sábado, novembro 24

Hospital de Braga

O grupo José de Mello Saúde está a trabalhar com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) no sentido de encontrar uma solução para equilibrar a situação económico-financeira do hospital de Braga. A entidade gestora está ainda a ponderar fazer um pedido de reequilíbrio financeiro ao Estado. Mas o ministro da Saúde já disse que não está aberto a renegociações.
"Os resultados económico-financeiros verificados até à data têm sido extraordinariamente negativos e a situação de prejuízos não pode manter-se em nenhuma circunstância", disse ao Negócios fonte oficial do grupo Mello Saúde, explicando que "esses resultados têm sido fortemente influenciados por um conjunto de alterações aos pressupostos contratuais".
A mesma fonte acrescentou que, para que a parceria público-privada (PPP) continue a ser vantajosa para o Estado, "é imperioso encontrar soluções que conduzam ao seu equilíbrio económico-financeiro e permitam o seu desenvolvimento sustentado". E nesse sentido "o Hospital de Braga está a trabalhar com a ARS do Norte na procura dessas soluções". O grupo frisa ainda que este hospital "é um dos mais eficientes do SNS", custando ao Estado "menos 20% que os hospitais equivalentes".
De acordo com o estudo da Ernst & Young a 36 contratos de PPP, o Hospital de Braga fechou 2011 com prejuízos de 16,5 milhões e um EBITDA negativo de 12 milhões.
Estes números, bem como as declarações do grupo Mello, vêm confirmar aquilo que o ministro da Saúde tem vindo a dizer: que as PPP na saúde são diferentes de todas as outras, pois o Estado sai "claramente a ganhar". "Tenho os privados a quererem negociar as PPP e até a quererem dá-las", disse Paulo Macedo na última vez que foi ao Parlamento, acrescentando que os contratos são para cumprir até ao fim. Macedo frisou os resultados negativos destas unidades, destacando os hospitais de Braga e o Cascais.
Jornal de negócios (exclusivo assinantes) 23.11.12 link


Quem está no sector da saúde, o estuda e observa há muito que tinha interiorizado que, em matéria de gestão da saúde e dos hospitais não há milagres. Os “milagreiros” do powerpoint vêm teorizando com as suas pregações de pacotilha, quase sempre, ancoradas nuns “estudos” das consultoras do “costume” que andam pelo mundo inteiro a tentar inventar a roda. È verdade que, até hoje, o que mais que estas consultoras têm conseguido é amealhar umas centenas de milhares de euros na venda de ilusões sobre a forma de slides. Há muito que os ouvimos proclamar que fazem melhor que o Estado, que estão prisioneiros da falta de liberdade de escolha, entre outras pantominices repetidas até à exaustão.
É claro que para capturarem o financiamento público fizeram ofertas mirabolantes que só poderiam funcionar com restrição de meios e selecção adversa até que o PSD chegue (já chegou) e, finalmente, os contratos sejam (generosamente) renegociados.
A muitos destes MBA’s parece faltar tarimba, experiência e seriedade profissional.
Tiburcio  (01.07.2010) link

Nota: É oportuno lembrar que o grupo vencedor, a Escala Braga (que integra a JMS), apresentou a concurso uma proposta inicial de 1.019 milhões de euros, 14.1% abaixo do Custo Público Comparável (1.186 milhões de euros). Na 2.ª fase do concurso baixou para 794 milhões de euros, menos 225 milhões, ou seja, 22% abaixo do CPC. O que não impediu que o projecto fosse adjudicado.
Correia de Campos , reconheceu,  depois de ter saído do MS, em entrevista ao DE, que esta situação o trazia angustiado.

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terça-feira, fevereiro 22

Vendidos por trinta dinheiros

Porque o silêncio é inimigo da justiça, é preciso dizer: Os profissionais do Hospital de São Marcos, actualmente reduzido a uma comissão liquidatária, foram vendidos. Como uma bomba perfusora, um computador ou uma secretária. Fazem parte de um «pacote», que incluiu uma estrutura de prestação de serviços, os prestadores desses serviços, e os beneficiários dos mesmos serviços. Numa espécie de alquimia dos tempos modernos, uma instituição privada (ser)viu-se com muito mais que um hospital e os seus funcionários. (Ser)viu-se com um mercado (quase) totalitário da prestação do serviço contratado. (Ser)viu-se com um pagante que tem que pagar e paga, ainda que possa atrasar-se a fazê-lo.

Aproximando-se agora a transição para as novas instalações, tem sido o previsível sufoco gestionário. E temos assistido, nos últimos tempos, a entrevistas conduzidas por um grupo de meninos-gestores, a muitos profissionais médicos, de assistentes a assistentes graduados seniores, onde reina o desplante de propostas remuneratórias para quem quiser transitar para a nova unidade hospitalar. O inconcebível, inominável desplante de propor a assistentes graduados em exclusividade vencimentos de 2200-2400 euros mensais por 40 horas, de propor a assistentes em 35 horas vencimentos de 1700-1900 euros mensais por 40 horas. Num Hospital em que há médicos contratados pela Sociedade Gestora a ganharem mais de 5000 euros mensais (das «especialidades muito carenciadas»). E tudo isto sob o manto do «mas se o sotôr não aceita, não podemos contar com o sôtor no novo Hospital». E tudo isto com o beneplácito do MS, ACSS e ARS Norte.

A este propósito, a ARS Norte recentemente emitiu uma nota informativa onde afirma que o instrumento de mobilidade previsto para os profissionais do hospital é a cedência por interesse público. A cedência que permitirá a uma das partes, se insatisfeita (como suponho que uma, facilmente, ficará), denunciá-la mediante pré-aviso de 1 mês, colocando o profissional na malha da mobilidade. E parece que (quase) toda a gente ganha: o MS, que sempre perde alguns funcionários públicos (esses preguiçosos inveterados), a Sociedade Gestora que pode condicionar os profissionais a aceitar reduções da massa salarial com uma carga horária igual ou superior, e os profissionais a quem se permite, condescendentemente, trabalhar num Hospital de ponta (nem que não vá ter ponta por onde se lhe pegue).

E pergunta-se, e estranha-se: o que ganha a Sociedade Gestora com esta afronta aos profissionais, nomeadamente aos médicos? Qual o tipo de lealdade conquistada a profissionais aos quais se lhes diz «muito bem, agora o sotôr, para ter o ensejo de trabalhar connosco, abdica de metade do seu vencimento, fica com menos dias de férias, trabalha as mesmas horas ou um pouquinho mais» e, perante a cara de espanto de muitos, rematam «mas o sotôr agora, depois de 20 ou 30 anos em exclusividade, pode finalmente fazer privada» ou «damos-lhe um suplemento se vir x doentes este ano, x+y no próximo, x+y+z no seguinte». As costas destes indivíduos devem queimar de tão quentes…

E cá andamos. A convocar doentes para serem operados às cataratas, nem que dementes, nem que com neoplasias terminais. A ver as habilidades da facturação nos exames e procedimentos. A reconvocar (quase compulsivamente) doentes que faltaram, a dar altas administrativas, a ver os doentes indefinidamente pela primeira vez, a inventar consultas urgentes, de triagem, de prescrição. Impedidos de alterar a agenda cá andamos a marcar 3 e 4 doentes à mesma hora. Cá andamos a justificar nº de consultas e cirurgias, primeiras versus segundas, tempos de execução e taxas de ocupação, GDH e case-mix, e etc., e etc. Tempos para reuniões, estudos, publicações, congressos, moderações e afins, apenas se não comprometerem a actividade (dita) assistencial. Cá andamos. Neste antro. Neste inominável antro.

Para não falar no corte das «ceias» dos profissionais, no racionamento do leite (do leite, leram bem) das crianças na Pediatria, nas camas que não se podem fazer todos os dias, dos lençóis aproveitados de doentes transferidos de outros hospitais. E a avistar todos os dias os carros topo de gama, todos curiosamente de finais de 2009, que adornam o parque da Administração. Cá andamos sem luz ao fim do túnel. Sem nenhuma das virtudes e com todos os vícios dos hospitais privados (e mais um: o de não se depender sequer dos «subsistemas», mas do «sistema» em si).
Cá andamos, vendidos por nem 30 dinheiros pela ARS e pelo MS. Até ao dia, que não se afigura distante, em que vamos dizer: cá andámos.
E neste silêncio, neste silêncio que não se percebe, neste silêncio de abandono.»

Ante Meridiem

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quarta-feira, fevereiro 9

PPP de Braga multada

«O hospital de S. Marcos, em Braga, foi responsável pelo encaminhamento indevido de 173 doentes para os hospitais do Porto, durante o mês de Agosto do ano passado. O Ministério da Saúde detectou e multou a empresa gestora do hospital em 273 mil euros. link

Em Agosto de 2009, os hospitais do Porto começaram a notar que o atendimento nas urgências a doentes vindos da zona de Braga estava a aumentar de forma inexplicável. Apresentaram queixa à Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN) que mandou fazer uma auditoria. Conclusão: os hospitais de Barcelos, Famalicão, Guimarães e Viana do Castelo enviaram 131 doentes para o Porto porque sabiam que o hospital de S. Marcos não tinha médicos nas urgências em muitas especialidades. A própria unidade hospitalar de Braga transferiu para o S. João, nesse período, 36 doentes.

Na sequência da auditoria da ARSN, o hospital de S. Marcos foi multado em 273 mil euros por falhas graves no funcionamento. Segundo a auditoria, faltam médicos na urgência em algumas especialidades, sobretudo aos fins-de-semana, feriados e durante a noite. O Estado pagava, por isso, a dobrar. Pagava a disponibilidade da urgência do S. Marcos e o atendimento nos hospitais do Porto.

Em comunicado, a Escala Braga garante que não existe, por parte do hospital, qualquer incumprimento do contrato de gestão e não compreende a aplicação da multa. Refere ainda que não é verdadeira a alegada falta de disponibilidade do serviço de urgência, não havendo falhas nas equipas médicas de serviço à urgência durante todos os períodos do dia, todos os dias do ano.
O S. Marcos assegura ainda que foram lançadas medidas de melhoria que compreendem o reforço do quadro médico, criação do pólo 2 de serviço de urgência e contratação de mais técnicos.

Desde 1 de Setembro de 2009, no âmbito de uma parceria público-privada, a urgência polivalente do S. Marcos, é gerida pela empresa Escala Braga, do grupo Mello Saúde, e é remunerada pelo Ministério da Saúde para estar disponível 24 horas por dia.»
IOL 09.02.11

1.º - Em primeiro lugar de salientar a qualidade e rigor jornalistico desta notícia do IOL.
2.º - Ao melhor estilo da gestão José de Mello Saúde os problemas desta PPP parecem ter começado cedo. Um rombo sério no resultado do exercício: 273 mil euros é dinheiro.

drfeelgood

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terça-feira, junho 1

Ainda a Procissão vai no Adro…

…”Hospital de Braga dispensa 20 médicos das urgências à meia-noite. link Urgência do hospital atingiu ruptura com mais de cinco horas de espera. Polícia já interveio para serenar os ânimos. A partir da meia-noite de hoje, a urgência do Hospital de Braga pode ficar sem médicos. Em causa está a saída de 20 clínicos subcontratados à empresa de prestação de serviços médico Semeno. Ao que o Económico apurou, o Grupo Mello Saúde, responsável pela gestão clínica do hospital, rescindiu o contrato com a empresa (que estaria em vigor até Outubro), com efeitos práticos a partir da meia-noite de hoje. Da dia, cessam funções às 00h00. Neste momento os serviços estão em ruptura e o caos instalou-se nas urgências, com um tempo de espera previsto de cerca de cinco horas. Um dos utentes, que ainda se encontra à espera de ser atendido nas urgências contou ao Económico que os clínicos "não estão a atender as pessoas e os corredores estão apinhados de gente", acrescentando que a polícia foi chamada a intervir nalgumas situações em que os ânimos se exaltaram. Este hospital iniciou um processo de transformação para o modelo de parceria público-privada (PPP) em Setembro passado, tendo a gestão clínica passado para o Grupo Mello Saúde”…


Começou o “arraial” das PPP’s.
Quem está no sector da saúde, o estuda e observa há muito que tinha interiorizado que, em matéria de gestão da saúde e dos hospitais não há milagres. Os “milagreiros” do powerpoint vêm teorizando com as suas pregações de pacotilha, quase sempre, ancoradas nuns “estudos” das consultoras do “costume” que andam pelo mundo inteiro a tentar inventar a roda. È verdade que, até hoje, o que mais que estas consultoras têm conseguido é amealhar umas centenas de milhares de euros na venda de ilusões sobre a forma de slides. Há muito que os ouvimos proclamar que fazem melhor que o Estado, que estão prisioneiros da falta de liberdade de escolha, entre outras pantominices repetidas até à exaustão.

É claro que para capturarem o financiamento público fizeram ofertas mirabolantes que só poderiam funcionar com restrição de meios e selecção adversa até que o PSD chegue e, finalmente, os contratos sejam (generosamente) renegociados.

A muitos destes MBA’s parece faltar tarimba, experiência e seriedade profissional.

Para variar, também neste caso, como em muitos outros a “tutela” faz o papel do morto ou quiçá de desaparecido em combate.

tiburcio

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quarta-feira, janeiro 20

Hospital de Braga PPP

Exmo. Senhor Presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, Deputado Couto dos Santos
Requerimento para a Audição da Ministra da Saúde

A sucessão de decisões tomadas pela administração privada do Hospital de Braga está a comprometer a qualidade dos serviços prestados aos doentes e a natureza pública deste hospital do SNS, cuja gestão o governo entregou ao grupo Mello no âmbito da parceria público-privada (PPP) para a construção e exploração do futuro hospital de Braga.

O pré-encerramento de serviços hospitalares, a suspensão da dispensa gratuita de medicamentos pela farmácia hospitalar, a alteração dos medicamentos prescritos pelos médicos e a redução do prazo de validade das receitas médicas são apenas algumas das medidas aplicadas pelo grupo Mello exclusivamente determinadas pela preocupação de aumentar os lucros do contrato estabelecido com o estado. É necessário travar esta gestão ruinosa do hospital de Braga para que este não se transforme no segundo Amadora-Sintra.

Ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda requer a Audição da Ministra da Saúde pela Comissão Parlamentar de Saúde com a finalidade de prestar informações e esclarecimentos sobre a actual gestão do Hospital de Braga e a Parceria Público Privada em curso.

Lisboa, 16 de Janeiro de 2010

João Semedo, deputado do BE

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segunda-feira, janeiro 11

Gestão privada do hospital de Braga

Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República
A administração do Hospital de São Marcos (Braga), entregue pelo governo ao grupo privado José de Mello Saúde no âmbito da PPP para a construção do novo hospital de Braga, decidiu não receber mais doentes de quatro especialidades: imuno-alergologia, infecciologia, nefrologia e reumatologia.

Segundo os gestores privados deste hospital público, aquelas especialidades “não fazem parte do perfil assistencial da instituição”. A medida entra em vigor daqui a 8 dias, com evidente prejuízo para a população por ele servida e para a capacidade de resposta daquela unidade enquanto hospital central de referência para todo o Minho.
As especialidades agora postas em causa pelo grupo Mello representam custos dos mais elevados na gestão de um hospital. A gestão privada começa a retalhar o hospital de São Marcos, não para melhorar a qualidade dos serviços prestados mas para acautelar e aumentar os seus próprios lucros neste negócio que o governo lhe proporcionou.
A 8 dias desta decisão entrar em vigor, as declarações do Secretário de Estado Manuel Pizarro revelam que o governo não tem qualquer solução para garantir o atendimento dos doentes daquelas especialidades e que apenas está preocupado em sacudir a água do capote, tentando fazer crer que a responsabilidade não é sua mas sim do governo que em 2005 definiu os termos da PPP, como se não tivesse sido possível alterá-los durante o longo processo – mais de quatro anos, de preparação e negociação da PPP para o hospital de Braga.
As declarações do Secretário de Estado Manuel Pizarro espelham a resignação e cumplicidade do governo perante os gestores privados a quem entregou o hospital de Braga.
As decisões agora anunciadas seguem-se a muitas outras medidas entretanto tomadas pela gestão privada do hospital de São Marcos e que têm degradado o funcionamento dos serviços hospitalares e gerado grande instabilidade e contestação entre os profissionais e, também, descontentamento e protesto entre os utentes, perante o silêncio e o desinteresse do ministério da saúde. O governo nada tem feito para evitar que se repita em Braga o que se passou com a gestão privada do Amadora-Sintra.

Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem por este meio dirigir ao Governo, através do Ministério da Saúde, as seguintes perguntas:
1. O governo conhecia a decisão da administração do hospital de Braga de não admitir mais doentes nas especialidades acima referidas?
2. Que cláusulas do contrato de PPP são invocadas pela administração privada do hospital de Braga para tomar aquelas decisões?
3. Por que não alterou o governo os termos do contrato da PPP para o hospital de Braga de forma a evitar a situação agora criada?
4. Por que não impede o governo a concretização das decisões anunciadas unilateralmente pela gestão privada do hospital de São Marcos?
5. Como pode o governo explicar que, a oito dias daquela decisão entrar em vigor, ainda não há solução para assegurar e garantir o atendimento de doentes naquelas especialidades no domínio do SNS?
Caso o governo não impeça a administração privada do hospital de Braga de levar por diante as decisões agora anunciadas, como vai ser garantido o atendimento dos doentes
Palácio de São Bento, 11 de Janeiro de 2010.
Os Deputados

João Semedo e Pedro Soares

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quarta-feira, julho 22

TC visa


Mudança pode ficar marcada por despedimentos link
O Tribunal de Contas acaba de visar o contrato de construção e gestão da Parceria Público-Privada para o novo hospital de Braga.
O visto - atribuído por unanimidade, pelos juízes que, ao longo dos últimos sete meses, analisaram o contrato que coloca a gestão do São Marcos nas mãos do consórcio Escala Braga - marca o início de um novo ciclo na prestação de cuidados de saúde aos utentes da região Minho. Mas a passagem do S. Marcos ao regime de gestão privada também deverá ficar assinalada pelo despedimento de centena e meia de trabalhadores, cujos contratos a termo resolutivo certo terminam no final deste mês.

Rui

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quarta-feira, junho 17

PPP, HH de Braga


Assunto: 151 funcionários do Hospital de S. Marcos, em Braga, em risco de despedimento
Destinatário: Ministério da Saúde


Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República

O Decreto-Lei n.º 276-A/2007, de 31 de Julho, que procede à sexta alteração ao Estatuto do Serviço Nacional de Saúde, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 11/93, de 15 de Janeiro, prevê a passagem dos trabalhadores em regime de contrato de trabalho a termo certo a regime de contrato de trabalho a termo resolutivo certo.
Os 151 funcionários do Hospital de São Marcos, em Braga, em regime de contrato de trabalho certo em 31 de Dezembro de 2008, viram, assim, alterado o regime que lhes é aplicado, aguardando, actualmente, informações mais precisas sobre o seu futuro profissional, já que o término dos seus contratos está marcado para dia 31 de Julho do corrente ano.
Falamos de um técnico superior de serviço, 26 assistentes técnicos e 124 assistentes operacionais, classificados, até 31 de Dezembro de 2008, como auxiliares de acção médica, que, em alguns casos, trabalham, com reconhecida dedicação, há vários anos no Hospital de São Marcos.
O Tribunal de Contas (TC) ainda não aprovou o Contrato de Parceria Público Privada assinado entre o Estado e o consórcio liderado pelo Grupo de José de Mello Saúde para a construção e gestão do novo Hospital de Braga. O visto do TC tem sido utilizado para justificar e prolongar a incerteza profissional destes trabalhadores e para adiar a solução definitiva do seu problema.
De facto, e segundo informações veiculadas pela imprensa, a administração do Hospital de São Marcos só procederá à renovação contratual destes profissionais se, até dia 31 de Julho, o TC não visar o contrato.
O Bloco de Esquerda tem alertado para as graves implicações que as Parcerias Público-Privadas (PPP) representam, quer para os utentes e profissionais, quer para o erário público. O processo de constituição de PPP no Hospital de São Marcos, como todos os outros, é pouco transparente, extremamente moroso e representa um aumento exponencial dos custos, continuando a suscitar, inclusive, dúvidas ao TC. É também uma forma expedita de dispensar profissionais de saúde.
A actual gestão do HSM não pode desresponsabilizar-se face ao futuro dos 151 funcionários desta unidade. Os trabalhadores em risco de despedimento desempenham tarefas efectivas no HSM e são essenciais à manutenção da qualidade dos serviços prestados por este hospital, pelo que devem manter-se nos respectivos postos de trabalho, seja qual for o regime de gestão do hospital.
Nesse sentido, e seja qual for a futura entidade gestionária, deverá ser assegurada a contratação destes profissionais.
Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, dirige ao Governo, através do Ministério da Saúde, as seguintes perguntas:
1. – Quando serão dadas garantias aos 151 profissionais do Hospital de São Marcos relativamente ao seu futuro profissional?
2. – Que medidas vão ser tomadas no sentido de garantir a continuação da actividade daqueles 151 profissionais no actual e futuro Hospital de São Marcos?

Palácio de São Bento, 15 de Junho de 2009.

João Semedo

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sábado, fevereiro 21

Hospital Braga PPP

A empresa construtora do novo hospital de Braga desrespeitou o acordo com a tutela no respeitante ao acompanhamento arqueológico e continuou a laborar no fim de semana. Arqueólogo teve de exigir a suspensão das obras. link
O incidente está já ultrapassado, com os trabalhos a serem retomados na segunda- feira, mas deixou mácula num processo já por si polémico, devido à sensibilidade da área onde o edifício hospitalar está a ser construído, onde se teme poderem vir a ser destruídas partes do complexo monumental das Sete Fontes. …/
JN 18.02.09

Começaram cedo os incidentes com a execução deste contrato PPP.
Digno de registo, o facto de a fiscalização (obra), desta vez, ter funcionado. Infelizmente uma andorinha não faz a primavera. Vamos acompanhar, dentro do possível, com especial interesse, o desempenho das entidades fiscalizadoras dos contratos PPP de construção de novos HHs do SNS.

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terça-feira, fevereiro 10

Novo HH de Braga PPP


A ministra da Saúde, Ana Jorge, esteve hoje em Braga na cerimónia de assinatura da minuta de contrato entre o Estado e a José de Mello Saúde, para a construção e gestão clínica do novo Hospital Universitário de Braga PPP link

É sempre oportuno lembrar que o grupo vencedor, a Escala Braga (que integra a JMS), apresentou a concurso uma proposta inicial de 1.019 milhões de euros, 14.1% abaixo do Custo Público Comparável (1.186 milhões de euros). Na 2.ª fase do concurso baixou para 794 milhões de euros, menos 225 milhões, ou seja, 22% abaixo do CPC.
O que não impediu que o projecto fosse adjudicado.

CC, reconheceu, já depois de ter saído do MS, em entrevista ao DE, que esta situação o trazia angustiado.
Reservemos a angustia para os contribuintes que terão de desembolsar 794 milhões de euros (fora o resto) para a José de Mello Saúde.

“Acreditamos firmemente que os projectos hospitalares (subentende-se: a JMS) têm a ganhar com a junção da iniciativa privada com a regulação pública”. Lembrou-se de dizer na circunstância (termo futebolês à Ribeiro Cristóvão) Salvador de Mello.
SM, lá terá as suas razões .
Segue-se a tentativa de obtenção de visto do TC.

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terça-feira, julho 8

Hospital de Braga


A merecer melhor sorte
O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou em 19.03.08 a decisão referente ao Hospital Amadora-Sintra passar a Entidade Pública Empresarial (EPE) a partir de 2009. Quanto ao futuro das PPP, JS entendeu que "as parcerias público-privadas são úteis para a construção; a gestão hospitalar, essa, deve permanecer pública".
Pouco depois desta decisão do governo em afastar a gestão clínica das PPP, CC entendeu que era chegada a altura de dar a conhecer em entrevista ao DE, a sua angústia em relação à descida de preço da proposta (225 milhões) que permitiu ao grupo Mello ganhar o concurso do Hospital Universitário de Braga.
link

Resolvida a angústia de CC (?), aliviadas as futuras PPP da gestão clínica, compreende-se mal que se tenha mantido a confiança do Estado no Grupo Mello, relativamente à Parceria Público Privada do Hospital de Braga, uma das maiores e mais importantes unidades do país.

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quarta-feira, junho 18

PPP, H. de Braga

João Semedo em visita ao Hospital de S. Marcos (16.06.08), reafirmou a sua discordância em relação “as parcerias público privadas por razões financeiras, por razões de controlo e por razões de qualidade”, adiantando que “as parcerias têm uma taxa de juro muito superior ao financiamento público através da emissão de dívida pública”. link

Nós também não entendemos a incoerência do Governo que recentemente decidiu, acertadamente, resgatar o Hospital Amadora Sintra para a gestão pública, devido à complexidade e custos de fiscalização do contrato com a JMS, a mesma "entidade privada financeira e imobiliária" que vai gerir o Hospital Universitário de Braga PPP.

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terça-feira, março 11

Hospital de Braga PPP

Memória futura de mais uma PPP
No concurso de adjudicação do novo Hospital Universitário de Braga PPP, o consórcio Escala Braga, formado pela José de Mello Saúde (JMS), Somague e Edifer, apresentou uma proposta inicial de 1.019 milhões de euros, 14.1% abaixo do Custo Público Comparável (CPC) de 1.186 milhões de euros. link Na 2.ª fase do concurso (negociação) o consórcio Escala Braga baixou aquele valor para 794 milhões de euros (menos 225 milhões, ou seja, 22% abaixo do CPC), conseguindo, assim, bater o melhor preço apresentado pelo outro concorrente, o consórcio liderado pela Espírito Santo Saúde (843 milhões de euros). link

A enorme diminuição de preço apresentado da 1.ª para a 2.ª fase do concurso levantou muitas dúvidas entre os outros concorrentes que questionaram os possíveis efeitos desta descida de preço na qualidade das propostas.
O avaliador do Estado não pensou assim e, por isso, os Mello vão agora negociar com o Estado a redacção final da proposta de contrato. (MB, DE 10.03.08).

Mais uma missão impossível para as entidades responsáveis pela supervisão e fiscalização do contrato do novo Hospital de Braga PPP. O consórcio adjudicatário conhece as debilidades do Estado nesta matéria. Fazer a recuperação do desconto de 225 milhões, que lhe permitiu ganhar este concurso, em dez anos, tempo de vigência de contrato, é canja para o consórcio ganhador.

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sábado, maio 19

PPP de Braga ao preço da chuva


Na 2.ª fase do concurso do Hospital Universitário de Braga PPP, a José Mello Saúde baixou o preço da proposta inicial de 1.019 milhões de euros para 794 milhões de euros (-22%), conseguindo desta forma oferecer um valor inferior à proposta de preço mais baixo da ESS (889,5 milhões de euros), reduzida, nesta fase de negociação, para 843 milhões de euros. link
Salvador de Mello
justifica esta inusitada redução de preço através das sinergias e capacidade financeira resultante da recente associação da JMS com a Quirón.
Mesmo levando em linha de conta todas as sinergias deste mundo, resultantes do reforço recente do grupo, concorrer com um preço inferior em cerca de 356 milhões de euros ao comparador público (1.150 milhões euros) é obra!
Para a engenheira Isabel Vaz esta invulgar redução é fruto da concorrência. O Estado deve dar-se por satisfeito por haver grupos concorrentes interessados e persistentes em construir hospitais públicos.
Ainda havemos de ouvir a engenheira dizer que os investidores privados existem para nos salvar e ao SNS.
Eu sei quem vai pagar todas estas ligeirezas.

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