domingo, setembro 11

Dificil imaginar pior...

São conhecidos os episódios recentes que ilustram a actuação desastrada do ministro da saúde. Vejamos o resumo dos mais ilustrativos:

1. Depois de em entrevista à TVI ter afirmado «é preciso perceber se o país "pode sustentar o atual número de transplantes" e que não há necessidade de haver um incremento no número de transplantes.»
link, Paulo Macedo, na Comissão da Saúde da AR, tentou emendar a mão ao «recordar que a redução dos incentivos é uma medida que estava proposta pelos serviços há algum tempo e que não tinha ainda sido homologada, por isso "a medida não cai do céu e não é tomada em poucos dias"»-

2. Depois de o documento com a lista de medidas destinadas a reduzir as despesas da Saúde, apresentado à Comissão de Saúde da AR,prever a descomparticipação das pílulas anticoncepcionais , vacinas do colo do útero, hepatite B e estirpe do tipo B do vírus da gripe
link, o ministro da saúde, face ao coro de protestos, viu-se obrigado a emitir um comunicado no Portal da Saúde a desmentir esta decisão link

3.Outra trapalhada ocorreu com a suspensão dos reembolsos directos aos utentes, objecto de vários comunicados e esclarecimentos
link link

4. Será honesto declarar aos quatro ventos que há 1,7 milhões de cidadãos portugueses sem médico de família em Portugal, número apresentado na CS da AR, para depois esclarecer aos jornalistas «que estes são números que precisam ainda de ser expurgados, pois incluem situações como utentes que já morreram ou outros inscritos em mais do que um centro de saúde.
link

O que se poderá concluir desta série de tristes episódios ?
Paulo Macedo, decorridos escassos meses de governação, tem demonstrado inusitada inabilidade política. Falta de bom senso e inteligência. Como a nomeação de José Mendes Ribeiro para coordenador do “grupo técnico para a reforma hospitalar”, é disso exemplo.
Não comungo do optimismo de José Manuel da Silva, bastonário da OM, que numa recente entrevista ao Expresso considerava o «ministro de boas contas e toma medidas benéficas para o sistema de saúde. Tenho as maiores expectativas»-
Eu não teria. Penso mesmo, ao contrário de muita boa gente, cuja aposta é em Victor Gaspar, que é por aqui que o XIX governo vai ruir antes de terminada a legislatura.

Etiquetas: ,

5 Comments:

Blogger tambemquero said...

Ministro da Saúde corrige discurso sobre transplantes

O titular da pasta da Saúde asseverou, hoje, em sede de comissão especializada na Assembleia da República, que «não há uma correlação entre o número de transplantes efectuados e os incentivos» pagos para o efeito. Desta forma, Paulo Macedo garantiu que o corte das verbas em questão para metade «não põe em causa» a actividade.
Na semana passada, recorde-se, na sua primeira grande entrevista televisiva, o governante admitiu que o número de intervenções poderia diminuir como consequência da redução dos montantes destinados aos incentivos – além de ter colocado a questão em termos de saber se o SNS poderia suportar os encargos com o actual nível de transplantes.
O ministro da Saúde revelou, agora, que a decisão «não caiu do céu» e que a mesma já tinha sido «proposta pelos serviços há algum tempo», aguardando homologação – palavras que deixam antever uma medida que começou a ser desenhada antes da sua chegada à João Crisóstomo.
Mesmo tratando-se de uma redução «drástica» de verbas, Paulo Macedo acredita que a actividade não será afectada. Revelou mesmo que os responsáveis dos dois maiores centros de transplantação do País já lhe deram essa garantia.
«Não há orçamento do Ministério da Saúde para pagar os transplantes vezes o número de incentivos», informou o governante, referindo-se às contas que encontrou quando assumiu a pasta.
Coube a Fernando Leal da Costa, secretário de Estado Adjunto do ministro da Saúde, fazer mais alguns esclarecimentos e dar números.
«Estavam orçamentados para pagar transplantes, em 2011, cerca de 30 milhões de euros. Fomos informados que 26 milhões de euros era a dívida daquilo que ainda não tinha sido pago relativamente a 2010. Quer dizer que restariam 3,8 milhões de euros para pagar em 2011», concluiu.
Os encargos acumulados determinaram então a decisão de cortar nos custos. «Para poder pagar este ano alguma coisa, foi decidido reduzir em 50% o valor devido pelos incentivos. Se o perpetuássemos é que não haveria dinheiro nenhum para pagar em 2012», explicou Fernando Leal da Costa.
«Não acredito que algum dos senhores deputados acredite que algum médico vai deixar de fazer aquilo que deve fazer por estar a ser pior pago», rematou, esperando dar o assunto por encerrado.
Para trás ficou, recorde-se, um vendaval de reacções, incluindo a demissão dos mais altos responsáveis da Autoridade pelos Serviços de Sangue e da Transplantação, preocupados com a diminuição do acesso aos transplantes por parte dos doentes.
Ainda esta semana foi também conhecida a carta aberta da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) ao ministro da Saúde(em www.spt.pt), na qual eram pedidas «explicações» a propósito das declarações anteriores de Paulo Macedo.
«Aos doentes de patologia hepática terminal terá de ser explicado que terão menos hipótese de ser transplantados e mais probabilidade de morrer em lista de espera», escreveu, entre outros exemplos, Fernando Macário, presidente da SPT.

Sérgio Gouveia Tempo de Medicina, 07.08.11

8:12 da tarde  
Blogger tambemquero said...

«A redução dos incentivos aos transplantes é uma forma de os travar. Esquecendo que há doentes que se não forem transplantados ficam doentes e o seu tratamento é mais caro. Este ministro é um excelente economista, mas não tem sensibilidade social.»
António Arnault

8:14 da tarde  
Blogger saudepe said...

Quanto à falta de sensibilidade social do ministro da saúde que refere Arnault :
«Suicídio marca visita do ministro ao hospital de Évora . Paulo Macedo continuou visita.»
CM,05.08.11 link

8:19 da tarde  
Blogger Clara said...

Quando o British Hospital surge numa conversa, tendemos a perguntar: o de Campo de Ourique ou o das Torres de Benfica? O hospital pertence ao Grupo Português de Saúde desde o início dos anos 1980. O Grupo Português de Saúde pertence ao universo da Sociedade Lusa de Negócios, a tal que tinha um banco dentro. Exactamente: o BPN. O banco serviu para financiar a compra do British. Um fiasco. Entre 1999 e 2009, o British recuou de uma média anual de 12 mil consultas para cerca de 1800. Entre 2004 e 2007, o presidente do Grupo Português de Saúde foi o economista José António Mendes Ribeiro, o qual, quando saiu do grupo, deixou um passivo de perto de cem milhões de euros.
Pois foi precisamente José António Mendes Ribeiro que o ministro da Saúde, Paulo Macedo, foi buscar para coordenar o grupo de trabalho que vai propor os cortes a aplicar no Serviço Nacional de Saúde.
Isto, que podia ser uma charla dos Malucos do Riso, é o ponto em que estamos.

eduardo pitta, da literatura

9:09 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

«Recuso-me a permanecer aqui porque o meu lugar está esvaziado de funções. Não posso aceitar que haja doentes que se podem salvar mas que vão morrer porque o País está em dificuldades económicas
Maria João Aguiar, coordenadora Nacional das Unidades de Colheita de Órgãos, Tecidos e Células para Transplantação »
Diário Digital 02.09.11

«Consideramos que o Governo está a ir longe de mais nalguns cortes. Devemos colaborar no esforço nacional, mas achamos que não pode ser o Serviço Nacional de Saúde e os doentes a pagar a principal factura da crise»
José Manuel Silva, bastonário da OM , DN, 02.09.11

TEMPO MEDICINA, 2011.09.12

11:15 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home