Iniciativa do PCP
Ex. ma Sr.ª Presidente da Assembleia da República
O PCP tem ao longo dos anos denunciado a transferência de
dinheiro público para os privados, sendo que esta prática é transversal a todos
os setores de atividade, porém ganha cada vez mais expressão no setor da saúde.
As notícias dos últimos dias relativas à principal fonte de
financiamento de um grande grupo privado de saúde atestam o que o PCP tem dito.
Assim, de acordo com a informação veiculada pela comunicação social mais de
metade das receitas do Grupo Espírito Santo Saúde decorrem da transferência de
dinheiros públicos por via do pagamento das rendas da Parceria Público Privada
do Hospital Beatriz Ângelo e dos subsistemas de saúde (ADSE, SAD E ADM).
É crível que o mesmo se passe com outros grandes grupos
económicos da saúde.
A informações agora tornadas públicas confirmam plenamente o
que o PCP diz o Governo corta no financiamento do Serviço Nacional de Saúde
(SNS), só este ano serão 300 milhões a menos no orçamento do SNS, mas mantém a
transferência de 500 milhões de euros para os grandes hospitais privados ao
abrigo da ADSE e aumenta os encargos com as parcerias público privadas da saúde
em 6%, atingindo um montante de 418 milhões de euros em 2014.
O Governo tem afirmado publicamente de que tem sido forte
com a indústria e os grupos económicos e financeiros, mas realidade mostra
exatamente o oposto. A promiscuidade entre público e privado tem vindo a
acentuar-se, assim como o financiamento dos grandes grupos económicos e
financeiros pelo orçamento de estado.
Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e
regimentais aplicáveis, solicitamos ao Governo que, por intermédio do
Ministério da Saúde, nos sejam prestados os seguintes esclarecimentos:
1.Quais os montantes transferidos do Estado para os grupos
privados de saúde durante os anos de 2010, 2011, 2012 e 2013? Solicitamos que a
informação seja fornecida de forma desagregada por grupo privado de saúde.
2.Quais os montantes transferidos pelo Estado, por via dos
subsistemas de saúde (ADSE, SAD e ADM), para os grupos privados de saúde
durante os anos de 2010, 2011,2012 e 2013?
Solicitamos que a informação seja fornecida de forma
desagregada por grupo privado de saúde e por respetivo subsistema de saúde.
3.Como pode afirmar que tem tomado medidas fortes
relativamente aos grupos económicos e financeiros e ao mesmo tempo garantir
mais de 50% da receitas do Grupo Espírito Santo Saúde?
4.É beneficiando os grandes grupos económicos e financeiros
na área da saúde que o Governo pretende salvaguardar o SNS?
Palácio de São Bento, sexta-feira, 31 de Janeiro de 2014 link
Deputado(a)s CARLA CRUZ(PCP) PAULA SANTOS(PCP)
...
Uma importante iniciativa do PCP tendo em vista conhecer o
montante do financiamento público aos grupos económicos privados ao longo dos
últimos anos que, como sabemos, é em grande medida realizado através dos
subsistemas públicos (ADSE, SAD e ADM).
Espera-se que este conjunto de questões tenha cabal
esclarecimento e que, de uma vez por todas, se perceba que há uma clara
incompatibilidade entre o financiamento dos susbsistemas públicos através do
orçamento de Estado e o reforço do SNS. Questão em que a Esquerda em geral tem
mantido uma confortável ambiguidade, em grande medida explicada por evitar afrontar
interesses sindicais.
Tavisto
Etiquetas: desmantelar o SNS, s.n.s
2 Comments:
Procura por Espírito Santo Saúde aquém da oferta a um dia do fim do IPO
O "mercado" tem destas coisas. Cresce-se à sombra do "mercado" morre-se às mãos do "mercado". Pelos vistos os investidores não foram sensíveis ao conto de fadas. Abre-se um novo tempo. O tempo dos mitos que se quebram. Grupos privados que vivem à custa do financiamento público não conseguem motivar investidores. Eles lá saberão porquê…Talvez por conseguirem ler e interpretar melhor as “narrativas” e não irem em conversas da moda.
Também na João Crisóstomo se vão apagando as luzes. De facto, fazer um sistema de saúde sem recursos não é mesmo possível. Mesmo criando um clima de desconfiança sobre os profissionais fazendo crer que é tudo fraude e desperdício. Mesmo nomeando uns cowboys equiparados a gestores hospitalares. Nem mesmo assim.
É isso.
O 'clima' é dominado por uma infindável cascata de acções de 'transfer'.
Mas existe uma 'natural' contradição que não escapa aos mercados e influencia o comportamento das vetustas 'instituições financeiras'.
Ao tentar criar um 'estado mínimo' as transferências sofrem (têm de diminuir).
Então, o mais prudente será, desde logo, começar por alienar. Se não resultar resta assegurar e condicionar as transferências 'à nascença'. Isto é, dar o passo seguinte e tomar conta do Estado. Foi mais ou menos 'isso' que tentou, em Itália (e em parte conseguiu), Il Cavaliere.
Os 'mercados' demolidores e insensíveis tendem a dispensar 'intermediários' (assim do tipo Passos Coelho).
Quando as coisas começam a apertar ou a aquecer decidem irromper na cena (para os amantes de teatro, pela 'direita baixa').
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