'armadilha mediática' e metida num outro 'filme' que não o seu, os 3 restantes protagonistas da noite encaixavam-se muito bem na dissecção e unção do enfermo SNS.
Era a sua praia: o guião estava bem decorado, rodado e as dicas saíam fluentemente. Como não havia assistência não se ouviram nem aplausos, nem 'pateadas'.
Desde António Ferreira um 'espalha-brasas' (nomeado por Macedo) que apresentava sintomas de uma manifesta e incoercível 'diarreia estatística', ao Prof. Pita Barros (que com intermitências tem assessorado o MS) e ao próprio MS, foi possível projectar, durante a noite, gritantes (e surdas) concordâncias.
Até ao ponto de o MS lograr encaixar a 'teoria gestionária do caos' ( à la mode de Medina Carreira) e que o 'próprio' sentiu necessidade, na parte final, de decifrar o arraial gestionário exposto pelo 'laureado' presidente do CA do HSJ, como sendo 'natural' por este Hospital ser a 'maior empresa do Norte', logo geradora de um 'labirinto de dificuldades e complexidades'.
Esta ministerial 'visão empresarial' atirada à laia de remate do simulacro de debate disse mais do que todo o restante paleio despendido.
Foi mais uma vez notório que o Doutor António Ferreira quis arvorar-se em estrela da noite e embora, desta vez, não tenha tido oportunidade para repetir aquela 'monumental tirada estatística' acerca dos cirurgiões do 'seu' hospital que só fazem uma cirurgia/semana, andou lá perto...
Simplesmente deprimente.

10:41 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, garantiu ontem que o recente ranking de hospitais mostra que há melhores unidades de saúde devido às reformas do Governo.

“Isto não seria possível se o Governo não fizesse ouvidos moucos às declarações fatídicas de putativos pais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). O que ficou melhor qualificado foi o que fez as reformas ambiciosas”, disse ontem o primeiro-ministro na Maia, no encerramento do ciclo de conferencias “Confiança no Poder Local” – Estratégia e Gestão de Fundos Comunitários, Portugal 2020.Passos abordou ainda criticas a falhas no SNS. “Quem ouve a oposição a falar fica com a ideia de que o SNS foi destruído, de que não temos saúde e estamos à beira do caos. O ranking mostra que muitas instituições são de excelência”, disse Passos mesmo relativamente a hospitais que tiveram menos verbas disponíveis.

Recorda-se que, em Janeiro, os hospitais de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) admitiram que o número de colonoscopias para este ano não será suficiente apesar do aumento de 20 por cento. Também recentemente, um jovem acidentado em Chasves teve de fazer 400 quilómetros de ambulância após hospitais próximos não terem neurocirurgião

Defendendo a descentralização, Passos disse que o “Governo não quer gerir todos os hospitais e escolas”. “Alguém acredita que o ministro da Educação sabe de tudo o que se passa nas escolas? Isto é impensável”, apontou o social-democrata que assumiu ser necessária uma reforma dos serviços de Finanças e da Segurança Social. “Nuns sítios fechar-se-ão uns, noutros serão abertos outros”, referiu.
JP 08.02.14

Aí temos a propaganda liberal pacotilha a funcionar.
Tentativa vã de encobrir a política de destruição do SNS com a mais ignóbil propaganda.

11:02 da tarde  

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