quinta-feira, fevereiro 6

Chaves a Lisboa

Novamente a comunicação social vem a terreiro denunciar mais um incrível caso no âmbito da acessibilidade do SNS. Trata-se de um português, vítima de um acidente, que foi obrigado a ‘peregrinar’ mais de 400 Km (de Chaves a Lisboa) para obter a assistência qualificada que, concretamente, o seu caso solicitava e impunha. link link
Mas, mais uma vez este novo ‘caso’ aguarda a classificação – pelo MS - de ‘pontual’, ’esporádico’, etc., e atirado para o mesmo saco que a tenebrosa ‘história da(s) colonoscopia(s)’.
De quantos mais casos precisa o ministro Paulo Macedo para entender que os cortes cegos e sistemáticos na Saúde estão a atirar o SNS para uma situação sustentadamente ‘disfuncional’?
Atrevo-me a antecipar uma hipotética conclusão dos inquéritos (ARSN e IGAS), ainda, em curso. Assim: provavelmente, o ‘acidentado’ não tomou em consideração a grave situação financeira do País e, dentro de tal contexto, o jovem não deveria ter saído de casa 'vivendo de acordo com as possibilidades do País'. Assim - se observados comportamentos espartanos ou frugais de acordo com o estatuto e a dimensão 'sonhado pelo MS para o SNS' - seria possível evitar todos os sarilhos subsequentes em obtusa inventariação (O SES é um fervoroso 'adepto' da prevenção...) e 'assegurar' a sustentabilidade (não do 'sistema' mas das 'políticas').
Porque o ‘resto’ (a reforma hospitalar, a reestruturação das urgências, os cuidados primários, etc.), i. e., o que paulatinamente vai ‘escorrendo’ pela imunda sarjeta de destruição do SNS, está tudo conforme (a cartilha).

Mas a grave disfuncionalidade verificada com mais este caso não deverá morrer solteira, nem servirá para corrigir ou inverter políticas. Ao ‘sistema’ (às políticas governamentais) não deverão ser assacadas culpas já que a ‘doutrina oficial’ é que a actual equipa ministerial ‘tudo tem feito para salvar o SNS!’. Na construção de um ‘estado mínimo’ existirem ‘serviços mínimos’ ou ‘respostas deslocadas e insuficientes’ será uma concordante regra de sustentabilidade financeira e nunca uma ‘consequência’. No final de todo este imbróglio haverá, com certeza, uma solução ‘expedita’: vai sobrar para serem culpabilizados os profissionais de saúde (por incúria, negligência, má gestão ou qualquer outra razão).
E-Pá!

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