quinta-feira, outubro 27

Se não é ... é das calças

A extensa lista de realizações apresentada na torrencial abertura do ministro da saúde na comissão de saúde da AR não incluía, como é bem de perceber, o crescimento galopante do movimento das urgências registado nos hospitais do SNS no corrente ano. link link 
4.278 milhões de atendimentos no período jan-ago 2016. Mais 195 mil do que no período homólogo de 2015 (4,8%). Mais 346.335 atendimentos, se tivermos em atenção o objectivo traçado para o corrente ano (-3,7%). Traduzido num prejuízo a rondar os 31 milhões de euros. Sem contar com o valor dos MCDTS. Para agravamento do défice dos hospitais. link 
De boas intenções está o inferno cheio: «Adicionalmente, com o intuito de reforçar a integração entre estruturas assistenciais de diferentes níveis, estimulando medidas articuladas que promovam a reorientação da procura para cuidados programados e de proximidade, define-se o objectivo de alcançar uma redução do volume de atendimentos em Serviço de Urgência de 3,7% em 2016, quando comparado com o realizado no ano de 2015, que origina que as ARS contratarão com as respectivas instituições o número máximo de episódios de urgência que integram esta componente de valor fixo em 2016.» link 
Para Luís Campos a verdadeira razão deste problema está na “insuficiência da capacidade de resposta dos centros de saúde”, na “ausência de horários de atendimento mais prolongados e na falta de acesso a consultas não programadas para doentes agudos não urgentes”. 
Entre as prioridades estabelecidas no OE/2017 prevê-se a expansão e melhoraria da capacidade da rede de cuidados de saúde primários com o objectivo de melhorar o acesso e a cobertura da população através de (i) abertura de concursos para o preenchimento de vagas na área da Medicina Geral e Familiar; (ii) alargamento da intervenção das equipas de saúde familiar; e (iii) abertura de novas Unidades de Saúde Familiar. (relatório) link 
O ministro da saúde, sempre que vai à Comissão de Saúde da AR tem medidas de impacto mediático a anunciar. Na última sessão ficou a promessa de construção de 34 centros de saúde no próximo ano, um investimento de 34 milhões de euros. link 
Vamos ver se a aposta nos CSP, no próximo ano, é para valer e em que medida, aliada a outras medidas (gestor do doente), este governo consegue suster o crescimento incontrolável das urgências. Com o risco da inépcia do governo na resolução deste grave problema poder ser confundida com a influência da redução das taxas moderadoras no aumento da referida procura.

Etiquetas: